Ano 2 • Número 68
R$ 2,00 São Paulo • De 17 a 23 de junho de 2004
Livre comércio aumenta a pobreza
China rejeita soja de mais 15 empresas Maior importadora de soja do mundo, a China cortou as compras de mais 15 empresas brasileiras, por ter encontrado agroquímicos como o fungicida carboxim. Para José Hoffmann, ex-secretário de Agricultura do Rio Grande do Sul, o episódio tem relação com o plantio ilegal de soja transgênica. Pág. 5
Criar um novo partido é a solução? Não, diz Valter Pomar, do PT, para quem o Partido do Socialismo e da Liberdade (PSOL) será uma oposição destrutiva ao governo Lula. Sim, dizem Mário Maestri e Gilberto Calil, do PSOL, partido comprometido com os trabalhadores, cujos direitos históricos vem sendo atacados pelo governo petista. Pág. 14
Em Itaici (SP), 400 agricultores de 68 países de todos os continentes participam da IV Conferência Internacional da Via Campesina, realizada de 14 a 19 de junho. Eles se impõem o desafio de definir estratégias
internacionais para “acabar com o neoliberalismo antes que este acabe com o planeta”. O líder hondurenho Rafael Alegria fala sobre a necessidade de mobilização popular. Pág. 12
Modelo econômico brasileiro está falido Os últimos dados sobre o desempenho da economia brasileira mostram que o elevador parou de despencar, uma vez que a comparação é com o primeiro trimestre de 2003, quando os indicadores foram péssimos,
diz o economista Carlos Eduardo Frickmann Young, da UFRJ. Para os analistas da consultoria Global Invest, o modelo econômico adotado há mais de uma década está esgotado. Pág. 7
Victor Soares/ABR
O trabalho escravo está se tornando comum nos canaviais da região de Piracicaba (SP). Segundo a subdelegacia do Trabalho na região, pelo menos uma vez por mês é descoberto um caso de exploração, como o que envolveu 51 alagoanos que, dia 8, recusaram o pagamento de apenas R$ 30 a R$ 90 por 41 dias trabalhados, além de supostas dívidas em supermercado. Atraídos pela falsa promessa de salários de até R$ 1 mil, cerca de 200 mil bóias-frias migram todos os anos para trabalhar no corte de cana em São Paulo, Estado que concentra 120 das maiores usinas do país. “Quanto mais a riqueza se concentra do lado dos usineiros, mais a exploração fica do lado dos trabalhadores”, afirma a socióloga Maria Aparecida Morais Silva, da Unesp de Araraquara. Pág. 8
Via Campesina em luta contra o neoliberalismo
Agricultores e sem-terra de mais de 60 países discutem rumos da globalização
Acampados festejam posse em Pernambuco
Pág. 5
Venezuela terá referendo ilegal, diz historiador
Pág. 11
FMI condiciona acordo à cessão de gás na Bolívia
Pág. 11
Festa junina revela alma do povo brasileiro
Pág. 16
Estudantes negros realizam ato em defesa de cotas nas universidades, em Brasília
Outra reforma preocupa No meio de pressões, o governo começa a definir o formato da reforma universitária. Tarso Genro, ministro da Educação, divulgou suas propostas: ciclo básico de dois anos, eleições diMarcio Baraldi
Canavieiros são escravizados em São Paulo
Manifestantes protestam, em São Paulo, contra plano neoliberal defendido pela Conferência das Nações Unidas para o Comércio e o Desenvolvimento (Unctad)
João Roberto Ripper
A
participação de movimentos sociais e ONGs, reunidos no Fórum da Sociedade Civil, foi a principal novidade da XI Reunião da Conferência das Nações Unidas para o Comércio e o Desenvolvimento (Unctad), realizada em São Paulo. As entidades negam que a pobreza e a fome possam ser enfrentadas sem a resolução do endividamento externo, e consideram que os países pobres não terão liberdade para crescer se não controlarem o fluxo de capitais financeiros. Os presidentes Hugo Chávez, da Venezuela, e Fidel Castro, de Cuba, não compareceram. Em carta, Castro lembra que a Unctad foi criada para que o comércio internacional servisse às aspirações do progresso. “O comércio internacional não tem sido instrumento para o desenvolvimento dos países pobres”. Págs. 2, 9 e 10
Anderson Barbosa
Na Unctad, Fórum da Sociedade Civil nega que aumento do comércio internacional impulsione o desenvolvimento
retas para reitor e reserva de cotas para alunos de escolas públicas. O financiamento ainda está completamente indefinido e preocupa professores e estudantes. Pág. 4
E mais: CORRIDA ÀS APOSENTADORIAS – Esse é o recurso dos servidores civis da União para se defender da reforma do regime previdenciário do setor público. No ano passado, 17.453 deles se aposentaram, o maior número desde 1998, e um salto de 134% em relação a 2002. Pág. 6 FÓRUM SOCIAL MUNDIAL 2005 – Com proposta de unir as lutas populares contra o neoliberalismo e a militarização, foi lançado, dia 14, em São Paulo (SP), o V Fórum Social Mundial. O evento quer mostrar que não sabe “só falar” e promete assumir um papel mais transformador. Pág. 3 ÁFRICA – O presidente do Zimbábue, Robert Mugabe, pretende nacionalizar todas as terras férteis de seu país. Por acreditar que estas não podem ser usadas com fins especulativos, o Zimbábue não terá mais zonas rurais privadas. Pág. 13