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Ano 2 • Número 78

R$ 2,00 São Paulo • De 26 de agosto a 1º de setembro de 2004

Terror contra moradores de rua em SP

Vigília no Centro de São Paulo lembra assassinato em série de moradores de rua, ocorrido durante as madrugadas dos dias 19 e 22 de agosto

Projeto agrada fazendeiros e pune sociedade

E o petróleo escorre entre nossos dedos

Pode se preparar: o projeto de Lei de Biossegurança vem à galope. Roberto Rodrigues, ministro da Agricultura, está pressionando o Legislativo para aprová-lo antes de outubro, quando começa o plantio da safra. A proposta, de interesse dos grandes fazendeiros, pretende liberar o uso de sementes transgênicas, sem estudo de impacto ambiental, e prevê anistiar quem as cultivou antes da legalização. De outro lado, a sociedade se responsabilizaria pelos encargos de pesquisa e fiscalização. Pág. 13

Não é fácil entender por que o governo realizou uma 6ª rodada de leilões de bacias petrolíferas. Os recursos arrecadados são baixos e a maior parte deles vai para o pagamento dos juros da dívida. Além disso, as licitações das reservas não têm trazido mais investimentos estrangeiros ao país, e mesmo as petrolíferas internacionais investem menos do que a Petrobras. Pior, não há dúvida de que o petróleo que vão extrair será exportado, comprometendo a auto-suficiência nacional, e a soberania do país. Págs. 2 e 4

Brasil apóia diálogo com Cuba Celso Amorim, ministro de Relações Exteriores, defendeu aproximação do Grupo do Rio com Cuba. “Devemos incluir Cuba dentro dessa grande fa-

mília latino-americana”, declarou Amorim na reunião dos chanceleres, dia 19 de agosto. A proposta foi criticada por países alinhados com os EUA, como o

Shakil Adil/AP/AE

O

assassinato em série dos moradores de rua na cidade de São Paulo mostra como a sociedade brasileira se relaciona com os pobres. Se não for confirmado que o crime foi cometido por grupo nazifascista, pode-se dizer que é uma atitude de fascismo primitivo, o que não seria novidade, analisa Roberto Romano, professor da Universidade Estadual de Campinas. Fascismo este que também se manifestou no massacre da Candelária, no Rio de Janeiro, no assassinato do índio Pataxó, em Brasília, ou de trabalhadores sem-terra. Além de o Brasil ter os piores índices sociais do planeta, agora há o aumento da violência física, com anuência da elite. “Existe uma ética insuportável na sociedade brasileira que precisa mudar com muita urgência. Há uma prática de guerra genocida contra os pobres”, constata Romano. Para Hédio Silva Júnior, da OAB, se os crimes foram cometidos por grupo organizado, esses atos indicam uma cultura de violência imensurável. Pág. 3

Alderon Costa/ Rede Rua

Assassinatos na capital paulista revelam guerra genocida contra os pobres, com anuência das elites e omissão do Estado

Modelo atual empobrece quem vive do trabalho sustentada. A matriz é a do enfraquecimento do mercado e de empobrecimento dos que vivem do trabalho, diz, em entrevista ao Brasil de Fato, o economista Dercio Munhoz, da Universidade de Brasília (UnB). Pág. 8

Recuperação da economia repõe perdas de 2003

Varig persegue funcionários e sindicalistas Pág. 4

No primeiro semestre, a atividade econômica deu sinais de vitalidade A produção industrial foi puxada pela demanda por automóveis e celulares, e pelas exportações. O emprego avançou, pouco, e as vendas do comércio cresceram, alimentadas pelo crédito. Os acordos salariais foram melhores do que em 2003. Pág. 7

Desempregados ocupam terras no Rio de Janeiro Pág. 5

Suruí querem preservar a sua cultura Pág. 16

Invasão do Iraque – 5 mil muçulmanos xiitas paquistaneses protestam contra os EUA em Karachi, Paquistão. Eles exigem a retirada das forças invasoras Maringoni

A economia brasileira pode estar atravessando um ciclo de crescimento de fôlego curto. Mas, como foi mantido o modelo da gestão do governo Fernando Henrique Cardoso, não há fatos novos que justifiquem previsões de uma retomada

México, e ficou fora da pauta do próximo encontro por não atingir consenso. Quem resistiu, prometeu refletir sobre o assunto. Pág. 11

Pacifista reforça luta contra muro Cidadão estadunidense morando em Israel há oito anos, Bryan Atinsky, integrante da organização palestina-israelense Centro Alternativo de Mídia, é reprimido pela polícia israelense por suas atividades em defesa da paz no Oriente Médio. Em entrevista exclusiva ao Brasil de Fato, ele defende a criação, a longo prazo, de um Estado binacional. “Palestinos e israelenses são dois povos semitas, com raízes culturais comuns”, afirma. Para melhorar a convivência na região, Atinsky considera tarefa imediata a remoção dos assentamentos judaicos nos territórios ocupados e do muro que está sendo construído por ordem do primeiro-ministro Ariel Sharon. Pág. 10

E mais: MÃOS À OBRA – Após a vitória no referendo, presidente Hugo Chávez tem o desafio de fazer uma reforma econômica para criar empregos e cuidar da saúde, educação e moradia da população. Pág. 11 BRASIL-ÁFRICA – Convênio de cooperação prevê transferência de tecnologia de combate à Aids e doação de coquetéis a alguns países, como a Nigéria e Moçambique. Pág. 12 DIREITOS – ONGs e movimentos sociais da Amazônia pedem ao governo federal para apurar assassinatos, ameaças de morte e crimes praticados contra a população ribeirinha e povos indígenas. Pág. 6


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