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Ano 1 • Número 47

R$ 2,00 São Paulo • De 22 a 28 de janeiro de 2004

Fórum fortalece movimentos sociais Antônio Milena/ABR

Com participação massiva de asiáticos, encontro na Índia traça estratégias de combate a políticas neoliberais

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ealizado na Ásia justamente para ampliar as articulações dos movimentos sociais de todo o mundo, o 4º Fórum Social Mundial, de 16 a 21, em Mumbai (Índia), reuniu cem mil participantes de mais de 130 países. O encontro discutiu formas de resistência à globalização e à militarização. O Prêmio Nobel de Economia Joseph Stiglitz criticou as políticas liberalizantes do Fundo Monetário Internacional (FMI). A Via Campesina defendeu a soberania alimentar. “Um país que não protege sua agricultura está condenado ao fracasso”, afirmou em palestra a líder semterra Itelvina Massioli. Págs. 2, 9 e 10

Governo paulista despeja 500 pessoas Dia 20, o governo do Estado de São Paulo despejou 97 famílias de um prédio ocupado, no centro da capital. Os sem-teto reclamam de insensibilidade das autoridades, “irredutíveis nas negociações”. Eles prometem manter a luta pacífica enquanto aguardam uma solução prometida pela prefeitura. Pág. 3

Mais de 100 mil ativistas reforçam a aliança contra a globalização, no 4º Fórum Social Mundial, realizado em Mumbai, Índia

“Não existe hegemonia permanente. Somos capazes de construir um projeto que inclui Caracas, Brasília e Buenos Aires e passa por essa aliança”, afirmou Darc Antonio da Luz Costa, vice-presidente do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), em seminário no Rio de Janeiro, dia 16. O presidente do banco, Carlos Lessa, disse que o Brasil vive a dificuldade de “uma sociedade estigmatizada pela escravidão em traçar projetos de desenvolvimento, pois o projeto das elites é apenas para as elites”. Para o embaixador Samuel Pinheiro Guimarães, os países periféricos são geridos por agências financeiras interessadas em garantir o pagamento da dívida externa. Parmalat - Transnacional quebra, depois de fraude financeira, e vira problema para sindicatos e governo. Pág. 6

Família Sarney mantém pobreza no Maranhão Há 38 anos, a família do senador José Sarney (PMDB-AP) controla o Maranhão, Estado recordista em desigualdade social. O Maranhão tem 24 das 47 cidades mais pobres do Brasil e a maioria (68%) da população encontra-se abaixo da linha da pobreza, vivendo com menos de R$ 80. Sarney administra sua hegemonia dominando o maior número possível de partidos e os principais meios de comunicação, como a TV Mirante, afiliada da TV Globo. A recente aproximação entre o governo federal e o esquema Sarney causou perplexidade a setores da esquerda. “Não posso me aliar a alguém que quer o oposto do que quero”, comenta o professor Dalmo Dallari. Pág. 8

MST comemora 20 anos de luta Cerca de 1.200 pessoas participam, em São Miguel do Iguaçu (PR), do encontro nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), em que são definidas estratégias

para a luta pela terra. A reunião é histórica: comemora os 20 anos do MST exatamente onde o movimento começou, com uma ocupação de fazenda do falido Banco Bamerindus. Transfor-

mada no produtivo assentamento Antônio Tavares, a área é hoje uma das mais ricas do Estado. O MST já é responsável pelo assentamento de 350 mil famílias. Pág. 7 Douglas Mansur

BNDES defende alianças na América Latina

MST celebra 20 anos de luta pela reforma agrária e em defesa de um projeto popular para o Brasil

E mais: ORIENTE – Giulliana Iukhan, uma brasileira na Palestina há quase dois anos, conta a situação dos árabes na região. “A vida é um inferno e qualquer atividade que se pretenda realizar depende da boa-vontade e do humor de soldados de 18 anos”, constata. Pág. 12 ÁFRICA – Em entrevista, Maria Alice Mabota, da Liga dos Direitos Humanos de Moçambique, comenta o acesso à Justiça em um dos países mais pobres e corruptos do mundo. Segundo ela, no início de seu trabalho, poucos tinham ouvido falar em direitos humanos. Pág. 13 DEBATE – Reinaldo Gonçalves discute um projeto para o Brasil. Para ele, em 2003, a gestão macroeconômica de Lula variou de medíocre a trágica. Pág. 14

Diocese acusa prefeitura de apoiar seqüestro Contrária à homologação da área indígena Raposa-Serra do Sol, a prefeita de Uiramutã (RR), Florany Mota, está sendo acusada de participar do seqüestro dos três missionários do Conselho Indigenista Missionário (Cimi), ocorrido dia 6. A denúncia foi feita pela Diocese de Roraima e encaminhada às executivas Estadual e Nacional do Partido dos Trabalhadores. No Mato Grosso do Sul, cerca de 2 mil Guarani Kaiowá prometem resistir à perseguição de fazendeiros e às ameaças do governo. Pág. 3

Agricultores recuperam semente crioula Pág. 4

Médicos cubanos atuam em morros da Venezuela Pág.11

São Paulo: 450 anos de diversidade Pág. 16


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