Ano 2 • Número 69
R$ 2,00 São Paulo • De 24 a 30 de junho de 2004
Canavieiros explorados até a morte Cristobal Herrera/AP/AE
Usinas exigem aumento de produtividade e cortadores de cana de São Paulo adoecem e morrem de tanto trabalhar
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rabalhadores do corte de cana no Estado de São Paulo estão morrendo de tanto trabalhar. Para não perder os empregos nas usinas de açúcar, os canavieiros dobraram a produção em 20 anos e chegam a cortar até 12 toneladas de cana por dia. Eles se dizem vítimas da “birola” – cãibras, tontura, dor de cabeça, vômitos e convulsões –, principalmente no final da safra. Em maio, três jovens sem antecedentes de doenças faleceram durante o trabalho. Para atingir as metas impostas pelas empresas, os trabalhadores temporários tomam injeções e um componente à base de glicose, sem receita médica. Pág. 8
União Européia barra a canola da Monsanto Em Havana, milhares saíram às ruas no dia 21 contra o aumento das hostilidades que a ilha vem sofrendo por parte governo estadunidense
Duzentos mil cubanos repudiaram, dia 21, acusações do governo dos Estados Unidos de que Cuba promove tráfico de pessoas e estimula o turismo
Castro, em carta pública a George W. Bush. O presidente cubano denunciou planos de intervenção militar na ilha. Pág. 9
Cerca de 7 mil pessoas participaram da festa comemorativa dos 20 anos do Movimento Sem Terra, em Itapeva (SP)
Bové critica ONU por aceitar o neoliberalismo
Operários vão a Brasília exigir resposta
Em entrevista ao Brasil de Fato, o ativista francês José Bové criticou a Organização das Nações Unidas (ONU) que, segundo ele, não se posiciona contra o neoliberalismo. Bové entregou ao secretário-geral da instituição, Koffi Annan, dia 13, uma proposta para mudar as políticas do comércio internacional. Pág. 10
Trabalhadores que assumiram o controle de suas fábricas quando estavam em processo de falência chegaram a Brasília (DF), dia 22, em busca da regularização de sua situação. Apesar de estarem produzindo e recebendo normalmente, esses operários sofrem com leilões de máquinas e prisões de dirigentes. Pág. 3
O passeio dos dólares dos brasileiros ricos Em 2003, brasileiros ricos tinham aplicados no exterior mais de 82 bilhões de dólares, segundo o Banco Central. Paralelamente, no mesmo ano, o ingresso dos investimentos estrangeiros diretos (que vão para a produção) no país diminuiu 39% . Nem por isso, o governo brasileiro aceita
sexual. “O senhor deveria saber que nos Estados Unidos morre uma proporção maior de crianças no primeiro ano de vida do que em Cuba”, respondeu Fidel
Francisco Rojas
Em festa que reuniu 7 mil pessoas para comemorar os 20 anos do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), dia 20, dois ministros de Estado garantiram o início da implantação do Plano Nacional de Reforma Agrária ainda este ano. Em carta ao movimento, escrita de próprio punho, o presidente Lula afirmou: “Já liberamos os recursos que permitirão o assentamento de qualidade, este ano, de 115 mil famílias”. Dia 15, no Rio Grande do Sul, cansados de esperar por novos assentamentos, sem-terra de quatro municípios iniciaram um jejum do qual participam também trabalhadores urbanos. Dia 21, após serem despejadas das margens da BR-386, 500 famílias começaram a marchar rumo a Porto Alegre. Págs. 3 e 4
Cubanos refutam acusações dos EUA
controlar o fluxo de capitais especulativos, que vem e vão do país atraídos pelos juros, cujo nível faz a festa dos 80 mil milionários nativos que, só em 2003, jogaram 1,75 trilhão de dólares no mercado financeiro, 3,5 vezes o valor do PIB do país. Pág. 7
Piqueteiros querem mais de Kirchner
Pág. 10
Maringoni
Ministros fazem promessas e sem-terra jejuam
Filme mostra face perversa da Justiça
Pág. 16
Com os votos dos novos Estados-membros, a União Européia rejeitou a canola transgênica da Monsanto. Para Geert Ritsema, da organização Amigos da Terra/Europa, a votação demonstra que “os EUA não podem contar com os novos integrantes para promover suas políticas de alimentos manipulados geneticamente”. Pág. 12
Via Campesina lança agenda de lutas mundiais Camponeses de 76 países reunidos em Itaici (SP), de 14 a 19, definiram uma plataforma de mobilizações contra o neoliberalismo e as políticas das instituições financeiras internacionais. A principal deve ocorrer em 10 de setembro, dia internacional da luta contra a Organização Mundial do Comércio (OMC). Para a data, dirigentes sul-coreanos esperam reunir um milhão de pessoas nas ruas de Seul. Págs. 2 e 12
E mais: ÁFRICA – No Zimbábue, o governo está tomando terras de fazendeiros brancos e distribuindo entre pequenos e médios produtores negros. O zimbabuano Rob Sacco conta as transformações pelas quais o seu país atravessa. Pág. 13 DEBATE – José Arbex Jr. e Sérgio Murillo de Andrade, candidatos à Federação Nacional dos Jornalistas, discutem o programa de ajuda financeira do BNDES aos grandes grupos de comunicação. Pág. 14 MEMÓRIA – Dia 21, morreu Leonel de Moura Brizola, controverso político gaúcho, ex-governador do Rio Grande do Sul e do Rio de Janeiro e fundador do PDT. Pág. 15