Ano 1 • Número 38 • São Paulo • De 20 a 26 de novembro de 2003
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Circulação Nacional
Marcha chega a Brasília e exige reforma Joedson Alves/AE
Sem-terra cobram de Lula a implantação do Plano Nacional de Reforma Agrária, que prevê assentar 1 milhão de famílias
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epresentantes dos movimentos que integram o Fórum Nacional pela Reforma Agrária estão em Brasília para garantir a assinatura, sem alterações, do Plano Nacional de Reforma Agrária, pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O plano foi encomendado pelo governo federal e prevê o assentamento de 1 milhão de famílias, em quatro anos. Depois da marchar 130 quilômetros, de Goiânia até a capital federal, os trabalhadores rurais não abrem mão das metas do projeto, que prevê a geração de 3 milhões de empregos e elevação da renda familiar para 3,5 salários mínimos. Págs. 2 e 7
Com o PT, continua o desmonte
Dois mil trabalhadores rurais, vindos de vários Estados do país, marcharam de Goiânia até Brasília e esperam ser recebidos em audiência pelo presidente Lula
Enquanto os representantes de 34 países – todas as nações americanas, menos Cuba – participam, em Miami (EUA), da VIII Reunião Ministerial da Área de Livre Comércio das Américas (Alca), as organizações populares fazem manifestações locais e planejam, para o dia 21, uma jornada continental contra a Alca. As negociações se concentram, a princípio, na proposta chamada de “Alca a
la carte”, redigida em conjunto por Brasil e Estados Unidos e, segundo a qual, se estabelecem normas mínimas de comércio, mas ficam excluídos temas polêmicos como subsídios agrícolas e compras governamentais. Alguns países, como Canadá, Chile e México, defendem um acordo mais amplo. Mas os movimentos sociais condenam qualquer acordo. Pág. 9
Robert Sullivan/AFP
Nova rodada de resistência à Alca
Jogo de palavras o governo falar em “herança maldita”, pois a atual equipe econômica continua com as privatizações iniciadas em 1996. Dia 10, foi publicado o edital de privatização do Banco do Estado do Maranhão, cujo roteiro deve ser o de sempre: “doar” o banco, exigindo 10% do preço mínimo em dinheiro vivo, 90% em títulos podres. Pág 5
Outra Europa é possível Sob o lema “Outra Europa é possível, outro mundo é possível”, o movimento “altermundista” do Fórum Social Europeu manteve acesa a resistência à militarização e ao neoliberalismo na União Européia. Inspira-
do nas manifestações deste ano contra a invasão estadunidense ao Iraque, dia 20 de março de 2004 será o dia mundial de luta contra a guerra “preventiva ao terror” de George W. Bush. Pág. 11
E mais:
Momento de luta e mudanças para movimento negro
Projeto capacita agricultor a usar sementes limpas
Dia 20, o Brasil celebra o Dia Nacional da Consciência Negra. A data, uma conquista dos movimentos negros, antes de inspirar comemorações, reflete um momento de luta para os afrobrasileiros. Segundo o deputado federal Luiz Alberto (PT-BA), as desigualdades entre negros e brancos só têm aumentado e, só a pressão popular pode dar força ao governo para fazer as mudanças necessárias. Nesse sentido, a eleição de Lula representou uma vitória. O governo prevê o anúncio, dia 20, de um pacote de políticas, como a reserva de vagas para negros em universidades públicas e a reformulação de ações voltadas para as comunidades quilombolas. Pág. 6
Pág. 3
VIOLÊNCIA – No Brasil, Irene Khan, da Anistia Internacional, detectou diferenças entre discurso e realidade. Foram várias denúncias de abuso policial, tortura e mortes. Pág. 6 ÁFRICA – As eleições municipais em Moçambique, dia 19, podem ser vistas como uma prévia do pleito de 2004, quando a população optará pela situação ou pela direita, representada por um grupo guerrilheiro anticomunista. Pág. 12 MAIORIDADE PENAL – Um crime violento, praticado por um adolescente, reacendeu o debate sobre a redução da idade penal. Veja na Seção Debate. Pág.14
Protestos contra a Alca encontram seu ponto de convergência em Miami, onde milhares de manifestantes são esperados
MP deixa livre o caminho para transgênicos Pág. 3
No palco, a arte dos excluídos e dos oprimidos Pág. 16