Ano 1 • Número 36 • São Paulo • De 6 a 12 de novembro de 2003
Circulação Nacional
R$ 2,00
João Roberto Ripper
Governo assinará novo acordo, ou seja, vão continuar as dificuldades da economia e o empobrecimento dos brasileiros
Políticas do FMI só agravam a crise do Brasil F
O jurista Hélio Bicudo, profere a sentença denunciando a omissão e o envolvimento do Estado no assassinato de sem-terra
A situação do México depois da assinatura do Acordo de Livre Comércio da América do Norte (Nafta) pode servir de exemplo para o Brasil, caso a Área de Livre Comércio das Américas (Alca) seja aprovada: cresceu o desemprego, pioraram as condições de trabalho, a renda da população caiu e aumentou a emissão de dinheiro para os Estados Unidos. Por isso, em outubro, mais de 100 mil mexicanos saíram às ruas para se manifestarem contrários ao ingresso do país no novo tratado. Pág. 9
Em sua primeira visita ao continente africano, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva deve assinar cerca de 40 acordos e protocolos para estimular relacionamentos comerciais. “O Brasil tem uma dívida histórica, pois esteve sempre de costas para a África”, afirmou o presidente. Em Luanda, Lula anunciou a criação de um fundo financeiro multilateral gerido pelo Mercosul e direcionado também aos países africanos como alternativa aos recursos do FMI e do Banco Mundial. Pág. 12
E mais:
Operários viram donos de fábrica na Argentina
SOBERANIA – Ação popular movida no Tribunal Regional Federal do Paraná devolveu ao Brasil o controle do Sistema de Vigilância da Amazônia (Sivam), anteriormente nas mãos da estadunidense Raytheon. Pág. 7 FÓRUM SOCIAL BRASILEIRO – Uma preparação para o Fórum Social Mundial, o encontro, que acontece de 6 a 9, em Belo Horizonte (MG), discutirá a conjuntura do país e a política internacional brasileira. Pág. 7 DEBATE – João Capiberibe, senador (PSB) e ex-governador do Amapá, e João Alfredo Melo, deputado federal (CE) e coordenador do núcleo de meio ambiente da bancada do PT, analisam as políticas ambientais. Pág. 14
Após um ano e meio de ocupação, cerca de 60 trabalhadores argentinos conseguiram obter o controle da indústria têxtil Brukman, em Buenos Aires. No dia 30 de outubro, a empresa foi expropriada com a aprovação dos deputados portenhos e as máquinas, as marcas e as patentes que a empresa explorava passaram para a cooperativa dos operários. Os trabalhadores, que já tinham sofrido vários despejos, estavam acampados em frente à fábrica. A lei concedeu aos funcionários isenção de custos para reabilitação da fábrica, que ainda poderá receber outros operários como sócios da cooperativa. A história se tornou símbolo de resistência no país. Pág. 10
plantio e a comercialização de produtos transgênicos, desagradou ruralistas e o Ministério da Agricultura, que defendem os organismos geneticamente modificados (OGMs). Para Renate Künast, ministra de Defesa do
Consumidor, Alimentos e Agricultura da Alemanha, as portas da União Européia se fecharão aos OGMs em 2004. A empresa Caramuru Alimentos, optou pela soja convencional e se deu bem. Páginas 3, 4 e 5
Nabil Aljurani/AP/AE
Escaldados pelo Lula anuncia Nafta, mexicanos que o Mercosul rejeitam Alca ajudará a África
Continua causando polêmica o projeto de lei (PL) de biossegurança, enviado ao Congresso Nacional pelo governo. A proposta, que atende às exigências do Ministério do Meio Ambiente e cria normas para regular o
Estados Unidos impedem empresas iraquianas de fazer negócios, prejudicando a economia do país: trabalhadores iraquianos protestam em rua de Basra, contra o não pagamento de seus salários. Pág. 11
Marcio Baraldi
gados. No Pará, o Tribunal Internacional dos Crimes do Latifúndio condenou o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e o ex-governador do Pará, Almir Gabriel, por omissão e abuso de poder. Pág. 6
tárias. E os credores agradecem, porque o compromisso com o Fundo garante o pagamento dos juros da dívida e sua rolagem. Quanto aos brasileiros, já sabem o que lhes reserva o futuro: a economia seguirá patinando, com desemprego e queda de renda, porque o maior gargalo ao crescimento não foi removido – a vulnerabilidade externa e, com ela, a dependência dos humores do mercado financeiro e nenhuma soberania para executar políticas de interesse nacional. Pág. 7
Lei impõe limites a transgênicos. Ruralistas e Agricultura criticam
Justiça liberta sem-terra e confirma a perseguição política de juiz Onze integrantes do MST que estavam com prisão decretada receberam, dia 3, habeas corpus do Tribunal de Justiça de São Paulo. Dos onze decretos de prisão emitidos pelo juiz de Teodoro Sampaio, Átis Araújo de Oliveira, dez já foram revo-
oi tudo um jogo de cena. Afinal, dia 4, Joaquim Levy, secretário do Tesouro Nacional, anunciou que o governo Lula fará novo acordo com o Fundo Monetário Nacional (FMI). E não informou sobre os termos do acordo e valores envolvidos. A rigor, o governo atual não mudou nada em relação ao anterior: continua seguindo o receituário neoliberal do Fundo. Pior, incorpora suas políticas de arrocho à legislação do país, como a fixação do superávit primário na Lei de Diretrizes Orçamen-
Sem-terrinha: o sonho de fazer um país melhor Pág. 13
Idec denuncia fraudes da revista Veja Pág. 5
À luz de vela, muito samba na periferia de SP Pág. 16