Circulação Nacional
Uma visão popular do Brasil e do mundo
Ano 6 • Número 284
São Paulo, de 7 a 13 de agosto de 2008
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Fábio Pozzebom/ABr
Monsanto na USP. Halliburton na Agência Nacional do Petróleo ainda ficaria subordinada a uma lei dos EUA. Parcerias como essa não são novidade, mas afastam instituições públicas da sociedade e as instrumentalizam para atender interesses privados. Já a Halliburton, segundo denúncia de engenheiros da Petrobras, controla há 10 anos o Banco de Dados de Exploração e Produção da Agência Nacional de Petróleo (ANP). Págs. 4 e 5 Arquivo MST
CULTURA A saída de Gilberto Gil tardou demais, e o Ministério da Cultura está onde sempre esteve: na irrelevante periferia das políticas públicas.
Transnacionais estadunidenses avançam sobre setores estratégicos do Estado brasileiro. Reportagem do Brasil de Fato revela que, no início deste ano, a Monsanto firmou convênio de iniciação científica com a Universidade de São Paulo. Num primeiro contrato, revisto após pressão de professores, a USP se submeteria a sigilo absoluto e
Pág. 12
Rondônia é o Estado que mais desmata Pesquisa do Grupo de Trabalho Amazônico aponta Rondônia como o Estado que, proporcionalmente à sua área, mais desmata no Brasil. 38% da floresta original teriam sido derrubados. De acordo com o estudo, a responsabilidade é da iniciativa privada, facilitada pela omissão do Poder Público. Pág. 7 Ricardo Stuckert/ABr
Em jornada nacional, MST cobra reforma agrária e denuncia prioridade do governo Lula pelo agronegócio. Pág. 8
Transnacionais enviam lucros recordes às suas matrizes A remessa de lucros das transnacionais às suas matrizes somou 18,993 bilhões de dólares no primeiro semestre, um recorde. A marca gerou outro fato inédito: o deficit da conta corrente do balanço de pagamentos foi de 17,7 bilhões de dólares, pior resultado desde 1947, quando o índice começou a ser medido. Para economistas, esses resultados refletem a política de valorização do Real e a internacionalização de parte do setor produtivo. Pág. 3 Alejandro Azcuy/ABI
Militares torturadores devem ser punidos Crimes cometidos por funcionários públicos durante a ditadura civilmilitar são comuns, e não políticos; por isso, seus autores não podem ser
beneficiados pela anistia de 1979. Essa é a avaliação dos ministros da Justiça, Tarso Genro, e da Secretaria Especial de Direitos Humanos, Paulo Vanucchi, que
defendem a punição aos torturadores da ditadura. Vanucchi entende que o Brasil trata a anistia de modo diferente de todos os demais países do mundo.
Para ele, um dos motivos de não se ter ido a fundo na questão é o fato de muitos torturadores manterem cargos e muita influência no país. Págs. 2 e 6 Antonio Cruz/ABr
Tensão cerca referendo na Bolívia
Honduras vai se integrar à Alba O presidente de Honduras, Manuel Zelaya, afirmou que seu país se transformará em um membro pleno da Alternativa Bolivariana para as Américas (Alba). Para ele, os planos de integração promovidos pela Venezuela são uma nova resposta a velhos problemas da América Latina. O anúncio foi feito durante a Primeira Cúpula de Ministros de Agricultura do mecanismo integrador Petrocaribe, realizado no dia 30 de julho, em Tegucigalpa, capital hondurenha. Pág. 10
Os ministros Paulo Vanucchi, da Secretaria Especial de Direitos Humanos, e Tarso Genro, da Justiça WEF/CC
Brasil insiste no velho mantra do livre comércio O motivo central apontado pela mídia corporativa como a gota d’água para o fim das negociações da Rodada de Doha, da Organização Mundial do Comércio (OMC), no dia 29 de julho, foi o antagonismo entre Estados Unidos e Índia com relação a um mecanismo de salvaguarda. Pouco se discutiu, entretanto, a forma agressiva
de liberalização comercial quase que imposta, tanto pelos Estados Unidos como pela União Européia, junto aos países em desenvolvimento. Mesmo assim, o Brasil insiste em seguir com a Rodada. Pág. 11
No dia 10, os bolivianos irão às urnas decidir se revogam ou não o mandato do presidente, do vice e dos governadores departamentais. Mobilizações à esquerda e à direita conturbam situação política do país, mas, segundo o enviado do Brasil de Fato a Cochabamba Igor Ojeda, o governo Evo Morales e os movimentos sociais vêem com otimismo a possibilidade de revogar o mandato do governador local, um dos principais nomes da direita, e alterar nacionalmente a correlação de forças em seu favor. Pág. 9