Ano 1 • Número 35 • São Paulo • De 30 de outubro a 5 de novembro de 2003
Circulação Nacional
R$ 2,00
Paraná resiste e veta transgênicos
O Aqüífero Guarani, maior reserva de água doce do mundo, está na mira dos Estados Unidos. Esse seria o objetivo da estratégia estadunidense de militarizar a região da Tríplice Fronteira (Brasil, Argentina e Paraguai). Oficialmente, Washington diz que quer combater o terrorismo. O presidente dos EUA, George W. Bush, pretende obter imunidade para os militares e funcionários estadunidenses na região, mas não vem conseguindo sucesso. O aqüífero está no subsolo dos três países do Mercosul. Pág. 10
E mais: IDEOLOGIA – José Arbex Jr. comenta o Congresso da Internacional Socialista e discute o socialismo de resultados. Para o jornalista, é preciso ter cuidado com os exemplos de sucesso a seguir. Pág. 9 ÁFRICA – Votação na Suazilândia elege deputados naquela que é a única monarquia africana. A votação definiu 55 deputados. No entanto, mais 10 parlamentares foram indicados pelo rei Mswati III. Pág 12 ELEIÇÃO 2004 – Chico Alencar, pré-candidato a prefeito do Rio de Janeiro, e Plínio de Arruda Sampaio Jr., indicado como pré-candidato a prefeito de São Paulo, debatem as prévias do Partido dos Trabalhadores. Pág.14
STJ autoriza libertação de sem-terra Plebiscito sobre Alca ganha adesões Os presos políticos do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) não são “bando”, nem podem ser acusados por “formação de quadrilha”. Por isso, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) decidiu pela liber-
tação de três dos catorze detidos. Foram beneficiados Márcio Barreto, Cledson Mendes e Sérgio Pantaleão. José Rainha Júnior e Felinto Procópio vão continuar na cadeia. Pág. 6
Vereadores de São Paulo aprovam moção de apoio ao plebiscito sobre a participação do Brasil nas negociações da Área de Livre Comércio das Américas (Alca). Ideli Salvatti, relatora do projeto de Roberto Saturnino
(PT/RJ), que propõe o plebiscito, cogita dar parecer contrário. Em entrevista ao Brasil de Fato, Saturnino ironiza: “Se é para ter Alca, prefiro a anexação do país aos EUA”. Pág.9
Mês a mês, o brasileiro ganha cada vez menos
Soldado estadunidense retira à força civil iraquiano que procurava por seus parentes, após o ataque à sede da Cruz Vermelha dia 27de outubro. O atentado mais violento após a invasão ao Iraque deixou 40 mortos
Marcio Baraldi
EUA armam estratégia para dominar água
Manifestação em apoio a nova lei assinada pelo governador Roberto Requião (PR), que proíbe o plantio, a industrialização e a comercialização de soja transgênica
Hadi Mizban/AP/AE
A
pesar das pressões, Roberto Requião, governador do Paraná, se manteve firme: no dia 27, sancionou a lei que proíbe o plantio e o comércio de sementes transgênicas no Estado. Responsável por cerca de 30% da produção brasileira de grãos, o Paraná tem em vista os mercados europeu e chinês, que tendem a restringir as importações de transgênicos. Requião decidiu não esperar pelo Congresso, que tanto poderá proibir como liberar, de vez, o plantio de soja modificada. Mesmo em caso de liberação, o Paraná manterá a proibição: “O Estado tem autonomia para legislar. E, neste caso, a lei estadual prevalece sobre a federal”, afirma o procurador geral do Estado, Sérgio Botto de Lacerda. Pela lei, o Porto de Paranaguá não poderá escoar ou receber sementes transgênicas, e caminhões com o produto só poderão circular pelo Estado se a carga estiver lacrada e a origem da semente for comprovada. Os governadores Wellington Dias (PT), do Piauí, e Blairo Maggi (PPS), do Mato Grosso (maior produtor mundial de soja convencional) anunciaram idêntica disposição. Há informações segundo as quais os governadores de Goiás e de São Paulo fariam o mesmo. Pág. 3
Orlando Kissner/AE
Requião não espera pelo Congresso, que tanto pode proibir como liberar definitivamente o plantio de soja modificada
O rendimento médio real recebido pelos brasileiros ocupados continua caindo: em setembro, encolheu 2,4% em relação a agosto, e 14,6% frente a setembro de 2002. A redução da renda familiar levou mais pessoas a correr atrás de emprego. Mas, na TV, diante de quase 2,8 milhões de desempregados, mais de 8 milhões de empregados sem registro, e outros 2,3 milhões que nem recebem um salário mínimo, o ministro da Fazenda voltou a prometer “um tempo novo daqui para a frente”. Págs. 4 e 5
Petras: violência Plano propõe fim no campo é falha de privilégio do governo a latifundiários Em entrevista exclusiva ao Brasil de Fato, o sociólogo estadunidense James Petras critica a política agrária do governo Lula e culpa o presidente pelos crimes cometidos no campo. Para ele, está em prática, hoje, um “liberalismo taleban”, pois a não concretização das mudanças prometidas estimula o aumento da violência. Antes de ir para Belém (PA), para participar do Tribunal Internacional dos Crimes do Latifúndio, Petras falou da Organização das Nações Unidas (ONU), Área de Livre Comércio das Américas (Alca), Fundo Monetário Internacional (FMI), militarização da América Latina e sobre a sucessão presidencial e política externa dos EUA. Pág. 11
Pág. 6
Ambientalistas cobram promessas Pág. 13
Máquina inédita garante livros a preços baixos Pág. 16