Circulação Nacional
Uma visão popular do Brasil e do mundo
Ano 5 • Número 240
São Paulo, de 4 a 10 de outubro de 2007
R$ 2,00 www.brasildefato.com.br João Zinclar
Transposição: Exército invade agrovila em PE Para acelerar o início das obras de transposição do rio São Francisco, o governo federal mandou o Exército às margens do Velho Chico para tocar a primeira etapa do projeto. Desde então, a vida dos ribeirinhos que moram nas proximidades da barragem de Itaparica, em Pernambuco, não tem sido fácil. Os militares con-
trolam a entrada de pessoas e automóveis na agrovila que escolheu para montar acampamento e atendem assim ao único telefone do povoado: “destacamento de Floresta”, em referência à cidade para onde estão deslocados. “Isso aqui é uma comunidade, não uma vila militar”, protesta um dos moradores. Pág. 8
Senadores criticam combate à escravidão Senadores ruralistas estão liderando uma ofensiva conservadora contra os fiscais do Ministério do Trabalho que investigam a existência de condições análogas à escravidão em
grandes propriedades. Eles criticam a libertação de 1.064 trabalhadores da fazenda Pagrisa ocorrida em julho. O grupo do Ministério suspendeu seus trabalhos. Pág. 7
Soldados do 3º Batalhão de Engenharia e Construção trabalham na construção do eixo Leste da transposição, na barragem de Itaparica (PE)
Tucanos preparam privatizações O governador de São Paulo, José Serra (PSDB), abriu licitação para avaliar o valor de mercado de 18 estatais, como a Nossa Caixa e o Metrô. A medida pode dar início a uma nova rodada de privatizações no Estado, prejudicando a população e
beneficiando empresários: vendida para a Telefônica, a Telesp cobrava, em 1999, R$ 14 pela assinatura de telefone fixo. Hoje, a taxa subiu para R$ 40. Exemplos assim não faltam, mas políticos do PSDB de outros Estados enveredam pela mesma trilha.
A governadora Yeda Crusius (RS) planeja derrubar a lei que determina a convocação de plebiscito para vender estatais e o prefeito de Barbacena (MG), Martim Andrada, anuncia a privatização da água. Leia também sobre o mensalão tucano. Págs. 5 e 6
Joka Madruga
Campanha exige transparência nas concessões de rádio e TV A Coordenação dos Movimentos Sociais (CMS) vai mobilizar, no dia 5, 11 capitais. O objetivo é defender a participação da sociedade no controle das concessões de rádio e televisão. Nes-
Povo Guarani se rearticula na América do Sul
tações contra veículos que desrespeitam a legislação; no Ministério das Comunicações, serão formalizados pedidos de informação sobre as emissoras com outorgas vencidas. Págs. 2 e 3
MST faz jornada em 15 Estados e critica Lula
Correa obtém maioria na Constituinte
O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra realizou, entre os dias 24 e 28 de setembro, uma jornada de lutas em 15 Estados, mobilizando mais de 10 mil pessoas. Nas manifestações, o movimento
No Equador, o partido do governo, Aliança País, conquistou a maioria das cadeiras dos representantes que elaborarão a nova Carta Magna. Com pelo menos 72 cadeiras, das 130 da bancada, o partido do presidente Rafael Correa alcança a maioria simples. A Assembléia Nacional Constituinte deverá ser instalada no dia 31 e terá um prazo de 180 dias. Nesse período, Correa propõe que o Congresso seja fechado. Pág. 9
criticou a lentidão do governo na implantação da reforma agrária e cobrou mudanças na política econômica. “Mostramos força e unidade”, avalia Vanderlei Martini, da coordenação nacional. Pág. 4
Verena Glass
Sem-terra participam de manifestação em Curitiba (PR), durante jornada de lutas do MST
sa data vence o prazo de concessão de várias emissoras, entre as quais, cinco retransmissoras da Rede Globo. Em Brasília, serão entregues ao Ministério Público Federal represen-
Disperso desde a chegada do invasor por cinco países do continente – Brasil, Paraguai, Bolívia, Argentina e Uruguai –, o povo Guarani pretende se reorganizar para lutar por causas comuns. Reunidos em Caarapó, no Mato Grosso do Sul, entre os dias 21 e 23 de setembro, representantes de dezenas de comunidades, lançaram a Campanha “Povo Guarani, Grande Povo”. Quando os portugueses e espanhóis chegaram na América do Sul, os Guarani eram 2 milhões – o dobro da população de Portugal de então; hoje, eles são cerca de 450 mil. Pág. 4
O pensamento de Che Guevara além da foto
Mulheres Guarani participam de encontro continental de seu povo em Caarapó (MS)
“Ainda se pensa que Che era apenas um guerrilheiro e que não tinha nada a dizer sobre teorias marxistas e a criação de uma nova sociedade”, avalia em entrevista ao Brasil de Fato o argentino Néstor Kohan, pesquisador do pensamento do revolucionário. Para Kohan, intelectuais de esquerda de postura eurocêntrica ignoram o pensamento de Che pois têm a mentalidade de que se o pensador marxista não vier de Paris ou de Londres não vale a pena estudá-lo. Pág. 10