Ano 2 • Número 53
R$ 2,00 São Paulo • De 4 a 10 de março de 2004
Leslie Mazoch/AP/AE
Encolhimento da economia leva as autoridades a pedir autorização aos EUA e ao FMI para investir no crescimento
Governo apela a Bush para reverter crise O
pífio desempenho da economia em 2003 – queda do PIB de 0,2% – parece ter assustado o governo. Além do encolhimento da riqueza produzida, a renda das famílias caiu e o desemprego disparou. Nada disso, porém, impediu que o Brasil fizesse o superávit primário de 4,25%, que o governo prometeu ao Fundo Monetário Internacional. Ano de eleições e críticas de aliados de primeira hora,
como a CUT, mudaram o discurso. Agora, Palocci e Lula pedem compreensão ao FMI para flexibilizar o superávit, ao mesmo tempo que o próprio presidente da República pede ao presidente dos EUA apoio à recente aspiração desenvolvimentista do governo. Paralelamente, o presidente do Banco Central garante que a política de ajuste continua. Os juros seguem nas alturas. Pág. 7
Na Venezuela, fraude para derrubar Chávez
Para dar apoio ao presidente Hugo Chávez, milhares de venezuelanos marcharam dia 29 de fevereiro, em Caracas
O presidente do Conselho Nacional Eleitoral da Venezuela anunciou, dia 2, que são inválidas pelo menos 1,2 milhão das cerca de 3 milhões de assinaturas coletadas pela oposição para promover o referendo do mandato do presidente Hugo Chávez. Além dessas, mais 870 mil assinaturas foram colocadas sob suspeitas e terão de ser revalidadas, o que desagradou os antichavistas.
Hélvio Romero/AE
Contra a reforma agrária, volta o Banco da Terra O Banco da Terra, projeto financiado pelo Banco Mundial que prevê financiamento de lotes para assentamento de agricultores, está contemplado no Plano Nacional de Reforma Agrária do governo. Conforme o programa, 130 mil famílias serão assentadas, via concessão de crédito fundiário, sem desapropriação de latifúndios e com crescente endividamento do trabalhador. Pág. 8
Bancos privados ganham mais e rombo aumenta
Kerry não trará mudanças na política dos EUA Em entrevista exclusiva ao Brasil de Fato, o sociólogo estadunidense James Petras diz que as diferenças entre o virtual candidato democrata John Kerry e o presidente George W. Bush, em temas como guerra e economia, são “muito pequenas, ou inexistentes”. Pág. 11
AGÊ
Beneficiados por privatizações dos bancos estaduais, os bancos privados conseguiram recuperar no mínimo 80% do valor desembolsado nos leilões. E o Banco Central, antes de buscar soluções, optou por forjar prejuízos e criar falsos rombos para justificar o desmonte. Pág. 4
Estudantes do movimento Educafro reivindicam a implantação do sistema de cotas para negros na USP
E mais: TRANSGÊNICOS – Tribunal Internacional Popular julga, a partir do dia 11, a Monsanto e a Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul), acusadas de serem as responsáveis pela introdução da soja transgênica no país. Pág. 3 DEBATE – Com a reforma trabalhista e sindical prevista para este ano, o senador Paulo Paim (PT-RS) e o deputado federal Vicentinho (PT-SP) discutem redução da jornada de trabalho. Pág. 14 CIDADE DE DEUS – Moradores da comunidade da zona oeste do Rio de Janeiro (RJ) fizeram um documentário que funciona de contraponto à produção de Fernando Meirelles. O vídeo não tem nenhuma cena de tráfico ou violência e procura valorizar a favela. Pág. 16
O vice-presidente José Rangel aponta o desgaste da oposição, que não tem mais militares para repetir o golpe de 2001, nem o apoio de grupos empresariais. Mas Roger Noriega, secretárioadjunto para a América Latina dos Estados Unidos, declarou que seu país “tem grande interesse em preservar e reerguer a democracia na Venezuela”. Pág. 10
Plínio Sampaio: grande decepção com rumos do PT Um dos fundadores do Partido dos Trabalhadores, o professor Plínio de Arruda Sampaio está decepcionado com o governo que, na sua opinião, está sem rumo, adotou uma política econômica “ingênua” e repete os erros de FHC. Coordenador do projeto original do Plano Nacional de Reforma Agrária, ele diz que a economia agrária mantém um equilíbrio perverso por gerar pobreza, miséria e dependência. Afirma também que o país vive uma crise e perde a oportunidade de se firmar no cenário mundial como nação soberana. Pág. 5
No Haiti, rebelião derruba o presidente Pág. 9
Rumos da Alca são definidos na surdina Pág. 10
Mulheres ainda sofrem com ações violentas Pág. 13