Circulação Nacional
Uma visão popular do Brasil e do mundo
Ano 5 • Número 230
São Paulo, de 26 de julho a 1º de agosto de 2007
Na Bolívia, protesto contra a transferência da capital A proposta de mudança da sede do governo boliviano de La Paz para a cidade de Sucre (região central do país), discutida na Assembléia Constituinte, recebeu um sonoro “não” dos movimentos populares. No dia 20 de julho, mais de um milhão de pessoas foram às ruas de El Alto para protestar contra a mudança. Eles acreditam que tal projeto seja uma ofensiva da elite para reduzir o poder de pressão social sobre os governantes, já que a base popular da cidade, protagonista de grandes mobilizações sociais, vive próxima à atual capital. Pág. 9
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Na crise aérea, as empresas põem a vida em último plano Milton Mansilha/Agência LUZ/ABr
O desastre do Airbus, o maior acidente aéreo da história brasileira, evidenciou que as razões da crise no setor vão além de questões pontuais. Enquanto a mídia corporativa transforma o sofrimento dos familiares das quase 200 pessoas que morreram no acidente em uma telenovela, a discussão sobre as práticas selvagens das companhias aéreas em busca do lucro, com a anuência do governo, segue silenciada.“As grandes empresas do setor, a TAM, mas principalmente a GOL, sempre trabalharam nessa lógica de exploração máxima do trabalho”, denuncia Celso Klafke, presidente do Sindicato dos Aeroviários do Rio Grande do Sul. Em último plano, questões de segurança e a vida do passageiro. Ao mesmo tempo, a elite política e econômica se aproveita da comoção social para impor a abertura de capital da Infraero, o que pode reduzir ainda mais o controle do Estado sobre os atores privados do setor aéreo. Págs. 2 e 3
A energia do Brasil torna-se uma das mais caras do mundo Passados 11 anos da privatização do setor elétrico, a energia brasileira transformou-se numa das mais caras do mundo. Segundo a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), as tarifas foram ajustadas em 386% entre 1995 e 2006. Com isso, os consumidores brasileiros passaram a pagar, em média, 20% a mais que os franceses, que dependem de uma matriz nuclear. Quem ganha com os recursos que saem do bolso da população são as geradoras e as indústrias eletrointensivas. Enquanto o governo subsidia as primeiras, estas vendem energia mais barata para as segundas. Pág. 6
Eduardo Jiménez Fernández
Governo reprime celebração em Oaxaca
Para ampliar a exportação, o BNDES financia a Vale O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social investiu R$ 744,6 milhões na Companhia Vale do Rio Doce, empresa alvo de uma campanha que visa anular o leilão que a privatizou. Entre os motivos apresentados para a venda, em 1997, estava a incapacidade de o Estado investir em estatais. A incoerência se aprofunda quanto ao destino do financiamento: a Estrada de Ferro Carajás (EFC), uma das três
principais malhas viárias da Vale. Por essa via, circulam em um sentido minérios de ferro destinados a abastecer as necessidades de países desenvolvidos, às custas da riqueza nacional. No outro, trabalhadores empobrecidos embarcam na busca de empregos precarizados. Segundo o jornalista Lúcio Flávio Pinto, no entanto, de cada 10 cidadãos que chegam à região, apenas um consegue serviço. Pág. 5 José Gabriel Lindoso
Polícia do governador Ulises Ruiz Ortiz volta a atacar manifestação pacífica no Estado de Oaxaca Kellinroy
Oaxaca, no México, viveu momentos de terror no dia 16 de julho. Um ano após a rebelião liderada pela Assembléia Popular dos Povos de Oaxaca (APPO), o governador do Estado, Ulises Ruiz Ortiz, – inimigo do movimento – mandou a polícia reprimir um protesto pacífico da articulação. Membros e simpatizantes da APPO organizavam uma manifestação com 10 mil pessoas para criticar o caráter elitista que a Guelaguetza, uma festa popular, adquiriu. Trata-se de uma celebração da troca comunitária de produtos que foi transformada pelo governo de Oaxaca em um evento turístico. O conflito deixou 40 pessoas feridas e 60 presas. Os movimentos sociais temem que o episódio inicie novo período de repressão. Pág. 11
R$ 2,00
MADAGASCAR
camponeses lutam por seus direitos
Malgaxes temem perder suas terras Os trabalhadores rurais de Madagascar estão apreensivos com o avanço do capital estrangeiro vindo de países como Estados Unidos, China e Alemanha. Mesmo tendo a terra como um bem coletivo, pertencente ao Estado desde a reforma agrária ocorrida ainda na década de 1960, os camponeses buscam uma titulação que lhes garanta a continuidade dos direitos conquistados. Pág.10
As bibliotecas na pauta das reivindicações “Quando os livros são monopolizados pelas elites, se reforçam os esquemas de dominação”, afirma Felipe Lindoso (foto), especialista em políticas públicas para o livro e leitura. Segundo ele, a melhor arma para enfrentar o problema é a criação de bibliotecas públicas. Pág. 12
ff
Latu