BDF_197

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Ano 4 • Número 197

Uma visão popular do Brasil e do mundo

R$ 2,00

São Paulo • De 7 a 13 de dezembro de 2006

www.brasildefato.com.br

Operários denunciam V perseguição da Gerdau

condições precárias de segurança no Brasil, perseguição a imigrantes sem documentos nos Estados Unidos e ameaças a trabalhadores colombianos. Seu principal executivo, Jorge Gerdau Johannpeter, é cotado para ocupar um cargo no governo Lula. Pág. 5

iolação dos direitos trabalhistas é a marca da Gerdau, empresa brasileira de aço. Reunidos em Porto Alegre de 16 a 18 de novembro no 3º Encontro Internacional dos Trabalhadores da Gerdau, sindicalistas dos nove países onde a corporação atua denunciaram os abusos. Entre eles,

Nos nove países onde está instalada, a empresa brasileira, gigante do aço, comete violações a direitos de seus empregados

MST debate o direito à educação do campo no PR

Márcio Garcia

do Estado. As discussões giraram em torno do papel da educação nos assentamentos e acampamentos na construção de um Projeto Popular para o Brasil. Pág. 3

Rita Fagundes

O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) do Paraná realizou, entre os dias 26 e 30 de novembro, a 1ª Jornada Estadual de Educação na Reforma Agrária, em Cascavel, no Oeste

VENEZUELA SOCIALISTA – O presidente venezuelano, Hugo Chávez, foi reeleito, no dia 3, e conclamou a população a aprofundar a Revolução Bolivariana Pág. 6

Sem-terra reivindicam investimentos públicos em escolas de ocupações

EDITORIAL

Fratura social no México transformaram o México em um caldeirão político em ebulição. De lá, o repórter do Brasil de Fato Pedro Carrano faz uma

constatação: existem dois países, o de cima e o de baixo, o da classe política e o da luta popular. Pág. 7 Divulgação/Acessoria André Manoel Lopéz Obrador

As fraudes na eleição presidencial de junho, a Outra Campanha promovida pelos zapatistas e a Comuna de Oaxaca

Sob protesto, o direitista Felipe Calderón assumiu, no dia 1º, a presidência mexicana.

Governo vai legalizar rádios comunitárias

Crescimento do país não deve ignorar natureza Pág. 4

Após anos de forte pressão dos movimentos pela democratização das comunicações, São Paulo (SP), finalmente, vai ter um aviso de habilitação divulgado pelo Ministério das Comunicações. É o primeiro desde que a matéria foi regulamentada, em 1998. A medida inicia um processo que permitirá a legalização de cerca de 70 rádios comunitárias. Pág. 4

A insurreição pelas lentes do cinema Pág. 8

O recado dos movimentos sociais

N

as últimas semanas, os movimentos sociais, sindicais, pastorais e correntes políticas de nossa sociedade têm realizado diversas plenárias e reuniões de balanço político das eleições e debates sobre o futuro do país. O jornal Brasil de Fato tem procurado cobrir esses eventos e transmitir aos seus leitores as análises e preocupações manifestadas nessas atividades. O que nos chama atenção é que há sinais importantes de construção de um processo de unidade muito grande entre as diferentes formas de o povo se organizar. E essa unidade está sendo construída sobre a base do que todas as forças sociais consideram importante na luta do povo, deixando de lado aqueles temas e visões que não são consenso e, portanto, não ajudam para esse processo. Todas as forças sociais organizadas – as pastorais, a UNE, UBES, movimento sindical, nas suas diferentes correntes, CUT, Conlutas, Internsidical, CGT, os movimentos urbanos e camponeses – convergem para um ponto: é necessário mudar a atual política econômica. Todos consideram que a política aplicada no primeiro mandato, batizada pelo ministro Tarso Genro (Relações Institucionais) de “era Palloci”, é neoliberal e prioriza os interesses dos bancos, das empresas transnacionais e dos grupos exportadores e importadores. É preciso construir uma nova política econômica, que rompa com esses parâmetros e se construa sobre outras bases teóricas. Mesmo que keynesianas (escola econômica inspirada nas idéias de John Keynes),

já seria um progresso frente à submissão atual. A política econômica deve colocar no centro de sua prioridade o uso dos recursos públicos – que são do povo e recolhidos nos impostos – para alcançar a distribuição de renda e aplicação em investimentos públicos que gere trabalho, aumente o salário, distribua terra, construa casas populares de forma massiva e universalize o acesso à educação e à saúde. Agora, no dia 4, a UNE organizou um ato político para debater a política econômica, convidando diversos economistas renomados e as diferentes forças políticas. E todos foram unânimes: é necessário mudar a política econômica e há instrumentos macroeconômicos que possibilitam crescer com distribuição de renda. Se o presidente Lula continuar surdo, ou apenas ouvindo o mercado, os banqueiros e os puxa-sacos que o cercam, vai pagar o preço da história. O tal prometido espetáculo do crescimento da era Palloci deu uma média de 2,6% ao ano nesse primeiro mandato. O Brasil tem o pior desempenho entre as economias do mesmo padrão. Logo ali, na Argentina ou na Venezuela, a economia cresce em média 7% a 8% ao ano. Sem investimentos públicos (os investimentos totais atingem somente 18%), sem cortar os juros e o superavit primário destinado ao pagamento da dívida interna, seguiremos nesse ramerame que só beneficia as 200 maiores empresas do Brasil, que crescem em média a 7,2% ao ano. Os movimentos sociais já deram seu recado.


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