Circulação Nacional
Uma visão popular do Brasil e do mundo
Ano 5 • Número 242
São Paulo, de 18 a 24 de outubro de 2007
R$ 2,00 www.brasildefato.com.br Daniel Cassol
Elite do Rio Grande do Sul ataca sem-terra Há um mês, cerca de 1,7 mil sem-terra marcham, em três colunas, pelo Rio Grande do Sul até a fazenda Coqueiros, latifúndio de quase 9 mil hectares que emprega só 20 pessoas. Os trabalhadores, porém, sofrem com a arbitrariedade de juízes locais, como a magistrada que proibiu a entrada dos militantes no município que abriga a fazenda. Pág. 3
Governo Lula “vende” sete estradas Em todo o país existem quase 12 mil quilômetros de estradas concedidas ao capital privado. Em vez de reduzir gastos financeiros e utilizar o orçamento da Cide, tributo criado para a melhoria das estradas, o governo federal decidiu leiloar sete rodovias e fomentar as concessionárias com financiamento do BNDES. Pág. 5
No Rio Grande do Sul, 1,7 mil sem-terra marcham há um mês em direção a Coqueiros do Sul; em Cruz Alta, Justiça proibiu a participação dos sem-terrinha na mobilização
Vale e EBX pressionam Congresso para privatizar o urânio brasileiro Mineradoras e investidores estrangeiros estão fazendo lobby no Congresso para ver se conseguem derrubar o monopólio estatal de exploração do urânio (base para geração de energia e armas nucleares). Desde 2004, o preço da libra do minério no mercado internacional subiu de 12 para 90 dólares, despertando a cobiça de empresas como a Companhia Vale do Rio Doce e a holding EBX. Na imprensa corporativa, o presidente da CVRD, Roger Agnelli, explicitou que “onde houver potencial de urânio, a gente vai buscar”. Especialistas ouvidos pelo Brasil de Fato, como os engenheiros Luiz Pinguelli Rosa e Bautista Vidal, criticam a possibilidade de o Estado entregar à iniciativa privada um recurso natural estratégico para a soberania nacional. Pág. 7
Presidência da República do Equador
Alexandre de Oliveira Saconi
As guerras e o espetáculo da informação Rafael Correa determina que 99% do lucro excedente do petróleo fique com o Estado equatoriano
No Equador, petrolíferas ficarão só com 1% dos lucros excedentes O presidente Rafael Correa determinou que o Estado deverá arrecadar 99% do lucro excedente obtido com a produção do petróleo. Antes, o percentual era dividido igualmente: 50%
para o Estado; 50% para a empresa. O presidente do Equador – quinto maior produtor de petróleo cru da América do Sul – segue os passos dos presidentes da Bolívia e da Venezuela,
que usam receitas obtidas com recursos naturais para financiar suas gestões populares. O decreto, além da Petrobras, atinge empresas da Espanha, França, China e EUA. Pág. 9 Divulgação
Militares Marcha contra criticam anistia a reforma da a Lamarca Previdência A Justiça Federal suspendeu os efeitos da portaria de anistia, que pagaria R$ 902 mil à família do ex-guerrilheiro Carlos Lamarca pela promoção post-mortem do comunista à patente de coronel do Exército. A alegação é de que Lamarca não poderia ser beneficiado pela lei de anistia porque desertou do Exército para lutar contra o regime militar. Para defensores de direitos humanos, a indenização é legítima e a liminar reflete um espírito revanchista dos militares. Pág. 8
A Conlutas e a Intersindical convocaram para o dia 24 uma marcha em Brasília (DF). O objetivo é cobrar do governo Lula as questões abordadas no plebiscito popular pela anulação do leilão da Companhia Vale do Rio Doce. Mauro Puerro, da Conlutas, conta que um peso maior será dado à questão da reforma da Previdência, “a bola da vez” entre as propostas neoliberais e privatizantes. Participam também movimentos de moradia, estudantil e pastorais sociais. Pág. 7
CULTURA BRASILEIRA
mamulengueiros
preservam a arte popular
Pág. 12
A espetacularização da informação na guerra. Essa é a tônica da entrevista do jornalista português Carlos Fino. Conhecido mundialmente por ser o primeiro a noticiar o início da Guerra do Iraque em abril de 2003, quando era correspondente da Rede de Televisão Portuguesa, deu o “furo” jornalístico antes mesmo da rede estadunidense CNN. Pág. 11
Transnacionais avançam sobre milho do Brasil O processo de oligopolização do mercado de milho acelerou-se nos últimos meses. Em agosto, a Agromen, que detinha 10% da produção brasileira, foi adquirida pela Dow. No mês seguinte, a Monsanto comprou a Agroeste. Uma das razões é a elevação do preço do milho decorrente da produção de etanol. O outro motivo é a liberação no Brasil de três espécies transgênicas do cereal, apenas neste ano. Pág. 4