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Circulação Nacional

Uma visão popular do Brasil e do mundo

Ano 8 • Número 393

São Paulo, de 9 a 15 de setembro de 2010

R$ 2,80 www.brasildefato.com.br Gustavo Ohara

“Mobilizações não cessaram, o povo segue se organizando”

Celeridade na construção e na expulsão de famílias De Norte a Sul, as grandes obras de usinas hidrelétricas atingem cada vez mais populações, afetando seus direitos mais básicos. Comunidades do Rio Grande do Sul, Tocantins e Maranhão testemunham a falta de transparência das empresas, a concessão de polêmicas licenças ambientais e a truculência na expulsão de famílias que não possuem documento da terra. Págs. 4 e 5

CPT aponta crescimento de conflitos pela água no Brasil A Comissão Pastoral da Terra (CPT) apresentou dados coletados no primeiro semestre de 2010 para o relatório de “Conflitos no Campo”. Nele se pode notar que o embate pela água tem se intensificado nos últimos meses. Como principal motivo para os conflitos, por um dos bens mais preciosos ao ser humano, a construção das barragens em diferentes rios. Dados sobre a terra também apresentam aumento de enfrentamentos e de trabalhadores rurais vítimas de diferentes tipos de violência, com destaque especial às regiões Sul e Sudeste. Pág. 7

Mais de mil manifestantes participaram da marcha que percorreu 125 km em dez dias

Vale não paga impostos e é inclusa em lista de devedores A mineradora Vale, maior companhia privada do país, foi inscrita, no dia 23 de agosto, no Cadastro Informativo de Créditos não Quitados do Setor Público Federal (Cadin), um banco de dados no qual se encontram registrados os nomes de pessoas físicas e jurídicas em débito com órgãos e entidades federais. A decisão de incluir o nome da empresa na lista foi

tomada pelo Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM). Segundo o órgão, a Vale deixou de pagar aproximadamente R$ 400 milhões (em ICMS, PIS e Cofins) para a prefeitura de Parauapebas (PA). Além disso, a companhia não teria pago mais de R$ 350 milhões em Compensação Financeira pela Exploração de Recursos Minerais (Cfem). Pág. 3 Reprodução

Oposição a Evo busca nova cara na Bolívia

Trabalhadores vencem Sadia em seu campo: o sindicato Foi necessária a interferência do Ministério Público do Trabalho (MPT) para a realização das eleições do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Carnes e Derivados (Sitracarnes), em Chapecó (SC). Ligada à empresa Sadia, a diretoria do Sitracarnes dominou a entidade por 22 anos, ignorando a superexploração sofrida pelos trabalhadores. De um total de 6 mil operários da unidade de Chapecó, cerca de 1.100 estão afastados pelo INSS, como decorrência de doenças, amputações ou lesões ocupacionais. Pág. 6 ISSN 1978-5134

Crise econômica e desemprego. Resistência e mobilização. Após 40 dias em Honduras, Ronaldo Pagotto, militante da Consulta Popular, conta em entrevista como se encontra o atual cenário político e econômico do país. A impressão que teve é de que a ligação do presidente deposto, Manuel Zelaya, com a população ainda se configura como um fator que “ameaça qualquer golpista”. Pág. 9

No novo mandato do presidente boliviano Evo Morales, iniciado em janeiro deste ano, a correlação de forças no cenário político está definitivamente mudada. As eleições de 2009 tiveram efeito positivo para o MAS, partido de Evo, e foram devastadoras para a oposição radical que ensaiava um golpe. Em entrevista ao Brasil de Fato, o líder da oposição no Senado boliviano, German Antelo, define-se como um social-democrata e reclama de um suposto centralismo do governo, mas elogia as políticas sociais. Pág. 10 Policial moçambicano observa manifestação em rua de Maputo, capital do país

Custo de vida alto gera revolta em Moçambique Moçambique é um dos países mais pobres do mundo, ocupando a 172ª posição em um ranking de 177 países. Saído de um

regime socialista, o país adotou um ultraliberalismo. As condições precárias às quais a população é submetida estão gerando revolta

entre os afetados. No início deste mês, uma série de manifestações eclodiu após o aumento do preço do pão, o que agravou a carestia.

A repressão deixou oito mortos. Atualmente, o país é governado por Armando Guebuza, homem mais rico de Moçambique. Pág. 11 GusRicardo Cassiano/Folhapresstavo Ohara

O Brasil retratado pelo rumo da bola Pág. 8


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