Cuidados paliativos em tempo de pandemia

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Dossier sobre cuidados paliativos | 29

Cuidados paliativos em tempo de pandemia Zaida Azeredo1, Assunção Nogueira2 e Marta Ferreira3 Médica de Clínica Geral/ Medicina Familiar no Porto, Mestre em Gerontologia Social Aplicada pela Universidade de

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Barcelona e Doutorada em Saúde Comunitária pelo ICBAS. Membro integrado da RECI / IPiaget Viseu. 2

Enfermeira, Doutorada, Professora Adjunta Principal da ESS do Vale do Sousa (CESPU), Investigadora na unidade de investigação IINFACTS, CESPU. Aluna de Enfermagem da ESS Jean Piaget-Viseu.

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om a evolução das diferentes Ciências, caracterizada por inúmeras descobertas nomeadamente na área da saúde, bem como a melhoria das condições socioeconómicas, as doenças transmissíveis vão cedendo lugar às doenças não transmissíveis que levantam novas questões nas várias dimensões do ser humano, sobretudo pelos novos padrões de doença existentes nas comunidades. Fatores como o envelhecimento demográfico e uma grande longevidade, condicionam o aumento na prevalência de doenças crónico- degenerativas e de uma grande co-morbilidade associada a estas, que conduzem a um sofrimentos humano, sem contudo, na maior parte dos casos, lhe proporcionar uma cura. A exigência de os serviços de saúde acompanharem mudanças na comunidade cada vez mais complexas, de forma a não ficarem obsoletos e incapazes de responder às necessidades sentidas e não sentidas de uma população, obrigou à existência de equipas multidisciplinares e transdisciplinares e ao envolvimento da própria população no cuidar. A função destas equipas é curar o que é curá-

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vel, mas também aliviar sofrimento e fazer com que em situações terminais haja uma morte digna. Ao cumprirem estes objetivos estão a contribuir para melhorar a qualidade de vida do doente e dos respetivos cuidadores. Nessa sequência, surge já no seculo XX o conceito de cuidados paliativos que na prática já há muito se vinha a esboçar. É assim, que surge em 1990 a primeira definição da OMS de cuidados paliativos: “cuidados ativos e totais para pacientes cuja doença não responde a tratamentos que levem à cura”. Com o evoluir das doenças crónico-degenerativas e de suas co morbilidades e consequente aumento de incapacidades, sobretudo à custa dos grandes idosos, a OMS reformulou em 2002 o anterior conceito, passando a definir cuidados paliativos como cuidados que visam melhorar a qualidade de vida dos doentes e sua família que enfrentam problemas decorrentes de uma doença incurável e/ou grave e com prognóstico de vida limitado, através da prevenção e alivio do sofrimento com recurso à identificação precoce e tratamento rigoroso dos problemas não só físicos, mas também psicológicos sociais e espirituais. Desta forma envolve o ser humano como um todo, nas quatro dimensões que o compõem tão importantes para a saúde e bem-estar de


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