Circulação Nacional
Uma visão popular do Brasil e do mundo
Ano 7 • Número 349
São Paulo, de 5 a 11 de novembro de 2009
R$ 2,50 www.brasildefato.com.br
Monumento a la Mujer Originaria
Governo RJ/Subsecretaria de Comunicação Social
A Argentina reescrita com outros símbolos
No RJ, a paz na favela por meio do controle e da coerção
O artista plástico Andrés Zerneri está trabalhando em prol de uma mobilização massiva e popular para substituir a estátua do General Julio Roca por um monumento feito de bronze que resgate as raízes argentinas, homenageando os povos indígenas. O escultor pretende concluir a imagem da “Mulher Originária” para as celebrações do Bicentenário da Independência do país, em 2010. No século 19, Roca dizimou 20 mil indígenas durante a expansão do território argentino. Pág. 8
Celebradas pelos meios de comunicação fluminenses como a solução definitiva para a violência no Estado, as Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs), programa do governo estadual, vêm preocupando moradores de favelas e analistas pelo excesso de controle, desrespeito à cidadania e elevação do custo de vida nas comunidades “beneficiadas”. “Você continua com a ideia de que favela é um lugar perigoso e precisa ser controlado”, acusa Itamar Silva, coordenador do Ibase. Pág. 3
Aracruz demite trabalhadores lesionados No Espírito Santo, cerca de 400 funcionários da Fibria, monocultora de eucaliptos resultante da união entre Aracruz Celulose e Votorantim Celulose e Papel, desenvolveram doenças oriundas do trabalho. As lesões são comprovadas por laudo de 142 folhas elaborado pela Delegacia Regional do Trabalho (DRT), que recebeu a concordância do Ministério Público do Trabalho de São Mateus, no norte do Estado. Os problemas físicos
são decorrentes das longas jornadas a que são submetidos os empregados da colheita, que ainda chamam a empresa de Aracruz. O manual de instrução da máquina que ajuda no serviço estabelece que, para cada hora trabalhada, deve haver 20 minutos de descanso. Entretanto, a jornada chega a oito horas ininterruptas. Incapazes de exercer a função em decorrência das lesões, muitos funcionários foram demitidos. Págs. 6 e 7 Ricardo Almeida/SMCS
Relatores não tocam o cerne do projeto do pré-sal
Em Curitiba, a luta por “Minha Casa, Minha Vida”
A Câmara dos Deputados precisa votar até o dia 10, independentemente da aprovação dos relatórios, os quatro projetos de lei sobre a exploração do pré-sal enviados pelo governo federal. Entretanto, nenhum dos relatores tocou nos eixos principais das propostas, deixando vários pontos em aberto, como a definição da parcela da União nos contratos. Pág. 4
Na capital paranaense, trabalhadores se organizam no movimento “Nossa Luta, Nossa História”, para garantir o acesso ao programa de habitação “Minha Casa, Minha Vida”, do governo federal. O programa prevê a construção de 1 milhão de casas por meio de financiamento a empresas da construção civil pela Caixa Econômica Federal. As incorporadoras e empreiteiras executam projetos, que podem ser elaborados por elas mesmas, a partir de cadastramento centralizado pelo banco público e fornecido por prefeituras, Cohabs e movimentos sociais. O “Nossa Luta, Nossa História” surge nesse caldo, em curto espaço de tempo, com 2,5 mil cadastrados em bairros e vilas da periferia de Curitiba. Pág. 5
Casas da Cohab no Bairro Novo, em Curitiba (PR) Reprodução
Cuba e Bolívia: contra a lógica da medicina privatizada Iniciado em fevereiro de 2006, o trabalho da Brigada Médica Cubana na Bolívia, posto em marcha por meio de acordo entre o então presidente cubano, Fidel Castro, e o mandatário boliviano, Evo Morales, já contabiliza mais de 30 milhões de atendimentos e 25 mil vidas salvas. Hoje, estão na Bolívia mais de 1,6 mil profissionais da saúde vindos de Cuba. No entanto, a cooperação enfrenta obstáculos, como a cultura da medicina privada e as ações da oposição a Evo. Pág. 10
Hondurenhos responderão a golpista
20 anos depois, queda do Muro de Berlim ainda afeta a esquerda Em novembro de 1989, o muro que separava a Berlim ocidental da oriental ruiu, após protestos de cidadãos alemães. Com ele, caiu o governo socialista da Alemanha oriental e, posteriormente, de todo o leste europeu e URSS. A derrocada do bloco socialista trouxe uma crise ideológica à esquerda. À época, parte dela entusiasmou-se com as manifestações por liberdades na Alemanha oriental, mas hoje lamenta o processo de empobrecimento da região. Pág. 12
O Congresso de Honduras vai referendar ou não o acordo de Guaymuras, que prevê a restituição do presidente deposto, Manuel Zelaya, à presidência. No entanto, o membro da Resistência hondurenha Rafael Alegría afirma ao Brasil de Fato que os movimentos chamarão pela abstenção nas eleições de novembro caso Zelaya não seja restituído em breve. Pág. 9 ISSN 1978-5134
Artista pinta painel em pedaço do muro que dividia Berlim e que ainda está de pé