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Ano 2 • Número 63

R$ 2,00 São Paulo • De 13 a 19 de maio de 2004

Bush joga pesado na América Latina

Para se reeleger, o presidente dos EUA pressiona Cuba e apóia ação de paramilitares colombianos contra Venezuela

Corrigir o IR, uma chance para crescer

Essam Al-Sudam/AFP

D

e olho nas eleições de novembro, o presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, volta a investir contra Cuba. Em busca do apoio da chamada máfia cubana, formada por grupos ultradireitistas de Miami, ele lançou um manual com medidas de retaliação ao país governado por Fidel Castro. O documento, apresentado dia 6 por uma comissão comandada pelo secretário de Estado, Colin Powell, inclui gastos de 59 milhões de dólares para patrocinar ações nos próximos anos. O governo dos EUA também está envolvido no treinamento de 80 paramilitares colombianos, financiados pela oposição venezuelana, que planejavam atentados contra o governo de Hugo Chávez. Pág. 9

O presidente da República prometeu mudanças no Imposto de Renda da Pessoa Física, mas o ministro Antonio Palocci, da Fazenda, prefere ignorar os efeitos perversos do congelamento da tabela. Como uma redução de R$ 4,5 bilhões, só em 2004, na massa salarial líquida, o que significa menos recursos disponíveis para o consumo direto dos 6,69 milhões de trabalhadores que pagaram o IRPF. Ou a nefasta queda da participação da renda do trabalho no Produto. Pág. 8

Fiori mostra crise no governo dos EUA

Centro-Oeste já planta algodão transgênico

O cientista político José Luís Fiori acredita que existe uma crise no governo de George W. Bush. Para ele, o poder representado pelas 800 bases estadunidenses em quase 140 países mostra que há “apenas um domínio imperial e o poder de destruir quem for um obstáculo”. Pág. 11

Cultivo ilegal do algodão geneticamente modificado é confirmado pela Associação Brasileira dos Produtores de Algodão e pela revista da Associação Brasileira do Algodão. Assim como aconteceu com a soja, os produtores usam novamente a estratégia do fato consumado, e ferem a lei. Pág. 13

Lula pede paciência a indígenas

Promotoria investiga venda do Banestado Irregularidades na utilização dos créditos tributários acumulados pelo Banestado, na época em que o banco ainda era estatal, estão sendo apuradas por uma promotoria do Ministério Público do Paraná. O governador Roberto Requião quer que os créditos estimados em mais de R$ 2 bilhões e herdados pelo Itaú na ocasião da compra do Banestado sejam usados para abater a dívida do Estado com a União. Pág. 7

Servidores entram em greve por dignidade Os servidores federais tentam, desde o dia 10, reeditar a maior paralisação já enfrentada pelo governo Lula. A primeira mobilização foi durante a reforma da Previdência, em 2003, quando milhares de trabalhadores cruzaram os braços. Agora, a luta é por reajuste salarial que vem sendo adiado nos últimos nove anos. Maria Lúcia Fattorelli, da Unafisco, explica: “Ou lutamos agora, ou perdemos a dignidade”. Pág. 5

disse Lula aos índios, dia 11, em Brasília. “Viemos aqui olhar nos seus olhos para ter certeza de que eles ainda trazem o brilho da esperança de um Brasil justo e pluriétnico”, avisaram os indígenas em uma carta que foi

entregue ao presidente. A principal reivindicação é a urgente homologação da demarcação da área Raposa Serra do Sol, no Estado de Roraima, como território contínuo. Pág. 3

4ª Semana Social pede redefinição do Estado

A 4ª Semana Social Brasileira, promovida pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) em parceria com outras entidades ligadas à Igreja Católica, terminou com um chamado à união das forças sociais em torno de um mutirão por um novo Brasil. O evento alertou

Juiz deve ser um aliado da reforma agrária

Pág. 4

Fórum pede escola pública de qualidade

Pág. 6

Filme revela aventura de Che antes de Cuba

Pág. 16

para a urgência de redefinir o papel do Estado, para colocá-lo de fato a serviço dos interesses da sociedade. A declaração inicial apontou também para outra urgência: a de libertar o país das dependências injustas a que foi submetido. Pág. 5

Marcio Baraldi

Ao receber, pela primeira vez em seu mandato, 30 representantes de povos indígenas, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva reafirmou seus compromissos de campanha, mas pediu paciência. “Vocês têm que cobrar mesmo”,

Alan Marques/AE

Soldado britânico patrulha Amara, no Iraque: Anistia Internacional acusa as tropas de Tony Blair de massacrar civis

Líderes indígenas cobram do presidente Lula promessas de campanha

E mais: TRATADOS INTERNACIONAIS – Mercosul e União Européia devem assinar tratado em breve. Ainda é necessário empenho político para evitar a fragilização de setores estratégicos da economia dos sul-americanos. Pág. 10 ÁFRICA – Professor sul-africano vê planos estadunidenses para o petróleo. O Golfo da Guiné seria um substituto interessante para o papel do Golfo Pérsico, dada a instabilidade política do Oriente Médio. Pág. 12 DEBATE – César Benjamin diz que a Alca não teria sentido para os Estados Unidos se apenas reproduzisse o modelo da OMC. Por isso, os EUA insistem em condições ainda mais favoráveis a suas multinacionais. Pág. 14


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