Ano 2 • Número 67
R$ 2,00 São Paulo • De 10 a 16 de junho de 2004
Em greve desde o final de maio, funcionários e professores das três universidades estaduais paulistas – Unesp, Unicamp e USP – fizeram, dia 3, em São Paulo (SP), passeata contra o sucateamento e a privatização do ensino. A mobilização, que conta com apoio dos estudantes, começou após o governo estadual propor reajuste zero às categorias. Para os manifestantes, a atitude evidencia o baixo grau de preocupação com a educação. Agora, eles exigem reajuste de 16% e ampliação do repasse de verbas, entre outras reivindicações em defesa da universidade pública. Pág. 4
Jovens e trabalhadores venezuelanos saíram às ruas de Caracas, capital do país, no dia 6, e se manifestaram contra a articulação da oposição para derrubar o governo de Chávez
Assentamentos criam emprego e geram renda
Ativistas de movimentos sociais protestam contra a política de guerra de George W. Bush antes da reunião do G8
Fórum propõe Câmara aprova flexibilização de financiamento de direitos autorais moradia popular Durante o V Fórum Internacional de Software Livre, realizado em Porto Alegre (RS) entre os dias 2 e 5, o Ministério da Cultura anunciou medidas para a flexibilização da política de direitos autorais. Em alguns casos, serão permitidas as reproduções de músicas e livros. O ministro Gilberto Gil deu o exemplo, e liberou parcialmente os direitos de sua música Oslodum. No evento, o professor estadunidense William Fisher propôs a criação de um banco de dados com registros de artistas que liberarem suas obras, autorizando o compartilhamento por internet e, no caso de músicas, a execução em rádios comunitárias. Gil não descartou a possibilidade de apoiar a idéia. Pág. 5
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Críticas à inoperância na reforma agrária
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Rappers da América Latina cantam no Rio
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Marcio Baraldi
Greve exige mais atenção ao ensino público
• Com o apoio dos EUA, oposição manobra referendo • Amazônia e integração do continente correm perigo • Meios de comunicação conspiram contra o governo
Gregorio Marrero/AP/AE
e um lado, as classes populares. De outro, a elite e o apoio estadunidense. O próximo embate entre essas duas forças da sociedade venezuelana já tem data marcada para ocorrer. No dia 15 de agosto, o mandato do presidente Hugo Chávez será submetido a um referendo revogatório. Em um processo marcado por irregularidades e classificado pelas elites como o fim do governo Chávez, a oposição conseguiu apoio de 20% da população para convocar a consulta. A ofensiva foi respondida pelo reacenso do apoio a Chávez, que tem adotado medidas populares, como a reforma agrária, e obtido bons resultados, como a recuperação econômica. EUA e mídia – O referendo revogatório visando derrubar o governo de Hugo Chávez faz parte de um plano de hegemonia dos Estados Unidos na América Latina. Além dos interesses no petróleo, nas reservas de biodiversidade e na água da região amazônica, os Estados Unidos reeditam a política contra Cuba, promovem investidas militares e ofensivas diplomáticas tentando minar a luta pela integração latino-americana. Na Venezuela, contam com a parceria de poderosos meios de comunicação, como a Organização Cisneros, de Gustavo Cisneros, com fortuna estimada em 4,6 bilhões de dólares. Págs. 9, 10 e 11
Erik S. Lesser/EFE/AE
D
Por que querem derrubar Chávez
Frutos da luta pela terra, os assentamentos provam que outro Brasil é possível. Com geração de emprego e renda, acesso à moradia, saúde e educação. É o que mostram duas extensas pesquisas coordenadas por professores da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro. O trabalho derruba mitos como o índice de evasão (alto só em condições muito precárias) ou a presença de pessoas vindas da cidade (80% das famílias são das próprias regiões dos assentamentos). Mais: a variada produção de alimentos dos assentamentos dinamiza as economias locais. Pág. 7
E mais: IMPOSTOS – Os pobres chegam a pagar cerca de 40% mais impostos do que os ricos, política que emperra o crescimento equilibrado da economia. É o que mostra estudo do Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário. Pág. 8 GLIFOSATO – O governo do Paraná está multando agricultores que utilizam o agrotóxico à base de glifosato, comercializado pela Monsanto. Pág. 13 DEBATE – O controle de capitais é imprescindível para o Brasil sair do atoleiro. Foi a política adotada pela Malásia, apesar da reação adversa do mercado financeiro que, por fim, curvou-se ao desempenho da economia malaia, como mostra o economista João Sicsu. Pág. 14