Ingestão de sódio e potássio e o risco cardiovascular na terceira idade

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46 | Especialidades Médicas

Ingestão de sódio e potássio e o risco cardiovascular na terceira idade Carla Gonçalves Diretora da Licenciatura em Ciências da Nutrição, Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, Nutricionista Especialista em Nutrição Comunitária e Saúde Pública.

lidade cardiovascular e a incidência de insuficiência cardíaca [2]. A Sociedade Europeia de Cardiologia recomenda para pessoas com idades entre 65 e 79 anos (idosos) e acima de 80 anos (muito idosos) uma meta de pressão arterial sistólica inferior a 130-139 e de pressão arterial diastólica inferior a 70-79 mmHg [3]. A alimentação não saudável desempenha um papel fundamental na etiologia das DCV e da HTA. A elevada ingestão de sódio (ou sal) e a baixa ingestão de potássio estão associadas ao aumento do risco de DCV, principalmente devido ao seu impacto na pressão arterial. Neste sentido, a Organização Mundial da Saúde recomenda fortemente uma redução para <2.000 mg/dia a ingestão de sódio (5 g/dia de sal) [4], e um aumento na ingestão de potássio de pelo menos 3.510 mg/dia para reduzir a pressão arterial e o risco de DCV em adultos [5], particularmente naqueles que já têm hipertensão. Alguns trabalhos de investigação mais recentes sugerem que mais importante que controlar a ingestão de sódio ou potássio isoladamente é avaliar a ingestão do rácio de sódio para potássio (idealmente de 1:1) considerado como um melhor indicador do risco cardiovascular.

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A

s sociedades atuais vivenciam um grande desafio para os seus sistemas de saúde, com custos de saúde crescentes e potencialmente insustentáveis principalmente devido ao aumento da prevalência de estilos de vida pouco saudáveis, doenças crónicas e um envelhecimento crescente da população que requer cuidados mais diversificados e maiores necessidades de apoio social. É esperado que o número de pessoas idosas (> 60 anos) no mundo duplique até 2050, sendo assim essencial que os países desenvolvam e implementem políticas para enfrentar o envelhecimento da população com uma alta carga de condições crónicas, incluindo as doenças cardiovasculares (DCV). As DCV consistem num grupo de doenças cardíacas e dos vasos sanguíneos que incluem doença coronária (por exemplo, ataque cardíaco), doença cerebrovascular (por exemplo, acidente vascular cerebral) e doenças da aorta e artérias, incluindo hipertensão e doença vascular periférica. Em pessoas mais velhas, as DCV impõem uma enorme carga em termos de mortalidade, morbidade, incapacidade, declínio funcional e custos de saúde. A hipertensão arterial (HTA) é um fator de risco modificável muito relacionado com a morte e incapacidade por DCV e também com o declínio cognitivo e perda de autonomia mais tarde na vida [1]. A prevalência e a gravidade da HTA aumentam com a idade, e o tratamento de indivíduos saudáveis com 75 anos ou mais com HTA moderada a grave reduz acidentes vasculares cerebrais não fatais, morbidade e morta-

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