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Circulação Nacional

Uma visão popular do Brasil e do mundo

Ano 6 • Número 275

São Paulo, de 5 a 11 de junho de 2008

R$ 2,00 www.brasildefato.com.br

Reprodução

Renato Stockler

CONTRACULTURA

BOLÍVIA No mesmo período do referendo sobre o estatuto autonômico do Beni, indígenas lançam filme de ficção sobre atuação dos grupos econômicos locais. Pág. 10 Cortador de cana da região de Ribeirão Preto (SP)

Por mais etanol, Lula libera exploração dos cortadores

Woodstock e maio de 68 são retratos do movimento O presidente Luiz Inácio Lula da A mostra Vida Louca, Vida Intensa – Uma viagem pela Contracultura expõe um movimento social que não se reduziu ao chavão “sexo, drogas e rock n’ roll”, mas que contestou os valores morais de uma época, introduzindo a política no cotidiano das pessoas. Até hoje, Paris e Woodstock refletem o questionamento de um modo de vida repressivo. Pág. 12

Silva, mais uma vez, minimizou as precárias condições de trabalho dos cortadores de cana para defender os agrocombustíveis. Às vésperas da reunião da ONU, em Roma, o petista comparou o esforço dos canavieiros com o dos mineradores de carvão europeus, historicamente submetidos à superexploração para fornecer energia ao desenvolvimento

do capitalismo industrial. Dessa maneira, Lula ignora as mortes por esforço de ao menos 21 pessoas nos canaviais paulistas, entre 2004 e 2007. Além disso, reforça um modelo que subordina novas extensões de terra e mais trabalhadores ao mercado global de combustíveis e alimentos, setor totalmente controlado pelas transnacionais. Págs. 2, 3 e Edição Especial

Para reduzir jornada, 1 mi subscrevem abaixo-assinado As maiores centrais sindicais do país realizaram atos de rua, paralisações e panfletagens, no dia 28 de maio, reivindicando a redução da jornada de trabalho para 40 horas semanais, sem diminuição de salário. Analistas apontam que a campanha pode significar um marco no sindicalismo, pois estaria deixando de lutar pela manutenção de direitos para vislumbrar novas conquistas. As centrais entregaram mais de 1 milhão de assinaturas na Câmara e pretendem pressionar o parlamento para votar um projeto de lei que reduz a jornada. Pág. 8

Verena Glass

MPF pede punição pelas mortes da ditadura O Ministério Público Federal deu mais um passo para responsabilizar militares por seqüestros, torturas e homicídios cometidos durante a ditadura militar. Uma ação civil pública, movida pelo órgão em maio, exige que dois ex-comandantes do Doi-Codi, Carlos Alberto Brilhante Ustra e Audir Santos Maciel, sejam julgados pelas 64 mortes registradas no órgão repressor. Em entrevista ao Brasil de Fato, um dos proponentes da ação, o procurador Marlon Weichert, afirma que a Lei de Anistia não se aplica a agentes do Estado. “Essa interpretação é forjada, artificial. Essa Lei de 1979 foi apenas para quem agiu contra o Estado, os chamados crimes conexos e crimes com motivação política”, defende. Pág. 7

O que a mídia não mostrou do encontro dos

Kayapó

Kayapó reunidos em Altamira, sudoeste do Pará, para discutir o projeto da hidrelétrica de Belo Monte, no encontro Xingu Vivo para Sempre

Indígenas prometem defender suas terras Os participantes do encontro Xingu Vivo para Sempre reuniram-se em Altamira (PA) para discutir os impactos sociais e ambientais da construção da hidrelétrica de Belo Monte. A imprensa apenas noticiou um incidente ocorrido entre índios Kayapó e um engenheiro da Eletrobrás. O documento final do evento mostrou ao país que índios, ribeirinhos e pequenos agricultores da região vão lutar por seus direitos e seus territórios. Em outra frente, Dionito de Souza, do Conselho Indígena de Roraima, defende o direito de permanecer na reserva Raposa Serra do Sol, em Roraima. “Está ocorrendo apenas a suspensão da retirada dos não-índios, mas a terra ali é toda dos indígenas”. Págs. 4 e 5

Fabio Rodrigues Pozzebom/ABr

Missão no Haiti não cumpriu os seus objetivos Em visita ao Haiti, o presidente Lula disse que as tropas da ONU lideradas pelo Brasil percorreram apenas metade do caminho; no “segundo tempo”, a atuação seria diferente. Mas, segundo analistas, a missão não tem colaborado para atender aos objetivos propostos: garantir o cumprimento dos direitos humanos, manter a institucionalidade e conformar uma força de segurança pública. Pág. 9

Há quatro anos no Haiti, tropas de paz da ONU sofrem acusações de abuso sexual infantil

ESPECIAL Nesta edição, encarte traz alternativas à crise mundial dos alimentos


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