Circulação Nacional
Uma visão popular do Brasil e do mundo
Ano 6 • Número 292
São Paulo, de 2 a 8 de outubro de 2008
R$ 2,00 www.brasildefato.com.br
João Zinclar
Nova Constituição do Equador abre caminho para mudanças
Dia da Criança celebra convite ao mercado
Com um vitória ampla de 64% dos votos, o povo equatoriano disse “sim” à nova Constituição, elaborada durante todo o primeiro semestre deste ano pela Assembléia Constituinte. Agora, o próximo passo é convocar novas eleições no país, que devem ocorrer em fevereiro de 2009 – inclusive para presidente – quando cerca de 3 mil cargos públicos devem ser renovados.
Embora Rafael Correa não tenha ainda declarado publicamente sua candidatura, é improvável que outro político passe a ocupar a cadeira presidencial no ano que vem. Movimentos sociais – ainda que com ressalvas – apoiaram a aprovação do novo texto. Um dos pontos positivos, apontam, é colocar o Estado como controlador e ator econômico no país. Págs. 2 e 10 Presidência da República do Equador
Idealizado como um dia para homenagear a criança e discutir medidas relativas à sua saúde, educação e lazer, o 12 de outubro transformou-se em uma data voltada aos interesses do mercado. Por meio da publicidade direcionada ao público infantil, as empresas estimulam o consumismo precoce e a inversão de valores. Pág. 3 World Economic Forum/CC
O presidente do Equador, Rafael Correa, comemora a nova Constituição aprovada em referendo
Na Bolívia, a luta é pela posse da terra Para salvar honra sionista, sai Olmert, entra Livni
A oposição radical da direita contra o governo de Evo Morales tem sua origem na questão fundiária. Em entrevista, o diretor-geral
do Vice-Ministério de Terras da Bolívia, Cliver Rocha Rojo, afirma que “a luta pela terra, pelo território e pelos recursos naturais é o centro
da luta de classes e do próprio poder” no país. Em Santa Cruz, por exemplo, apenas 15 famílias controlam 512 mil hectares. Pág. 9 José Luís Quintana/ABI
A renúncia do primeiro-ministro de Israel, Ehud Olmert, acusado de corrupção, foi a solução encontrada para a classe média e sobretudo os setores ortodoxos acreditarem que a moral e a honra do Estado sionista foram salvas. Assim que consiga formar uma nova coalizão de governo, a chanceler Tzipi Livni assumirá o cargo. Pág. 12
Crise dos EUA deixa claro como o capitalismo funciona “Eu estou achando a crise maravilhosa”, declara, em entrevista, Nildo Ouriques, economista da Universidade Federal de Santa Catarina. Para ele, os abalos no mercado financeiro dos EUA desorganizam os interesses
da classe dominante e esclarecem como funciona o sistema. “Fica claro que o Estado está aí para favorecer os ricos”, afirma, referindo-se aos pacotes apresentados pelos governos para enfrentar a crise. Págs. 2 e 11
Manifestação em Chuquisaca: luta para mudar estrutura agrária desigual
Antônio Milena/ABr
“Segundo as autoridades usamericanas, o objetivo da Quarta Frota é ‘realizar ações humanitáriasʼ. Então, para que tantos mísseis?”, indaga Frei Betto, referindose à esquadra dos Estados Unidos para a América Latina reativada em 12 de julho, composta por 22 navios: quatro cruzadores com mísseis, quatro destróieres com mísseis, 13 fragatas com mísseis e um navio hospital.
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AFOGANDO EM NÚMEROS
700 bilhões
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de dólares é o valor do pacote do governo dos Estados Unidos.
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O mesmo que: • 26 vezes o valor do Proer brasileiro, dinheiro dado por Fernando Henrique aos banqueiros, que foi de 24 bilhões de dólares •
6% do PIB dos EUA, que é de13,8 trilhões de dólares.
• 14 mil “Robinhos”, vendido ao Manchester City por 55 milhões de dólares. • 70 vezes a fortuna de Antônio Ermírio de Moraes, o 77º homem mais rico do mundo.
Despolitizada, eleição é marcada pela apatia No dia 5, os brasileiros vão às urnas para escolher seus representantes municipais. Para a esquerda, o processo eleitoral sempre foi um espaço para se debater os problemas do povo e fazer a disputa de projetos. No entanto, essa campanha se caracterizou como a mais despolitizada dos últimos tempos. Essa é a impressão da maioria de 17 entrevistados. Fruto do descenso do movimento de massas, da crise ideológica dos partidos de esquerda e da manipulação financeira. Págs. 2, 4 e 5
Mostra de filmes discute direitos humanos A 3ª Mostra Cinema e Direitos Humanos na América do Sul percorre 12 capitais brasileiras exibindo produções latino-americanas que discutem maneiras de construir um mundo mais justo e solidário. Realizada no ano em que a Declaração Universal dos Direitos Humanos completa 60 anos, a mostra busca dialogar com o continente, transformando o cinema em um espaço de crítica e reflexão da região. Pág. 8 ISSN 1978-5134