10 | Espaço Associação Brasileira de Gerontologia
Cuidados paliativos
Uma união de amor e técnica
Renata Vietas Baptista Bacharel em Gerontologia pela EACH/USP. Foi Assistente da Diretoria Financeira e Assistente da Presidência da ABG 2018/2020. Auxilia no acompanhamento do Projeto de Lei pela regulamentação da profissão de gerontólogo
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A
minha aproximação com os cuidados paliativos se deu ainda na graduação em Gerontologia pela Universidade de SP, já que o curso de Gerontologia nos permite uma grande possibilidade de atuações, visto que é uma área multidisciplinar onde estudamos o processo de envelhecimento em todas as suas vertentes e incluso o envelhecimento com patologias que podem levar as pessoas a necessitar de cuidados paliativos. Com essa perspectiva, abracei a oportunidade ao receber o convite para ingressar na Liga de cuidados paliativos da Faculdade de Medicina da mesma universidade e a tornar o envelhecimento, também no âmbito dos paliativos uma fase com menos perdas, ou ao menos que estas perdas sejam mais atenuadas. Perdas, sabemos, há em todas as outras fases. Afinal o adulto não tem os desafios de provas escolares, ou de interação, e, muitas vezes de rejeição, dos colegas de sala de aula que o adolescente tem e este, por sua vez, não tem que andar de mãos dadas na rua com um adulto como na infância. Moral da história: em todas as fases há aspectos positivos e negativos. E isto é algo que amo na Gerontologia, aprendemos a ver e valorizar os aspectos positivos da vida independente da fase. cuidados paliativos traz esta mesma leitura da vida. E, em ambas as disciplinas é o paciente o ator principal, a escuta acolhedora e ativa é imprescindível tanto ao Gerontólogo quanto ao profissional que faz parte da equipe de cuidados paliativos. O exercício contínuo de respeito ao outro é o aspeto convergente em ambos os estudos.
O que compõe cuidados paliativos? Segundo a World Health Organization (WHO), em conceito definido em 1990 e atualizado em 2002, “cuidados paliativos consistem na assistência promovida por uma equipe multidisciplinar, que objetiva a melhoria da qualidade de vida do paciente e seus
familiares, diante de uma doença que ameace a vida, por meio da prevenção e alívio do sofrimento, identificação precoce, avaliação impecável e tratamento de dor e demais sintomas físicos, sociais, psicológicos e espirituais” (WHO, 2020). Dentre tantas facetas do paciente, a queixa de dor é o aspecto inicial, para então, a equipe busca a história não só da patologia, mas do paciente e seus familiares, incluindo seus sonhos, medos e anseios.
“Isolamento mesmo ocorre nos setores de UTI onde não podemos ver quem amamos, já o distanciamento nos permite interagir via internet com todo o planeta, e isto é maravilhoso!”
Para quem é cuidados paliativos? Há uma compreensão incorreta quando se pensa que a equipe de cuidados paliativos só é indicada quando os pacientes estão em processo de fim de vida. Como podemos observar na imagem, cuidados paliativos podem ser indicados desde a avaliação de risco de doenças.