Américo Costa Engenheiro Mecânico - FEUP Departamento de Formação do CENFIM
forma direta toda a sequência de fabrico e de montagem têm que definitivamente conter toda a informação necessária ao seu fabrico e montagem e não, erradamente, ficar à espera que os profissionais do fabrico da montagem consigam deduzir informação que não está presente nestes documentos. Não podemos continuar a criar desenhos em que a informação é muito deficiente e errónea e depois ficar à espera que outros colaboradores da empresa sejam capazes de deduzir a informação em falta.
Quando dizemos que os nossos profissionais do chão de fábrica não sabem ler desenho, no fundo o que estamos a querer dizer é que desejávamos que esses profissionais fossem capazes de deduzir informação que não está presente, ou está de forma insuficiente ou errada.
robótica
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Mesa Redonda sobre a Robótica e a Fábrica do Futuro
Desenho mecânico – Novos profissionais e competências procuram-se
INTRODUÇÃO O desenho de fabrico e de montagem, no setor metalomecânico mecânico, ficou muito aquém no desenvolvimento que se exigia nos últimos anos. O uso das novas ferramentas de CAD 3D, e a comunicação digital direta com os múltiplos equipamentos de fabrico e de controlo geométrico e dimensional que foram aparecendo exige, e vai exigir de forma mais premente no futuro, novos profissionais, com novas competências para que estes departamentos de conceção, projeto e fabrico das empresas possam atingir novos desideratos. O almejado aumento de produtividade da empresa de setor vai obrigar a olhar de frente para esta nova realidade. Novos profissionais precisam-se para estas áreas, com novas competências e com uma formação que lhes permitam navegar de forma autónoma e qualificada entre o desenho, projeto, fabrico e o controlo dimensional. Estas áreas não podem continuar a ser servidas por colaboradores com tarefas bem definidas e estanques, limitadas a determinadas áreas bem definidas.
DESENVOLVIMENTO Um dos mitos que prolifera comummente no setor da Metalomecânica, é que os nossos profissionais do fabrico e de montagem não sabem ler desenho técnico de fabrico de montagem, e nada pode estar mais errado. Os problemas de leitura e de interpretação dos desenhos não podem, nesta nova realidade, ser assacado a estes profissionais, mas sim aos departamentos que os geram nas empresas. Os desenhos que se elaboram todos os dias, e que deveriam representar de uma
UM EXEMPLO DE UM BOM DESENHO DE FABRICO OU DE MONTAGEM Um exemplo de um bom desenho de montagem pode ser o seguinte: para quem já comprou um daqueles móveis do IKEA para montar em casa, apercebe-se que o desenho de montagem que o vem acompanhar e suficientemente claro e elucidativo para qualquer pessoa, mesmo sem conhecimentos de desenho seja capaz de o fazer. E porquê? Porque estes desenhos não são meras “fotos” do produto final obter, mas autênticas “histórias” da sua montagem. E, é para este tipo de desenhos que temos que evoluir, desenhos que sejam tão detalhados na sua informação que qualquer profissional possa interpretá-los sem o mínimo de dificuldade. Não imagino o IKEA queixar-se que os seus clientes não sabem ler desenho. Quando dizemos que os nossos profissionais do chão de fábrica não sabem ler desenho, no fundo o que estamos a querer dizer é que desejávamos que esses profissionais fossem capazes de deduzir informação que não está presente, ou está de forma insuficiente ou errada. Os desenhos de fabrico e de montagem das nossas empresas estão, normalmente, definidos de forma deficiente e muitas vezes com componentes definidos com formas geométricas que não são exequíveis, por limitação dos processos de fabrico. E quando isto acontece, os diferentes profissionais passam a executar um conjunto de tarefas desligadas do desenho e projeto original, seguindo sobretudo a sua própria intuição. Para avaliar o que estamos a explanar poderemos fazer o teste seguinte em muitas empresas, sobretudo naquelas que projetam