Circulação Nacional
Uma visão popular do Brasil e do mundo
Ano 5 • Número 253
São Paulo, de 3 a 9 de janeiro de 2008
R$ 2,00 www.brasildefato.com.br Laura Feldguer
Estudantes na luta pela qualidade do ensino público A ação do movimento estudantil em 2007 foi marcada por ocupações de reitorias em todo o país. Como causa comum das mobilizações, a rejeição a medidas dos governos estaduais e federal, que avançam no processo de sucateamento do ensino público brasileiro. A ação dos estudantes, entretanto, não ficou restrita à pauta universitária: em Belo Horizonte (MG), por exemplo, eles participaram da ocupação da sede da Companhia Vale do Rio Doce, durante a jornada de lutas em defesa da educação pública. Pág. 7
Campanha da Vale quer um plebiscito oficial este ano O objetivo da campanha pela anulação do leilão que privatizou a Companhia Vale do Rio Doce para este ano é organizar, junto às bases, uma mobilização de massas para a realização de um plebiscito oficial de iniciativa popular. Para lideranças de movimentos populares, a consulta popular realizada em 2007 foi um dos momentos mais importantes da luta de classes no ano, além de ter dado seqüência à unidade entre as organizações de esquerda iniciada pelas manifestações do dia 23 de maio. Pág. 6
Após dois anos, nem todos que levaram Morales à presidência estão contentes com seu desempenho
Evo, entre a conciliação e a radicalização na Bolívia Marina Gomes
Nem todos que levaram Evo Morales à Presidência estão contentes com seu desempenho, passados pouco mais de 20 meses da sua posse. Na questão dos Estivadores hidrocarbonetos, por exemplo, críticos capixabas: mais de 90 anos alegam que Evo não decretou a de organização nacionalização, pois as transnacionais continuam operando no país. Outro Estivadores capixabas se organizam em meio aspecto que indicaria o caráter ao contexto neoliberal na busca por alternativas que reformista da gestão atual seriam as defendem a autonomia e os direitos dos trabalhadores. No Sindicato dos Esti- políticas assistencialistas, que não vadores e dos Trabalhadoatacam a estrutura, com programas res em Estiva de Minérios do Estado do Espírito Santo (Setemees), 90 anos parecidos com o Bolsa Família. Por após uma caminhada fim, analistas argumentam que, na marcada pela resistência e organização e diante da prática, a Assembléia Constituinte conflituosa lei dos Portos, o desafio é formar os quafortaleceu partidos tradicionais e dros diretivos e de base e “disputar projetos” nos alijou protagonistas da Guerra portos que se sobreponham aos de governos e do Gás. Págs. 10 e 11 empresários. Pág. 8
Sem superavit, crescimento da economia seria ainda maior
A cientista política Vânia Bambirra
A utopia marxista frente ao mundo globalizado Em entrevista ao Brasil de Fato, uma das intelectuais que participou da formulação da Teoria da Dependência, Vânia Bambirra, analisa
os limites do capitalismo e das experiências socialistas colocadas em prática para resolver as contradições sociais. Págs. 4 e 5
Os números da economia brasileira em 2007 foram motivo de comemoração para o governo. O crescimento do PIB ficou em torno de 5% e a taxa de desemprego foi a menor desde 2002, voltando a ter um índice com menos de dois dígitos. No entanto, especialistas apontam que o desempenho da economia poderia ser ainda melhor se o governo afrouxasse sua política econômica de ajuste fiscal, que destina 38% do orçamento para o superávit primário e o pagamento da dívida pública. O crescimento do emprego formal, por sua vez, é animador em termos numéricos. Entretanto, dados do IBGE apontam que a renda média salarial do trabalhador sofre um processo de estagnação desde 2002. Pág. 3
Yuri Martins Fontes
Florestan e a Revolução Cubana
Etiópia, historicamente, um território em disputa
Lançado pela editora Expressão Popular, o livro Da guerrilha ao socialismo: a Revolução Cubana discute a história do processo revolucionário de Cuba, desde suas origens históricas até a implantação do poder popular, a partir da análise do sociólogo Florestan Fernandes. A publicação faz parte da coleção “Assim lutam os povos”, que tem por objetivo estimular o avanço da classe trabalhadora. Pág. 12
9 771678 513307
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Crianças etíopes: população triplicou em duas décadas, mas sem infra-estrutura
Ao lado da Somália, Eritréia e Djibuti, a Etiópia – ou a Terra das Caras Queimadas – faz parte da região chamada de “Chifre da África”. Como um país tão rico e verde pode ser tão pobre? Invadido pelos italianos, ocupado pelos ingleses, o país, hoje capitalista, já viveu sob regime socialista entre 1976 e 1991. O alto índice de deficientes físicos, vítimas da guerra, é a lembrança viva dos contínuos atos de violência. Quase não existe uma classe média. É o que relata o viajante Yuri Martins Fontes. Pág. 9