Circulação Nacional
Uma visão popular do Brasil e do mundo
Ano 5 • Número 254
São Paulo, de 10 a 16 de janeiro de 2008
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O desafio da esquerda é construir a unidade e intensificar as lutas Christiane Campos-MST
Marcha de integrantes do MST no Rio Grande do Sul
Mesmo com desavenças políticoeleitorais, a esquerda brasileira construiu uma unidade em três jornadas durante 2007. Um amplo espectro de organizações participou conjuntamente das mobilizações do dia 23 de maio (na luta por nenhum direito a menos), da jornada em defesa da educação e da campanha pela nulidade do leilão da Companhia Vale do Rio Doce. A perspectiva das organizações para 2008 é de promover novas lutas, mantendo a unidade. Neste ano, o Fórum Social Mundial será a primeira atividade do calendário comum. A mobilização descentralizada priorizará atos no dia 26 de janeiro. A União Nacional dos Estudantes (UNE) planeja realizar uma nova jornada da educação ainda no primeiro semestre. Págs. 2 e 3 Ricardo Stuckert-PR
Na Argentina, movimentos buscam a construção do poder popular Solanas analisa o momento das organizações populares Em meio ao clima de crescimento econômico, a política “kirchnerista” obtém a simpatia da maioria dos argentinos. Já os movimentos populares vivem um período do descenso, dentro de um
contexto de desmobilização e sem influência na disputa eleitoral. Situação oposta a de 2001, quando um levante popular iniciou ações com bloqueios de estradas e ocupações de áreas na periferia.
Em entrevista, Pablo Solanas, liderança do movimento piquetero, aponta que construir o poder popular é o desafio das organizações sociais no governo de Cristina Kirchner. Pág. 10 iMC Argentina
Marcha de piqueteros na Argentina
Em debate, uma Privatização de menor jornada prisões nos EUA e Inglaterra tem de trabalho maus resultados Em 2008, as centrais sin-
dicais dedicarão esforços para pressionar o Congresso Nacional a aprovar uma proposta de emenda constitucional que pode reduzir a jornada de trabalho em nove horas, três anos após sua aprovação. Já o economista Márcio Pochmann, presidente do Ipea, acredita ser possível uma jornada de três dias, com quatro horas diárias de trabalho. Pág. 8
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Ao contrário do que afirma o discurso hegemônico, a privatização de presídios não é solução para resolver problemas no sistema carcerário; no caso do Brasil, um setor em crise há décadas. Em entrevista ao Brasil de Fato, o professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Laurindo Dias Minhoto, afirma que experiências internacionais nesse sentido têm sido insatisfatórias. A seu ver, nenhuma política carcerária será eficaz se não houver ampliação dos direitos sociais. Pág. 7
Um ano de Ortega e contradições na Nicarágua O primeiro ano de Daniel Ortega no comando da Nicarágua está marcado por um governo “esquizofrênico”, afirma Mônica Baltodano, ex-comandante guerrilheira. Crítica do alinhamento da Frente Sandinista de Libertação Nacional (FSLN) com a oligarquia nicaragüense, Baltodano analisa as alianças que o excompanheiro de trincheira Ortega costura com Cuba e Venezuela, ao mesmo tempo em que mantém as relações privilegiadas do capital internacional. Pág. 9
Etanol redireciona a política externa brasileira O interesse dos Estados Unidos na produção de etanol, materializado na visita que George W. Bush fez ao Brasil em março de 2007, vem alterando a política externa que, no governo Lula, vinha sendo pautada por um certa independência. Fátima Mello, da Rede Brasileira pela Integração dos Povos, teme que, agora, a diplomacia ceda nas negociações na Organização Mundial do Comércio (OMC). “O agronegócio diz: ‘temos oferta, mas necessitamos de demanda’, e pressiona o governo a abrir mercados” Pág. 5
Etanol: produção para atender necessidades dos países ricos
Agora, a ofensiva estadunidense é sobre o petróleo da África O petróleo africano tornou-se alvo de investidas do governo dos Estados Unidos. A região do Golfo da Guiné, rica em recursos, foi recentemente considerada uma área de “interesse vital”
para o país. De acordo com o governo estadunidense, em dez anos, o petróleo africano poderá constituir até 35% das importações. Para especialistas, a intervenção militar dos Estados Unidos
na África é muitas vezes justificada para combater o terrorismo. “Assim, há apelos e justificativas aparentes para que haja ‘intervenções’ dos EUA na África”, diz Michael Watts. Pág. 12 Kotsopoulos CC
Navio encalhado na costa da Guiné Equatorial