Ano 2 • Número 58
R$ 2,00 São Paulo • De 8 a 14 de abril de 2004
EUA aumentam pressão sobre o Brasil Exigência de acesso à tecnologia brasileira em produção de urânio é vista como retaliação pelo impasse na Alca Sebastião Moreira/AE
O
s Estados Unidos querem que o Brasil assine um acordo dando amplos poderes a inspetores da Organização das Nações Unidas (ONU), que passariam a ter acesso a uma tecnologia exclusiva do país em enriquecimento de urânio – utilizado na geração de energia. “Há várias interpretações. Essa pressão tanto pode ser uma tentativa de espionagem industrial como uma retaliação pelo impasse nas negociações da Área de Livre Comércio das Amé-
ricas (Alca)”, avalia a deputada Maria José Maninha (PT-DF). Uma reunião convocada pelos EUA para destravar as negociações da Alca terminou em fracasso, dia 1º, em Buenos Aires, na Argentina. Para o ministro de Relações Exteriores, Celso Amorim, é absolutamente impossível que o calendário da Alca seja cumprido. Diversos setores conservadores do país, como o agronegócio, armam nova ofensiva para o Brasil recuar. Pág. 9
Sem-terra intensificam ocupações
Presença militar estadunidense em 134 nações
O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra intensifica mobilizações e já realizou ações em 13 Estados, num total de 50 ocupações. Na Bahia, 3 mil famílias fizeram a maior ocupação da história do MST no Estado. Em Brasília, servidores do Incra pararam, dia 5, para reivindicar um novo plano de carreiras e a contratação de funcionários. Pág. 3
Os Estados Unidos têm 510 mil soldados espalhados por 134 países. De acordo com documentos do Departamento de Defesa estadunidense, 34 estão no Brasil. Na Alemanha, país com o qual o governo dos Estados Unidos mantém boas relações diplomáticas, o número chega a quase 75 mil. Além disso, há 702 bases estadunidenses em 48 nações. Pág. 11
Honduras denuncia Cuba em troca de benefícios Pág. 10
Chico de Oliveira cobra coerência do governo O presidente Luiz Inácio Lula da Silva está no pior dos mundos, pois perdeu o apoio da sociedade e, mesmo tendo a tão negociada maioria no Congresso, não consegue governar. Essa é a opinião do sociólogo e economista Francisco de Oliveira, que acusa o PT de simplificar a realidade nacional e de não encontrar meios de diminuir a desigualdade social, causando decepção mesmo nos setores mais conservadores que o apóiam. Autor de vários livros e de um ensaio em que compara o
Dom José Maria Liborio Saracchio, bispo de Presidente Prudente, lava os pés de Alan, de 1 ano, como tradicional ritual da celebração da Semana Santa, em frente à igreja São Sebastião, antes de um ato público
Aracruz causa seca e ameaça indígenas
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Pág. 13 Anna Zieminski/AFP
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Falta estrutura para fiscalizar transgênicos
E mais: ECONOMIA – Henrique Meirelles, presidente do BC, foi à mídia justificar os altos juros e o arrocho ao crédito. Seus argumentos, porém, não conseguem esconder que sua política gera inflação e aumento da dívida pública. Pág. 5 GOLPE DE 64 – Em mais uma reportagem da série sobre a ditadura militar, em foco o papel da imprensa no período. Para especialistas, os grandes meios de comunicação apoiaram o regime. Pág. 6 CULTURA – Em entrevista ao Brasil de Fato, a escritora e feminista Rose Marie Muraro discute a condição da mulher brasileira e sugere alternativas à globalização. Pág. 16
Sul-africanos se preparam para as eleições, a terceira desde o fim do apartheid
Maringoni
África do Sul pode reeleger neoliberal
avanço do capitalismo brasileiro ao ornitorrinco – animal que, segundo ele, contraria a teoria da evolução, de Charles Darwin – , Oliveira critica a submissão do governo aos interesses do Fundo Monetário Internacional e sua incapacidade de combater a especulação financeira. Em entrevista ao Brasil de Fato, ele apresenta uma alternativa à crise: a ação dos movimentos sociais, que para ele devem ser “nitidamente subversivos, para desmontar a ordem constituída”. Pág. 7