Circulação Nacional
Uma visão popular do Brasil e do mundo
Ano 7 • Número 353
São Paulo, de 3 a 9 de dezembro de 2009
R$ 2,50 www.brasildefato.com.br Morales
Olimpíadas no Rio de Janeiro: começam as desapropriações
No Uruguai, um ex-guerrilheiro como presidente da continuidade De ex-guerrilheiro Tupamaro a presidente do Uruguai. José Pepe Mujica, de 74 anos, foi o vencedor das eleições do dia 29, após prometer consolidar e aprofundar as políticas implementadas pela gestão reformista de Tabaré Vásquez, que pertence à mesma agremiação política, a Frente Ampla. As palavras de ordem são mais empregos e unidade nacional. Durante a campanha eleitoral, ficaram claras as discrepâncias ideológicas existentes entre Mujica e o segundo colocado, o conservador Luis Alberto Lacalle, do Partido Nacional. Pág. 10
Uruguaios celebram a vitória de Pepe Mujica, que promete governo de conciliação
No Rio de Janeiro, já começam a surgir os primeiros impactos negativos que os Jogos Olímpicos de 2016 deverão provocar para a população pobre. O prefeito Eduardo Paes anunciou a remoção dos moradores da Vila Autódromo, onde deverá ser construído um Centro de Mídia. Com 4 mil habitantes, a comunidade foi titulada no início da década de 1990. “Não se poderia nunca removê-las sem se atuar num processo judicial”, protesta defensor público. Porém, a área a ser removida está encravada em grandes empreendimentos de classe alta, na Barra da Tijuca. Pág. 3
Reprodução
EUA reconhecem eleição e legitimam golpe em Honduras
Poder público do RS persegue movimentos, diz relatório Uma comissão da Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência apresentou no dia 26 um relatório denunciando a criminalização de movimentos sociais no Rio Grande do Sul. Segundo o documento, as organizações passaram a ser perseguidas após a instituição de Nota de Instrução que as qualifica como criminosas. “É de uma gravidade sem tamanho, uma gravidade que nós não assistíamos no Brasil desde a derrubada da ditadura militar”, lamenta Rogério Sottili, da SEDH. Pág. 5
Em Honduras, Porfírio Lobo comemora sua vitória
Na Bolívia, a periferia resiste ao golpe
Quanto mais o modelo de ultraexploração dos recursos naturais avança, mais o direito dos povos indígenas aos territórios tradicionais recebe pressões e ameaças. A situação de dois povos expõe exemplos gritantes. Em Rondônia, a violência contra o povo Miqueleno e seus apoiadores tem sido publicamente insuflada por funcionários do Incra e políticos. Já no Mato Grosso do Sul, o racismo radical contra os Guarani-Kaiowá pode ser comparado com a ideologia da Ku Klux Klan e tem se manifestado por meio do sistemático assassinato de lideranças indígenas. Págs. 6 e 7
Na segunda reportagem da série sobre o Plano 3000, o correspondente Vinicius Mansur resgata o papel que os habitantes da periferia de Santa Cruz de la Sierra desempenharam para frear, em 2008, o golpe de Estado que vinha sendo gestado pela elite da região contra o processo de mudanças conduzido pelo presidente Evo Morales. Pág. 11
La Rotonda (A Rotatória), no Plano 3000, na Bolívia
Filme explora relações entre empresários e regime militar “Brazuca”, “prostituta”, “ilegal”
ISSN 1978-5134
Vinícius Mansur
Leticia Barreto
A artista plástica Letícia Barreto reproduziu a foto de seu passaporte com a utilização de carimbos com as palavras “brazuca”, “prostituta” e “ilegal”, rótulos do estereótipo da mulher brasileira no exterior. Ela discute o tema, objeto de seu mestrado em Artes Visuais e Intermédia na Universidade de Évora, em entrevista ao Brasil de Fato. Pág. 12
O documentário Cidadão Boilesen, em cartaz nos cinemas, aborda um assunto normalmente “esquecido”: a participação dos empresários brasileiros no golpe militar de 1964 e o apoio à repressão dos militantes de esquerda. O filme traz como personagem principal o dinamarquês naturalizado brasileiro Henning Boilesen, presidente do Grupo Ultragás. O executivo é apontado como um dos articuladores da Operação Bandeirantes (Oban) e ficou conhecido por acompanhar sessões de tortura. Pág. 8
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Racismo e violência, base da ideologia anti-indígena
As eleições em Honduras que deram a vitória a Porfírio Lobo Sosa foram uma farsa. Mesmo “ilegal e ilegítimo”, o governo de Barack Obama reconheceu a validade do pleito. E fez mais. Segundo analistas, sua administração está por trás de toda a concepção do golpe. Enquanto isso, a mídia corporativa desinforma ao não revelar o “erro maior” de Honduras, associar-se à Alternativa Bolivariana para a América Latina e Caribe (Alba). Entretanto, mesmo que pese o desejo do império estadunidense de manter sua hegemonia na América Latina, a resistência do povo hondurenho à consolidação do golpe de Estado de 28 de junho foi traduzida por um dos maiores índices de abstenção da história do país, superior a 60%, de acordo com movimentos sociais. Págs. 2 e 9