BDF_326

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Circulação Nacional

Uma visão popular do Brasil e do mundo

Ano 7 • Número 326

São Paulo, de 28 de maio a 3 de junho de 2009

R$ 2,50 www.brasildefato.com.br Rafael Andrade/Folha Imagem

Privatizado, transporte no RJ está em colapso Ao final dos anos de 1990, sob gestão do PSBD, o Rio de Janeiro privatizou os chamados três modais da área de transportes: aquaviário, ferroviário e metroviário. A promessa era de que, saindo do controle público a gestão melhoraria. Onze anos depois, porém, o que se vê é caos. O quadro de funcionários foi reduzido e a incidência de acidentes cresceu. A quantidade de passageiros passou de 500 mil a 1,1 milhão por dia. A Supervia, que administra os 225 quilômetros de ferrovias, não comprou sequer um novo trem nesse período. Pág. 4

Criminalizados na luta pela terra, Xukuru são condenados Longe do senso comum entre os brasileiros, que repetem que “no Brasil índio não pode ser preso”, o povo Xukuru de Pernambuco tem enfrentado um duro processo de criminalização. A reversão dos papéis, que coloca inocentes no lugar de criminosos e criminosos no lugar de inocentes, é uma das tônicas no processo de reconquista e controle do território tradicional desse povo. Pág. 8

AI-5 Digital: PL focado na internet lembra a ditadura A ponto de ser aprovado no Congresso, um projeto de lei do senador Eduardo Azeredo (PSDBMG), também conhecido como AI-5 Digital, objetiva oficialmente tipificar condutas praticadas na internet. Mas, na realidade, a proposta é vigiar os hábitos da população brasileira e impedir o livre acesso de informações. O PL atende aos interesses de bancos e da indústria cultural. Pág. 7

Sindicalistas e militantes de movimentos sociais realizam protesto contra a instauração da CPI da Petrobras diante da sede da empresa, no Rio de Janeiro

Com CPI da Petrobras, direita quer definir rumos do pré-sal A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Petrobras é uma investida da direita para questionar o caráter estatal da empresa e desviar o foco sobre as grandes descobertas na camada pré-sal. Essa é a visão dos movimentos sociais que defendem a estatal e repudiam essa ofensiva das elites contra o patrimônio público. Agora, o foco da

discussão muda, e a questão do marco regulatório pode perder força, dando continuidade aos leilões. E isso não é necessariamente uma coincidência, de acordo com Antônio Carlos Spis, petroleiro da executiva da CUT: “As descobertas do pré-sal assanharam as transnacionais que têm bilhões de dólares para aplicar em políticos”. Págs. 2 e 3 Maria Aparecida/MST

Funcionamento do Banco do Sul ainda é incerto

Essência do capital está mais exposta, diz economista Para o professor de economia da UFMG João Antonio de Paula, a crise econômica tem revelado a face bárbara do sistema capitalista. De acordo com ele, os impactos da crise devem ser mais explicitados no Brasil num futuro próximo, já que os contratos das exportações devem vencer e ser diminuídos. O saldo da crise será a construção de uma nova ordem mundial baseada na multipolaridade econômica. Pág. 5

ISSN 1978-5134

5° Encontro Nacional de Violeiros reuniu mais de 40 duplas em Ribeirão Preto, interior de São Paulo

Violeiros mantêm a cultura sertaneja Organizado pelo coletivo de cultura do MST, o 5º Encontro Nacional de Violeiros realizado entre os dias

23 e 24 de maio reuniu, em Ribeirão Preto (SP), mais de 40 duplas de todo o país. “O que era apenas para ser uma

brincadeira virou uma coisa séria”, diz Pereira da Viola, presidente da Associação Nacional de Violeiros. Pág. 12

Leandro Uchoas

Violência – O pescador Paulo César Santos, de 45 anos, foi assassinado na cidade de Magé (RJ) no dia 24 de maio. O crime ainda não foi esclarecido, mas sabe-se que ele ocorreu 6 horas após a interdição das obras da empresa GDK na região, motivada pelas denúncias da Associação dos Homens do Mar, da qual Paulo César era tesoureiro. Os trabalhadores da região apontaram irregularidades ambientais e trabalhistas promovidas pela empresa – que prestava serviço à Petrobras – e chegaram a realizar bloqueios no mar para dificultar as obras.

Após um ano e meio de negociações, o Banco do Sul está mais próximo de se tornar realidade. Na prática, falta apenas a aprovação do projeto pelos parlamentos dos países participantes. A novidade, porém, não está sendo festejada pelos movimentos sociais. Pouco se sabe sobre o conteúdo do projeto, já que nenhum documento oficial sobre como funcionará o banco foi divulgado. Organizações da sociedade civil apontam que não há transparência no processo e que a instituição deverá financiar grandes obras de infraestrutura, como a IIRSA. “Sabemos que existe um grande lobby do agronegócio e das empreiteiras brasileiras para isso”, afirma Ricardo Verdum, do Inesc. Pág. 9 Leandro Uchoas

AFOGANDO EM NÚMEROS

A redução do IPI de automóveis, promovida pelo governo, deve acarretar uma perda de até R$

4,7 bilhões anuais para a União. Com esse valor, poderiam ser construídos 105

km de metrô, com 80 novos

trens. As novas linhas iriam beneficiar

6,4 milhões de pessoas.


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