a formação em tempos de pandemia

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dossier sobre instalações elétricas e domótica

a formação em tempos de pandemia

Josué Morais IXUS – Formação e Consultadoria, Lda.

O ENSINO E A VIA PROFISSIONALIZANTE Num contexto de mudança constante a formação académica é fun­ damental para início na maioria das profissões atuais, embora exista um lote alargado de profissões cuja preparação se pode realizar em contexto de trabalho sem pré-preparação académica ou profissional. O sistema de ensino português visa assegurar o cumprimento da escolaridade obrigatória, bem como o encaminhamento dos alunos do ensino secundário para a formação superior, se for essa a sua vonta­ de, dentro das regras definidas para tal. O sistema educativo português está dividido em diferentes níveis de ensino. Tem início na Educação Pré-escolar, com um ciclo de fre­ quência opcional dos 3 aos 6 anos de idade. Continua com o Ensino Básico, que compreende três ciclos sequenciais: • 1.º ciclo de 4 anos (idade esperada de frequência, dos 6 aos 10 anos de idade); • 2.º ciclo de 2 anos (idade esperada de frequência, dos 10 anos aos 12 anos de idade), correspondendo ao CITE 1; • 3.º ciclo com uma duração de 3 anos (idade esperada de frequên­ cia, dos 12 anos aos 15 anos de idade), correspondendo ao CITE 2. Segue-se o Ensino Secundário, que corresponde a um ciclo de três anos, (normalmente entre os 15 e 18 anos), correspondendo ao CITE 3, que inclui os cursos seguintes: • Cursos científico-humanísticos; • Cursos profissionais; • Cursos artísticos especializados; • Cursos com planos próprios (Cursos científico-tecnológicos); • Cursos de ensino e formação de jovens. O CITE 4 corresponde ao ensino pós-secundário não superior, en­ quanto o CITE 5 corresponde a programa de Ensino Superior de curta duração. O Ensino Superior está estruturado de acordo com os princípios de Bolonha e é direcionado aos alunos que completaram com sucesso o Ensino Secundário ou que possuem uma qualificação legalmente equivalente. O CITE 6 compreende os programas de Licenciatura (ou equivalen­ tes) e o CITE 7 os programas de Mestrado (ou equivalente). Por último, o CITE 8 compreende os programas de Doutoramento (ou equivalente). Com o acordo de Bolonha, a formação académica não só se ajustou no sentido de convergir para a uniformização e a aceitação em toda a União Europeia, mas também consigna a necessidade de atualização constante pelo facto de vivermos tempos em que a rápida caducidade de conceitos, técnicas, tecnologias e metodologias, entre outros fatores, que carecem de atualização quase constante. O ensino académico é hoje mais generalista, com muito mais horas de trabalhos por parte dos alunos na pesquisa, compilação e síntese, o que lhes conferem uma maior preparação para uma futu­ ra adaptação à adversidade em contexto de trabalho. Mais do que a preparação para uma profissão de regras e técnicas estáticas no tem­ po como antes acontecia, a preparação académica prevê antes uma deixamos de ter uma formação dirigida a uma profissão para a vida, conceito redutor de antigamente, tendo agora um conceito de visão muito mais alargada que permite aos jovens de hoje a preparação para um maior leque de possibilidades futuras. Acresce referir que as pro­ fissões de hoje podem já não ser necessárias amanhã ou ter de ser totalmente direcionadas para novas realidades. Também vivemos um www.oelectricista.pt o electricista 75

tempo em que não sabemos quais as tarefas ou profissões de ama­ nhã, o que trás incerteza ao nível do planeamento tanto do ensino aca­ démico como profissional.

FORMAÇÃO AO LONGO DA VIDA O acordo de Bolonha prevê a formação ao longo da vida como meio de atualização e de adaptação aos diversos contextos que as diversas profissões, as atuais e as que hão-de aparecer, reenquadrando cons­ tantemente os profissionais ao habitat de trabalho. Em qualquer circunstância, a formação profissional ao longo da vida é hoje uma inevitabilidade e a sua adequação pedagógica e técnica tem de acompanhar a evolução e adaptar-se constantemente às necessi­ dades do mercado de trabalho. É o complemento essencial a todas as profissões atuais, conferido os trabalhadores a atualização, a melhoria e o enquadramento com novas tarefas, novas tecnologias, novas diretri­ zes que vão sendo carreadas para os diversos contextos profissionais. Desde os anos 70 (1975), quando acabaram os cursos de índole técnica (Eletricidade, Mecânica, Contabilidade, entre outros) o Ensino Secundário perdeu a sua característica profissionalizante, passando a existir uma via unificada. Com essa mudança, percebeu-se mais tarde a necessidade de formar quadros técnicos que começaram a escas­ sear no mercado e que ainda hoje se faz sentir. A formação profissio­ nal foi a solução para colmatar a formação profissionalizante que o mercado de trabalho carece. A oferta existente no mercado integra diversos cursos, ministrados por várias entidades, tais como as de ensino Superior (exemplo dos CTeSP), os Centros de Formação do IEFP, as Entidades formadoras cor­ porativas ligadas aos vários organismos e associações profissionais, as entidades formadoras, entre outras. Cabe a estas entidades dar res­ posta às mais variadas necessidades de formação profissional, muito importantes na atualização, na reciclagem e reconversão de classes trabalhadoras. Temos um sistema regulatório das entidades formado­ ras que vai funcionando bem, através da DGERT, e o acesso geografica­ mente diversificado tem respondido minimamente às exigências. Portugal tem conseguido colmatar necessidades com a formação profissional, dando inclusivamente resposta a desafios diversos que a acelerada evolução tecnológica lhe coloca. Os quadros comunitários de apoio têm sido fonte importante no esforço financeiro que a res­ posta formativa acarreta.

TEMPOS DE PANDEMIA, TEMPOS DE MUDANÇA Atualmente vivemos um período conturbado, que trouxe um enorme conjunto de desafios, provocando uma verdadeira hecatombe no teci­ do empresarial português.


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