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Circulação Nacional

Uma visão popular do Brasil e do mundo

Ano 5 • Número 227

São Paulo, de 5 a 11 de julho de 2007

Sem transparência e sem consulta pública, a construção da terceira usina nuclear do país, Angra III, será retomada, segundo decisão do Conselho Nacional de Política Energética, apesar da oposição do Ministério do Meio Ambiente. Entre especialistas, há os que consideram Angra III um retrocesso à política energética brasileira, desperdiçando recursos públicos e aumentando a ameaça nuclear no Brasil. Mas há quem veja um pontapé para o desenvolvimento tecnológico nuclear nacional. Pág. 8

www.brasildefato.com.br

Uma “guerra” em que só os pobres morrem Latuff

A controversa opção do governo pela energia nuclear

R$ 2,00

Repressão às fábricas ocupadas A pedido do INSS, a Justiça determinou a intervenção de três fábricas ocupadas, em junho. A Polícia Federal conseguiu controlar duas delas, a Cipla e a Interfibra (ambas em Joinvile/SC). Os trabalhadores da Flaskô, em Sumaré (SP), conseguiram resistir à intervenção. “Colocamos o interventor para correr”, disse um membro do Conselho de Fábrica. Mas Companhia Paulista de Força e Luz (CPFL) mandou cortar o fornecimento de energia da unidade. Pág. 3

Soldado da Força Nacional de Segurança

COMPLEXO DO ALEMÃO:

Gaza é aqui

Após a megaoperação que deixou um saldo de 21 mortos em um único dia no Complexo do Alemão, o governador do Rio de Janeiro se despiu de pudores para anunciar: “Estamos em guerra e vamos ganhá-la”. A julgar pelos números, para Sérgio Cabral (PMDB), “ganhar a guerra” significa aumentar o número de mortos. Pobres, de preferência. Na prática, a instituição da pena de morte de classe no Brasil. Somente no primeiro trimestre de 2007, 318 pessoas morreram em supostos confrontos com a polícia em todo o Estado – contra 228 no mesmo período do ano passado. Para organizações de Direitos Humanos, é um erro assumir que só há criminosos em comunidades pobres. Págs. 2 e 4

Eduardo Seidl

UFRGS institui reserva de cotas raciais

Antonio Lino

RESISTÊNCIA NEGRA

Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) aprova medida que reserva 30% das vagas no vestibular da graduação para estudantes da rede pública e para candidatos autodeclarados negros. Já indígenas terão direito a 10 vagas, que serão criadas em cursos específicos. “O Brasil foi construído pela diversidade, por que somente um segmento pode participar?”, avalia Vera Regina Triumpho, da Pastoral do Negro. Pág. 6

Tambor simboliza a força africana Constituído durante a escravidão, o tambor de crioula pode ser compreendido como um sistema de comunicação que – por não poder ser dito verbalmente, dada à repressão – era traduzido em expressões corporais. Nele, o canto e a percussão se somam à dança num resgate da comunhão e força dos ancestrais africanos. Radicado no Nordeste, especialmente no Maranhão, tornou-se patrimônio imaterial do Brasil. Pág. 12 Fabio Pozzebom ABr

A OMC, mais uma vez, não obteve sucesso na tentativa de avançar, com a Rodada Doha, negociações de liberalização do mercado global. No fim de junho, Brasil, Índia, União Européia e EUA reuniram-se na expectativa da solução do impasse. Os dois últimos cul-

João Zinclar

Sem concessões, impasse segue na Rodada Doha param os primeiros pelo fracasso mas, enquanto desejam uma ampla abertura do setor industrial dos países emergentes, não querem oferecer significativos cortes tarifários para a agricultura e nos subsídios concedidos a seus produtores locais. Pág. 11

Promiscuidade dos políticos e empreiteiras Em acampamento contra a tranposição, índios Truká realizam cerimônia

Ameaça à luta contra a transposição Sem notificar os manifestantes, o governo federal preparou a reintegração de posse de acampamento montado para barrar as obras da transposição, em Cabrobó, (PE). A decisão favorável ao despejo foi obtida três dias após o início da ação. Segundo Ruben Siqueira, da CPT, o fato de o governo ter feito o pedido de reintegração sem tentar dia-

logar com os manifestantes é praticar a política do “fato consumado; estão dando o projeto como certo”. Para críticos do projeto, a fruticultura irrigada será uma das principais beneficiárias da transposição. Empresas que produzem frutas em larga escala para exportação utilizam agrotóxicos, com prejuízos aos trabalhadores e o meio

ambiente. Em Limoeiro do Norte (CE), um trabalhador teve a perna amputada após contato com produtos químicos em uma plantação de banana. Págs. 4 e 5

Renan Calheiros, Operação Navalha. O ponto de contato desses dois escândalos recentes no Congresso Nacional é a relação pouco transparente entre parlamentares e construtoras. “Toda a crise revela que ainda estamos vivendo as ‘últimas dores do parto’ da democracia”, avalia Átila Roque, do Inesc. Em meio à disputa política, não faltam barganhas como, por exemplo chantagens em relação à votação do veto presidencial da Emenda 3, cujo resultado negativo pode ser prejudicial aos trabalhadores. Pág. 7


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