Circulação Nacional
Uma visão popular do Brasil e do mundo
Ano 5 • Número 228
São Paulo, de 12 a 18 de julho de 2007
R$ 2,00 www.brasildefato.com.br Fotos: João Zinclar
CAMINHOS DA TRANSPOSIÇÃO:
a água
proibida Págs. 4 e 5
Dona Terezinha mora ao lado do Canal da Integreção em Jaguaribara, Ceará, mas só pode pegar água escondido: “Não podemos nem chegar perto do canal”. Com a Transposição, ela continuará sem água
Dois grandes projetos para a construção de hidrelétricas avançam no país. Em Rondônia, duas usinas no rio Madeira ganharam, no dia 10, a licença prévia do Ibama. Em São Paulo, a de Tijuco Alto está numa etapa anterior, a das audiências públicas. As iniciativas são baseadas num modelo de megaobras de usinas destinadas a gerar energia para indústrias com elevada demanda por eletricidade. Quem paga a conta são os consumidores residenciais, sujeitos a altas tarifas, as populações locais e o meio ambiente, ameaçados pelas inundações. Pág. 11
Até maio, a indústria brasileira cresceu 4,4% em relação a igual período do ano passado. Mas isso não vem significando o incremento do emprego e do salário. Segundo dados do IBGE, a taxa de desemprego nas grandes regiões metropolitanas do Brasil foi de 10,1% tam-
a diferença”, salienta José Dari Krein, da Unicamp. Além disso, o mercado de trabalho não absorve a quantidade de profissionais com educação universitária e, ao mesmo tempo, oferece vagas apenas de baixa qualificação, nivelando o salário por baixo. Pág. 4
bém em maio. A economia se expande, mas não gera postos de trabalho e renda conforme a necessidade da maior parcela da população. “O setor de bens de capital é pouco expressivo para a questão do emprego. Não é um crescimento de um ou dois anos que vai fazer
Roosewelt Pinheiro/ABr
Megaprojetos de usinas ameaçam comunidades e meio ambiente
Crescimento não favorece trabalhador
UNE busca se aproximar dos movimentos Duas resoluções foram tiradas de forma consensual no 50º Congresso da União Nacional dos Estudantes (UNE), realizado entre os dias 4 e 8 em Brasília. A primeira é a determinação de aproximar a entidade dos demais movimentos sociais do país, construindo ações unitárias. A outra versa sobre a rejeição a novas privatizações e o apoio à campanha pela anulação do leilão da Vale do Rio Doce. Na ocasião, os cerca de 8 mil universitários participantes elegeram a nova direção da entidade, agora comandada por Lúcia Stumpf (na foto), da União da Juventude Socialista (UJS), ligada ao PCdoB. Pág. 3
Raquel Chaves
comunidade luta pelo direito de acesso ao mar
A imaginação e a descoberta do mundo
Divulgação
ENTRE O ASSENTAMENTO E A PRAIA:
A realidade, como pano de fundo; a imaginação como linguagem. Esses são elementos da escritora Maria José Silveira, autora de obras infanto-juvenis, romances e contos. Em “O vôo da arara azul”, lançado em junho pela Editora Callis, ela convida os jovens a sobrevoarem um Brasil dividido entre a repressão militar e a militância política. Pág. 12
Pág. 7
Governo federal apóia repressão em favelas Faixa de praia próxima ao assentamento Maceió, município de Itapipoca (CE), a cerca de 190 quilômetros de Fortaleza
França apoiou genocídio em Ruanda A cumplicidade da França, do então presidente François Miterrand (1981-1995), com os massacres ocorridos em Ruanda, país do Leste da África, em 1994, ficou comprovada com a publicação, no jornal Le Monde, de uma série de documentos de Estado que antes eram confidenciais. Na época, o governo ruandês, em poder
da etnia hutu, preparou e executou, em cem dias, os assassinatos de pelo menos 800 mil tutsis e hutus contrários ao regime. Telegramas e memorandos diplomáticos sugerem que Miterrand teve conhecimento do planejamento do genocídio, iniciado anos antes, mas continuou apoiando os líderes de Ruan-
da, com armas, munições e treinamento militar. É a primeira vez que a forte suspeita desse suporte aos genocidas por parte da França é confirmada. Pág. 9
O ministro da Justiça, Tarso Genro, avisa que o Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania (Pronasci) prevê “ações de ocupação e retomada de territórios” para combater o tráfico de drogas. Ou seja, a Força Nacional de Segurança e as polícias estaduais continuarão a repetir ações como as que têm ocorrido no Complexo do Alemão. Em entrevista, o deputado estadual Marcelo Freixo (Psol-RJ) diz ser preocupante que essa conduta seja incorporada e, portanto, legitimada pelo governo federal. “Quando se diz que se vai combater o tráfico e o faz apenas na favela, é porque você destinou aos setores pobres da sociedade o processo de culpabilização pelo crime.” Pág. 6