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Ano 4 • Número 157

R$ 2,00

A folia dos bancos continua

Marcio Baraldi

São Paulo • De 2 e 8 de março de 2006

Banqueiros obtêm lucros recordes com política do governo Lula que pune trabalhador e favorece monopólios

A

exemplo do que fez Fernando Henrique Cardoso, a política econômica do governo Lula continua a transferir renda dos trabalhadores para o setor financeiro. Em 2005, o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil cresceu apenas 2,3%. Enquanto isso, os cinco bancos mais rentáveis faturaram, juntos, R$ 18,8 bilhões – o maior lucro da história do sistema bancário brasileiro. Para o economista Reinaldo Gonçalves, tal resultado explica-se, entre outras coisas, pela

cartelização do setor – responsável por definir, por exemplo, os altos preços das tarifas – e pelos ganhos com a aplicação em títulos públicos. “Esse lucro não é explicado pela eficiência. E sim pelo abuso do poder econômico e por uma frágil institucionalidade”, diz. Para completar, no dia 16 de fevereiro, o presidente Lula publicou medida provisória eliminando o Imposto de Renda para investidores estrangeiros que comprarem títulos públicos. Pág. 3

Potências rejeitam democracia palestina O Hamas venceu as eleições da Palestina, em 25 de janeiro. Democraticamente, ganhou o direito de formar o governo do país. As grandes potências, entretanto, não concordam. Paulo Araújo/ O Dia/AE

O fracasso de Serra e Alckmin na habitação

Ameaçam cortar o fluxo de ajuda financeira, indispensável para a sobrevivência da população. Governos árabes reagem e criam rede de solidariedade. Pág. 9

Os movimentos de moradia de São Paulo reivindicaram soluções da prefeitura e do governo estadual, dia 15 de fevereiro, no Centro da capital paulista. Para dar conta do déficit habitacional da cidade, os moradores de favelas, cortiços e sem-teto exigem do prefeito José Serra mais do que o “cheque-despejo” de R$ 5 mil ou a remoção para bairros distantes. Do governador Geraldo Alckimin, cobram transparência e participação popular nas decisões sobre habitação. Pág. 8

Biossegurança ou não? Decisão é brasileira Pág. 6

Na Venezuela, missões vencem a burocracia Para viabilizar programas sociais frente à lentidão da burocracia estatal, o governo bolivariano da Venezuela tem lançado mão das chamadas misiones (missões, em português) para fazer com que o Estado chegue aos chamados barrios – regiões desamparadas de políticas e serviços públicos. Com elas, médicos, dentistas e professores voluntários, que não estão subordinados às estruturas tradicionais dos ministérios, têm promovido a participação popular na resolução de suas próprias carências. Pág. 10

Em protesto pelas ruas do Rio de Janeiro, professores da rede estadual de educação cobram melhores salários da governadora Rosinha Garotinho

E mais: MAOMÉ – O cientista social Renato Ortiz afirma que, para além dos conflitos causados pelas caricaturas do profeta, é importante prestar atenção no uso que os grupos fazem das charges. Pág. 12 CARNAVAL – Luiz Leitão fala do processo de mercantilização a que vem sendo submetida a maior festa popular brasileira, ao longo das últimas décadas. Pág. 14

A crise argentina, 8 de março, dia Movimentos pelas lentes da dignidade ampliam frente de Solanas feminina contra a OMC Pág. 11

Pág. 16

Sociedade regride e fica à mercê das elites Ao atravessar uma das mais graves crises do padrão capitalista, o Brasil regride social e economicamente. Esse diagnóstico foi feito pelo economista da Unicamp, Márcio Pochmann, que alerta: “O atual quadro social pode colocar abaixo a democracia, considerando que

somos um país de baixa cultura democrática”. O economista aponta o domínio das elites brasileiras, que privilegiam a “financeirização da riqueza”, em detrimento da política do pleno emprego, da produção e do trabalho. Págs. 4 e 5

Para celebrar o Dia Internacional da Mulher, 8 de março, os movimentos feministas brasileiros vão sair às ruas exigindo um salário mínimo justo e igualdade na remuneração de homens e mulheres – entre outras reivindicações focadas em problemas sociais de cada Estado do país. Uma campanha da Marcha Mundial das Mulheres, que vai até 1º de maio, Dia do Trabalhador, pedirá que o governo Lula cumpra a promessa de dobrar o salário mínimo, ou que esse valor seja atingido em quatro anos. Págs. 2 e 7


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