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Ano 2 • Número 50

R$ 2,00 São Paulo • De 12 a 18 de fevereiro de 2004

Marcos Borges/Gazeta do Povo/AE

Brasil é o paraíso da cobrança nas estradas de rodagem, patrimônio do povo repassado a grupos particulares

A farra dos pedágios privatizados E

m nenhum país do mundo as empresas privadas dominam tantos pedágios rodoviários como no Brasil. Nos EUA, para cada 420 quilômetros de estrada, existe um pedágio, enquanto aqui, há um a cada 15 quilômetros, segundo a Associação Brasileira de Engenheiros Rodoviários. O Brasil também é recordista em irregularidades nas privatizações, e a exploração de rodovias pelo

setor privado não é exceção, como constata o governo do Paraná. E para impedir mais um aumento abusivo das tarifas, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra ocupou praças de pedágio no Estado. Seus dirigentes destacam que os pedágios funcionam em estradas públicas, que são patrimônio do povo brasileiro, que foi repassado a grupos privados. Págs. 2 e 3

Escandalosa remessa de lucros e dividendos

Bancos e FMI fecham cerco à Argentina

Levante no Haiti exige renúncia de presidente

O governo de Néstor Kirchner está sendo submetido a uma forte pressão para aumentar o pagamento da dívida externa. O Fundo Monetário Internacional (FMI), os países mais ricos do mundo, a Justiça estadunidense e até o jornal Financial Times exigem que Kirchner reveja sua posição de pagar 25% do que os credores privados cobram. Após quebrar por seguir as políticas do FMI, a Argentina é colocada na parede para optar entre crescimento econômico ou pagamento da dívida. Pág. 9

A crise que se arrastava há meses no Haiti culminou em um levante da oposição que exige a renúncia do presidente neoliberal Jean-Bertrand Aristide, acusado de corrupção e violência contra a população. As principais cidades do país estão tomadas pelos grupos rebelados e o acesso à capital está impedido. Em uma semana, mais de 41 pessoas foram mortas e dezenas ficaram feridas nos confrontos com a polícia. Mesmo sem apoio do aliado EUA, Aristide diz que fica até 2006. Pág.9

Trabalhadoras tentam vencer preconceitos

Desemprego aumenta na América Latina

Depois de muita luta, as mulheres brasileiras conquistaram espaço e compõem, hoje, 50% do mercado de trabalho. Contudo, atuam em condições muito longe das ideais: ocupam os piores empregos e ganham muito menos que os homens. Metade da mão-de-obra feminina é empregada doméstica. A situação é ainda pior para as negras e pardas e para as que desempenham dupla jornada, no emprego e no trabalho doméstico, como explicam duas metalúrgicas e duas costureiras, que acusam as empresas de discriminação. O preconceito também ameaça as iraquianas, sujeitas à rigidez das leis islâmicas impostas pelo governo provisório. Págs. 8 e 11

Pág. 4

Camarão: futuro está no cultivo sustentável Pág. 13

Atores plantam árvores para futuro teatro Pág. 16

Sem-terra ocupam catorze pedágios no Paraná como protesto pelo aumento das tarifas

Haitianos pedem a renúncia do presidente Jean-Bertrand Aristide, acusado de corrupção e de seguir a cartilha neoliberal

E mais: TRANSGÊNICOS – O governo conseguiu um fato raro quando aprovou a Lei de Biossegurança: desagradou a gregos e troianos. Os ruralistas não gostaram da retirada dos plenos poderes que gostariam de dar à CTNBio, enquanto ativistas acham que a Comissão ainda tem muita força. Pág. 6 ÁFRICA – Brasil firma parceria com Angola no setor pesqueiro. São os primeiros frutos da viagem que o presidente Lula fez à África, em novembro de 2003. Pág. 12 DEBATE – César Benjamin, pesquisador do Laboratório de Políticas Públicas da UERJ e integrante da Consulta Popular, discute o relacionamento de Lula com o Banco Central na série “Rumos do governo”, publicada por Brasil de Fato. Pág. 14

Nilson

ao exterior foi de 12,7 bilhões de dólares; nos anos de torra do patrimônio (1994-2003), atingiram 43,6 bilhões de dólares – aumento de mais de 250%. Depois das privatizações, o mercado brasileiro foi ocupado por empresas transnacionais, cujas as prioridades são definidas por suas matrizes no exterior. Pág. 5 Thony Belizaire/AFP

Rombos permanentes nas contas externas do país, com a saída anual de bilhões de dólares, tiveram forte estímulo com a entrega e a acelerada liquidação do patrimônio público via privatizações que ocorreram na última década. Os números mostram que no período préprivatizações (1984-1993), a remessa de lucros e dividendos


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