Circulação Nacional
Uma visão popular do Brasil e do mundo
Ano 7 • Número 333
São Paulo, de 16 a 22 de julho de 2009
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Honduras: mediação de Arias é armadilha
Famílias no Nordeste ainda vivem o drama das enchentes
Impasse. Assim segue a situação em Honduras pouco mais de duas semanas após o golpe de Estado que retirou Manuel Zelaya da presidência. De acordo com os movimentos populares locais, as negociações intermediadas pelo mandatário costarriquenho Óscar Arias não apresentaram nenhum avanço. Na avaliação desses setores, Zelaya errou ao aceitar negociar por intermédio de Arias, notoriamente alinhado às políticas externas estadunidenses para o continente desde a década de 1980, quando foi peçachave para a repressão do movimento sandinista, na Nicarágua. Paralelamente a isso, continuam as mobilizações pela volta da ordem constitucional. Pág. 9
Usinas no rio Madeira, uma história de 100 anos O complexo do rio Madeira, que prevê a construção de duas hidrelétricas, repete os mesmos erros dos projetos de desenvolvimento para a Amazônia de um século atrás. Em 1907, o estadunidense Percival Farquhar iniciou as obras da ferrovia Madeira-Mamoré. O objetivo era ultrapassar o trecho de cachoeiras do rio e facilitar o escoamento da borracha, via rio Amazonas, até o mercado exterior. O declínio do preço do látex inviabilizou a atividade e a estrada foi fechada em 1966. No seu lugar foi feita a BR-364, conhecida como “Rodovia do Ouro” e que se justificou no período de expansão do garimpo. O complexo do Madeira servirá para cumprir o mesmo trecho de cachoeiras, dessa vez, por via fluvial. Pág. 5
Homem tenta limpar sujeira da enchente em Trizidela do Vale, no Maranhão
EUA testam nova estratégia de militarização na América Latina Colômbia, Peru e México são, na América Latina, os laboratórios preferidos pelos falcões estadunidenses para sua nova política de guerra: a contrainsurgência. De acordo com a pesquisadora mexicana Ana Esther Ceceña, a atual influência dos EUA na militarização latino-americana pode ser vista de forma diluída nas diversas diretrizes de segurança nacional. O pretexto
é o combate ao narcotráfico e ao “terrorismo”, mas, na prática, visa-se conter as organizações sociais do continente. No Paraguai, tal política é evidenciada mesmo sob o governo de Fernando Lugo: os EUA continuam sendo um dos principais colaboradores na área de segurança pública e a repressão aos camponeses se mantém. Págs. 10 e 11 Maurizzio Brambatti/G8
No G8, Bric rejeita proposta estadunidense No encontro do G8 na Itália, os países convidados roubaram a cena. Na reunião das maiores economias mundiais, Brasil, Rússia, Índia e China, o Bric, rejeitaram a proposta dos EUA para a redução de gases poluentes. A China considerou que a proposta estadunidense visava coibir o crescimento do bloco. Pág. 12
Fim da hegemonia do dólar depende da vontade de governos ISSN 1978-5134
Passados mais de dois meses depois da tragédia – estima-se que mais de 1,3 milhão de pessoas foram afetadas – o cenário dos municípios atingidos pelas cheias é alarmante. Onde antes viviam comunidades inteiras, há apenas casas destruídas e centenas de famílias esquecidas, sem alternativas para reconstruírem suas vidas. Nos estados do Maranhão, Piauí e Ceará, as famílias que tiveram suas casas total ou parcialmente destruídas ainda aguardam alguma definição sobre o repasse de verbas através das prefeituras para a reconstrução das casas. Pág. 4
Em entrevista, Maria Lúcia Fatorelli, coordenadora do movimento Auditoria Cidadã da Dívida, explica que a exclusividade do dólar no comércio internacional
dificulta o enfrentamento da crise econômica, uma vez que ela eleva o custo das trocas entre os países. Para mudar o quadro, basta vontade dos governos. Pág. 7
Comunidades do Rio criticam PAC-Favelas Programa do governo federal destina recursos para favelas do Rio de Janeiro, porém comunidades caren-
tes acusam o PAC-Favelas de ser antidemocrático, eleitoreiro e superficial. As críticas foram levantadas com lide-
ranças e movimentos locais a partir de pesquisa do Ibase sobre as obras no Complexo de Manguinhos. Pág. 3 Leandro Uchoas
AFOGANDO EM NÚMEROS Reprodução
Na África do Sul, 70 mil operários, responsáveis pela construção dos estádios e da infraestrutura da Copa do Mundo de 2010, entraram em greve por um reajuste de 13%. Atualmente, a média salarial é de 224 dólares. O preço dos ingressos mais baratos para acompanhar os sete jogos que uma seleção pode fazer na competição, 479 dólares, equivale a 65 dias de trabalho.
Favela da Rocinha (RJ), que receberá investimentos do PAC