Ano 2 • Número 80
R$ 2,00 São Paulo • De 9 a 15 de setembro de 2004
Excluídos gritam por mudanças no país rupos de luta por moradia, indígenas, sem-terra, mulheres, moradores de rua, pastorais sociais e centrais sindicais uniram suas vozes em um único refrão, “Brasil: mudança pra valer, o povo faz acontecer”, na 10ª edição do Grito dos Excluídos, que promoveu manifestações em todo o país, dia 7. O tema pretende fazer a população compreender que os políticos são os únicos que podem resolver os problemas e que as transformações só acontecem com “pressão de baixo para cima”. Ari Alberti, da coordenação do Grito, disse que o povo “deve continuar gritando e tem que ficar mais nervoso que o mercado”, referindo-se a alegações do governo de que não faz mudanças sociais pois o mercado ficaria “nervoso”. Os organizadores do Grito planejam, para 12 de outubro, o Grito da América Latina. Pág. 3
Jaqueline Maia/Diário de Pernambuco/AE
Observador traça mapa da violação em MT
Alexander Zemlianichenko/AE
Cerca de 1,8 milhão de pessoas protestam, em 2 mil localidades do Brasil, contra a política excludente do governo
G
Em Recife, representantes de movimentos sociais e de sindicatos participam da 10ª edição do Grito dos Excluídos em defesa de mudanças no país
Na Colômbia, plano para matar ativistas sociais O assassinato de líderes da oposição continua sendo a saída número um do presidente colombiano Alvaro Uribe para impedir qualquer mudança social e política no país. Criado pelas Forças Armadas, o Plano
O desrespeito aos direitos humanos das populações rurais, indígenas e quilombolas foi denunciado em relatório do observador internacional Jean Pierre Leroy, que se declarou “chocado” com a situação no Estado do Mato Grosso. Depois de percorrer mais de 3 mil quilômetros na região, em agosto, Leroy também considerou “desastrosas” as conseqüências ambientais e sociais do agronegócio. Pág. 8
Camponeses coreanos recordam mártir da terra
Mal a economia reage, governo quer subir juros Em nome de uma possível alta da inflação em 2005, a equipe econômica jogou um balde de água fria na animação com os resultados da atividade econômica no primeiro semestre. Afinal, mesmo sem distribuição de renda ou geração dos empregos necessários para absorver a massa de trabalhadores que chega ao mercado, o Produto Interno Bruto aumentou bastante no segundo trimestre de 2004. E, em vez de apenas o agronegócio e as exportações azeitarem a economia, outros setores ligados ao mercado interno começaram a engrenar. Pág. 5
Sem-terra do RS conquistam assentamento Pág. 4
Banco Mundial libera verba e estabelece metas Pág. 7
Na Bolívia, luta em defesa do petróleo e do gás Pág. 9
Dragão pretendia matar 85 expoentes políticos de esquerda, sindicalistas, ativistas dos direitos humanos e jornalistas. Entre 1986 e 2002, foram mortos 4 mil sindicalistas. Pág. 9
Terrorismo de Estado – Alexandera Smirnova, avó de Inna Kasumova, segura foto de sua neta durante o seu funeral em Beslan, na Ossétia do Norte, Rússia
Mais uma vez, Argentina resiste a pressão do FMI Fracassou a visita do diretorgeral do Fundo Monetário Internacional (FMI), Rodrigo Rato, à Argentina, dia 31 de agosto – quando milhares protestaram, nas ruas de Buenos Aires, contra o pagamento da dívida externa.
O presidente Néstor Kirchner disse que o aumento do superávit “não é negociável” e se manteve firme em sua decisão de pagar apenas 25% do que exigem os credores privados. Pág. 10
Dia 10, milhares de agricultores da Coréia do Sul celebram o primeiro aniversário da morte do camponês Lee Kyung Hae com protestos em mais de cem cidades. Lee se suicidou durante a Quinta Reunião Ministerial da
Organização Mundial do Comércio, em Cancún (México). A Via Campesina, que reúne organizações camponesas de mais de 60 países, declarou 10 de setembro o Dia das Lutas Camponesas. Pág. 11
Categoria se mobiliza e Incra ganha fôlego
Novo Provão já começa a receber críticas
O Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) deve contratar 4,5 mil funcionários. Em entrevista ao Brasil de Fato, José Parente, diretor da Confederação de Servidores do Incra, atribui a conquista à mobilização da categoria. Pág. 7
O MEC iniciou o novo sistema de avaliação do ensino superior. As instituições serão avaliadas por comissões internas e externas, além da prova dos estudantes. Para representantes do movimento estudantil, problemas do antigo Provão continuam. Pág. 6
Festival de cultura agita favela paulista A princípio, a idéia era embelezar o Jardim São Luiz, em São Paulo. Mas daí surgiu um programa que vai capacitar jovens não só para transformar o espaço físico, mas para promover eventos culturais na periferia. Para inaugurar o projeto, o 1º Favela Cultural teve cinema, teatro, oficinas de grafite e espetáculos musicais. Pág. 16
E mais: GOLPE NA ÁFRICA – Mark Thatcher, filho da ex-primeiraministra britânica Margaret Thatcher, está preso na África do Sul, acusado de financiar tentativa de golpe na Guiné Equatorial. Ele queria derrubar o presidente Teodoro Obiang e colocar em seu lugar Severo Moto, alinhado com os interesses de exploração das reservas de petróleo e diamantes. Pág. 12 OMC – Para Walden Bello e Aileen Kwa, do Bangkok-based Focus on the Global South, quem ganha com as novas resoluções da Organização Mundial do Comércio são os Estados Unidos. Brasil e Índia perdem. Pág. 14