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Circulação Nacional

Uma visão popular do Brasil e do mundo

Ano 6 • Número 269

São Paulo, de 24 a 30 de abril de 2008

R$ 2,00 www.brasildefato.com.br

O dia 20 de abril de 2008 ficará marcado na história do Paraguai como o dia em que o Partido Colorado – agremiação do ditador Alfredo Stroessner – deixou o poder após 61 anos de dominação política. O ex-bispo Fernando Lugo, candidato pela APC (Aliança Patriótica para a Mudança, na sigla em espanhol), foi eleito com pouco mais de

40% dos votos, obtendo dez pontos percentuais a mais que Blanca Ovelar, sua principal adversária. Pedro Carrano, enviado especial a Assunção, informa que o desafio do novo governo agora é não se afastar do movimento popular, que construiu a candidatura de Lugo em meio aos diversos grupos políticos que fazem parte da APC. Págs. 2 e 9

Adriana Franciosi/Agência RBS/Folha Imagem

Com apoio dos movimentos populares, Lugo vence no Paraguai

Tekojoja se faz de “baixo para cima” O Movimento Popular Tekojoja (que significa “viver entre iguais”, em guarani) surgiu em 2006 a partir da inquietação de intelectuais, militantes e dirigentes de movimentos. De acordo com Joaquín Bonett, a organização do Tekojoja se faz de “baixo para cima”. O programa do movimento, que veio a organizar a plataforma da APC, nasceu de uma síntese chamada ñemongueta guazu (“grande diálogo

com o povo”), assembléias massivas organizadas em cada rincão do Paraguai. O Tekojoja organizou células que começavam nos bairros, estendiam-se até os distritos (cidades), e então para os departamentos (Estados). O primeiro recorrido levantou as demandas da população. O segundo levantou a pergunta sobre como fazer e como transformá-las em uma plataforma de poder. Pág. 9

Fernando Lugo e eleitores comemoram a vitória que acabou com 61 anos de hegemonia do Partido Colorado

Metade da nova reserva de petróleo já está destinada às transnacionais As recentes declarações de Haroldo Lima, diretor-geral da Agência Nacional do Petróleo (ANP), dão conta de que o Brasil terá, na Bacia de Santos, a 3ª maior reserva de petróleo do mundo. No mercado financeiro, as ações da Petrobras dispararam. Já os movimentos sociais trataram de ressaltar a

importância de retomar o controle nacional do petróleo. O engenheiro Paulo Metri afirma que a Petrobras poderá explorar apenas 45% da reserva Carioca, qualquer que seja seu tamanho, enquanto as transnacionais Repsol (espanhola) e British Gas (inglesa) terão 25% e 30%, respectivamente. Pág. 3 João Zinclar

O alto preço dos alimentos no mundo

Haiti, um país em tensão permanente

A produção em massa de vegetais – como a canade-açúcar – destinados aos agrocombustíveis elimina áreas que poderiam ser utilizadas para produção de alimentos. A afirmação é de Jean Ziegler, relator especial da ONU para o Direito à Alimentação. O presidente Lula rebateu, dizendo que “o verdadeiro crime contra a humanidade será descartar a priori os biocombustíveis e relegar os países estrangulados pela falta de alimento e de energia à dependência e à insegurança”. Pág. 5

Como se não bastasse a ocupação por tropas da ONU, o preço dos cereais disparou 88% no país desde março de 2007. O arroz triplicou seu preço em menos de uma semana. Claudia Jardim informa que o aumento do petróleo, uma maior demanda de alimentos dos países asiáticos e a pressão para a produção dos agrocombustíveis incidiram nos preços. Para Camille Chalmers, há uma relação de tudo isso com a especulação do mercado financeiro mundial. Pág. 10 Guillaume de CROP

Em Jornada de Luta pela Reforma Agrária, militantes do MST da região de Americana e Cosmópolis marcham para a Usina Ester

Hidrelétricas a serviço do grande Capital

Reforma agrária não é mais pauta do governo brasileiro

Ocupação na UnB questiona democracia

A construção de novas hidrelétricas no Brasil têm, basicamente, um objetivo: assegurar o abastecimento de energia para grandes transnacionais, como Vale e Votorantim. Esta última, por exemplo, seria a grande beneficiária da usina de Tijuco Alto, no Vale do Ribeira, onde a transnacional mantém uma fábrica de alumínio. Pág. 7

O estreitamento dos laços entre o governo Lula e o agronegócio não deixa mais espaço para se pensar na realização da reforma agrária durante o governo petista. A avaliação é de Guilherme Delgado, economista aposentado do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), e um dos autores do II Plano Nacional de Reforma Agrária,

A ocupação da reitoria da Universidade de Brasília, instituição federal de ensino superior, colocou novamente em pauta a necessidade de modelos de gestão mais democráticos nas universidades públicas. Para a socióloga e professora da Universidade Estadual Paulista Orlanda Pinassi, hoje há uma democracia muito relativa. Pág. 6

engavetado por Lula. “Fica inviável até mesmo administrar os assentamentos existentes, porque as áreas são objetos de cobiça da invasão do agronegócio”, defende. Pág. 4

TRANSGÊNICOS Na França, o Faucheurs Volontaires reúne médicos, escritores, jornalistas e estudantes, além de camponeses. Pág. 12


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