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Ano 1 • Número 43

R$ 2,00 São Paulo • De 25 a 31 de dezembro de 2003

Sem-terra têm de pressionar, diz Lula

Presidente Lula discursa durante cerimônia de imissão de posse da Fazenda Maísa em Mossoró (RN), segundo maior assentamento do País

Argentinos lembram revolta

Monsanto tenta convencer com propaganda falsa

E mais: VIOLÊNCIA – Estudo da socióloga Julita Lemgruber mostra que polícia é parceira do crime organizado no Brasil. Corporações de São Paulo, Rio de Janeiro e Pará são as mais violentas. Pág. 6 LIVRE COMÉRCIO – A Alca vai restringir o acesso a medicamentos. Médicos Sem Fronteiras denunciam que acordo de propriedade intelectual favorece transnacionais. Deputados argentinos aprovam Lei de Patentes, sob pressão dos EUA. Pág. 9 DEBATE - Para Renato Rebelo, presidente do PC do B, o grau de mudança do segundo ano de mandato de Lula dependerá do nível de mobilização popular, da superação da recessão e de uma conjuntura internacional favorável. Pág. 14

argentino, Nestor Kirchner, avisou aos países vizinhos que não aceitará pressão para aumentar os pagamentos da dívida ao Fundo Monetário Internacional. Págs. 9 e 11

Daniel Luna/AP/AE

A Monsanto lança nova ofensiva contra a agricultura e a sociedade brasileiras. Desta vez, a tentativa de introduzir a todo custo os transgênicos no país tem a forma de uma campanha publicitária que custou R$ 6 milhões à transnacional estadunidense. No entanto, a falsa afirmação de que os transgênicos são seguros, produzem mais com menos agrotóxicos e podem contribuir para um mundo mais “saudável” está com os dias contados. Entidades de defesa do consumidor protestaram contra a campanha e prometem entrar com uma ação judicial responsabilizando a Monsanto por veicular propaganda enganosa. “Queremos tirar a propaganda do ar”, afirma Sezifredo Paz, do Instituto de Defesa do Consumidor. No Canadá, manifestantes foram às ruas para tentar impedir que o governo autorize o plantio do milho transgênico da Monsanto. Pág. 3

e que provocou a revitalização da organização popular, como a dos movimentos de piqueteiros e de empresas recuperadas por trabalhadores. A manifestação ocorreu quando o presidente

Milhares de pessoas foram às ruas, dias 19 e 20, para lembrar os dois anos do movimento que derrubou o presidente Fernando de la Rúa e o ministro da Economia Domingo Cavallo,

Protesto de argentinos, dia 20, contra o governo, ocasião em que recordam a queda do presidente Fernando de la Rúa

Em Moçambique, armas de guerra viram arte Metralhadoras kalashnikov, fuzis, armas pequenas e resíduos bélicos, que sobraram depois de quase vinte anos de guerra civil em Moçambique (Sul da África), viram obras de arte pelas mãos de jovens escultores. Eles contam com o apoio do Conselho Cristão de Moçambique (CCM), organização ecumênica que reúne várias igrejas cristãs e desenvolve o projeto de transformação de armas em enxadas. Em entrevista exclusiva ao Brasil de Fato, o escultor Gonçalo Mabunda, um dos integrantes do Núcleo de Arte, tradicional associação de artistas de Moçambique, conta como convocam a população a trocar armas por ferramentas de trabalho. Pág. 12

Agê

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uanto mais organizados vocês estiverem, mais vamos fazer por essa parcela sofrida do povo brasileiro”, discursou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva para uma platéia de trabalhadores sem-terra, em Mossoró (Rio Grande do Norte), dia 20. A afirmação foi feita durante assinatura do decreto de desapropriação da Fazenda Maísa. No local, nascerá o assentamento Eldorado dos Carajás, com mil famílias, o segundo maior do Brasil. Lula prometeu voltar a Mossoró em dois anos para conferir as mudanças alcançadas. “Precisamos mostrar ao mundo que nosso governo não vai dar apenas um pedaço de terra e uma caatinga”, ressaltou. A previsão é de gerar 10 mil empregos diretos e indiretos. O assentamento será construído conforme o Plano Nacional de Reforma Agrária (PNRA), que tem meta de assentar 500 mil famílias até 2006. Pág. 7

Ricardo Stuckert/PR

Presidente reforça compromisso com reforma agrária e afirma que trabalhadores devem se mobilizar e reinvindicar

Para o MAB, novo modelo é omisso Embora contenha avanços, o novo modelo do setor elétrico não atende às reivindicações sociais. Para o Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), a proposta, apresentada em dezembro, apenas recicla o modelo anterior, gestado por Fernando Henrique Cardoso. O movimento elogia iniciativas como a retomada do planejamento do setor pelo Estado e a retirada de poder da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Mas critica as diretrizes do modelo, que não rompe com os contratos firmados na gestão FHC nem questiona a dívida de transnacionais como a AES. A proposta do governo também não altera a matriz energética brasileira, apostando em grandes barragens hidrelétricas e deixando de explorar a capacidade de geração de energia alternativa. Para o MAB, como conseqüência segue processo de privatização das águas. Pág. 5

Quem ganha e quem perde no Proer da mídia Pág. 8

Bolivianos defendem coca para indústria Pág. 10

Sempre atual, humor de Henfil deixa saudades Pág. 16


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