Ano 1 • Número 45
R$ 2,00 São Paulo • De 8 a 14 de janeiro de 2004
Índios retomam terras e exigem ação do governo O
processo de retomada de terras, iniciado por cerca de 3 mil Guarani e Kaiowá, no Mato Grosso do Sul, é um “recado” para o governo de Luiz Inácio Lula da Silva de que não há mais como adiar a demarcação dessas áreas. “Um governo popular não pode fazer vistas grossas a esse problema”, critica Egon Heck, do Conselho Indigenista Missionário (Cimi). Os indígenas querem de volta
Lalo de Almeida/Folha Imagem
Para pressionar pela demarcação de terras, cinco fazendas foram reocupadas, em áreas que pertenciam aos indígenas
as terras de onde foram expulsos por fazendeiros em função da expansão da agropecuária. Especialistas explicam que os índios foram submetidos a um confinamento que está provocando o aumento no número de suicídios. Na seção Debate, o presidente da Fundação Nacional do Índio dá outra versão para o aumento das mortes entre os indígenas. Págs. 8 e 14
Cuba celebra 45 anos de luta contra desigualdade Mesmo sob pressão dos Estados Unidos, a revolução cubana continua viva e comemora 45 anos. Dia 1º de janeiro de 1959, os guerrilheiros Fidel Castro e Ernesto Che Guevara marchavam pela capital Havana, depois de três anos de luta que culminaram com a queda do ditador Fulgêncio Batista. Foi o início de uma história que transformou a ilha, até então um “quintal estadunidense”, no primeiro país
Em 1994, o Exército Zapatista de Libertação Nacional (EZLN) organizou um levante armado e começou um sólido movimento revolucionário no México. Em defesa da democracia, da liberdade e da justiça para os mexicanos e do reconhecimento dos povos indígenas na Constituição, os zapatistas resistem, nas montanhas de Chiapas, às ofensivas do governo e de grupos paramilitares. Apesar da repressão, em 2003 o EZLN criou cinco zonas territoriais autônomas, denominadas Caracoles. Pág. 9
FÓRUM SOCIAL – Movimentos sociais e organizações não-governamentais (ONGs) preparam-se para debater alternativas ao neoliberalismo no Fórum Social Mundial 2004, na Índia, entre 16 e 21 de janeiro. Pág. 5 IRAQUE – O sociólogo estadunidense James Petras denuncia que generais iraquianos tinham pacto com o Pentágono para entregar o país em troca de proteção. Para ele, a guerra no Iraque começou agora, com o levante popular contra as forças invasoras. Pág. 13 CULTURA – O artista plástico Rogério Mourtada inova com uma técnica de fazer gravuras em gesso. Ele retrata o mundo dos excluídos pela miséria ou pelas normas de moralidade vigentes. Pág. 16
PT cede espaço para a direita no Planalto
Indígenas membros do Exército Zapatista de Libertação Nacional celebram 10 anos do levante em Chiapas, México
Agê
E mais:
Cerca de 3 mil Guarani e Kaiowá participam da retomada de suas terras, invadidas por fazendeiros, em Japorã (MS)
Janet Schwartz/AFP
Dez anos de resistência zapatista
socialista da América Latina. Para o cientista político Emir Sader, Cuba e Venezuela representam a resistência à hegemonia dos EUA no continente. Ao contrário do que defende o Fundo Monetário Internacional (FMI), os dois países privilegiam o social e investem para universalizar o acesso do seu povo à educação, à saúde, à habitação e à cultura. Pág. 11
Movimentos ligados à luta por melhores condições de habitação consideram os primeiros sinais da reforma ministerial como um avanço da direita e temem prejuízos às perspectivas de melhoria no setor urbano. O PMDB deve receber, como recompensa pelo apoio às aprovações das reformas da Previdência e tributária, os Ministérios das Cidades e das Comunicações. O anúncio da reforma ministerial deve ser feito até dia 9, antes da viagem do presidente Lula para o México, dia 12. Pág. 5
Saúde em crise Para economista, por falta país precisa de de recursos mudança radical O sistema público de saúde ainda não consegue atender a todos os brasileiros. Além da falta de dinheiro, há problemas na administração. Mas sobram alternativas. Com vontade política, o governo pode quebrar patentes e baratear os remédios. Melhorando o repasse de verbas aos municípios não só se economizaria verbas de transporte, como se agilizaria o atendimento. Investimentos em prevenção reduziriam os custos com tratamentos e internações. O governo federal já tomou algumas iniciativas, mas existe muita coisa por fazer. “Tenho que esperar meses para marcar consulta para minha filha”, reclama a desempregada Iracema Leal. Pág. 7
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UNE prevê ano de lutas pela escola pública Pág.6
Brasil arca com custo ambiental dos países ricos Pág. 3