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Ano 4 • Número 156

R$ 2,00

Anderson Barbosa

São Paulo • De 23 de fevereiro a 1º de março de 2006

Justiça fecha os olhos para massacres Tribunal paulista inocenta o coronel Ubiratan e comprova que, quando a polícia mata pobres, a impunidade é certa

O

Protesto em frente ao Tribunal de Justiça de São Paulo, dia 20 de fevereiro, contra absolvição do coronel Ubiratan

A resistência popular no carnaval Catadores fazem prestação de serviço público

Janeiro, a Vila Isabel celebrará a unidade latino-americana que inspirou o libertador Simón Bolívar. E, em São Paulo, o

cordão BibiTantã mostrou como a cultura pode apoiar a inclusão social. Págs. 12 e 13

Douglas Mansur

No Maranhão, a escola mais tradicional de São Luís – a Turma da Mangueira – prestará uma homenagem ao MST. No Rio de

resultado do julgamento do coronel Ubiratan Guimarães, comandante da operação conhecida como Massacre do Carandiru, na qual foram executados 111 detentos, em 1992, deixa clara a diferença com que a Justiça trata ricos e pobres, no Brasil. Para o jurista Hélio Bicudo, a impunidade “é a marca da Justiça brasileira, que funciona apenas para os chamados pés-de-chinelo. As delegacias estão cheias deles”. A absolvição do coronel engrossa a lista dos crimes come-

tidos por policiais que ficaram impunes, como nos casos das chacinas de Eldorado dos Carajás e Corumbiara. Em 15 de fevereiro, 20 desembargadores anularam a pena de 632 anos, determinada pelo 2º Tribunal do Júri, em 2001, e inocentaram o coronel por considerar que houve contradição entre as respostas dos jurados e a condenação. Porém, a absolvição foi baseada em entendimentos da Justiça bastante questionáveis, segundo especialistas. Págs. 2 e 7

Presidente do Haiti assume sem programa

Catadores de lixo vão a Brasília propor a criação de 39 mil postos de trabalho na categoria, a um custo de R$ 170 milhões. O valor por posto de trabalho, de R$ 3,10 mil, é bastante baixo comparado com outras profissões. Submetidos a uma atividade pouco nobre, eles dão contribuição importante para a reciclagem de resíduos sólidos das metrópoles brasileiras. Pág. 3

René Préval assume em março a Presidência do Haiti, como um salvador da pátria. A população do país deposita nele esperanças de um futuro melhor. Segundo um político próximo ao novo presidente, Rénald Clérismé, que concedeu entrevista exclusiva ao Brasil de Fato, ele não tem meios para fazer uma política soberana no Haiti. Pág. 9

Religiosos se unem contra desigualdades

Indígenas se articulam e cobram governo

Em defesa da pluralidade religiosa e contra as injustiças sociais, cristãos de 110 países se reuniram, de 14 a 23 de fevereiro, na 9ª Assembléia do Conselho Mundial de Igrejas (CMI), no Rio Grande do Sul. O encontro abrigou também representantes de outras religiões e de povos indígenas. Pág. 5

O movimento indígena se articula em nível nacional, com a criação de uma nova entidade. O líder indígena Jecinaldo Barbosa Cabral explica como se dá essa mobilização e dispara: “O governo só vai começar a acertar na política indigenista quando tiver a participação direta das populações”. Pág. 8

Nações Unidas defendem fim de Guantánamo

Prisões tentam calar atingidos por barragens

Avós argentinas acham mais um desaparecido Las Abuelas, como são conhecidas na Argentina as avós da Praça de Maio, encontraram o seu 82º neto, dia 16 de fevereiro, depois de 27 anos de buscas. Desde 1977, o grupo busca os 500 netos filhos de mães desaparecidas que deram à luz nos centros clandestinos de detenção durante a ditadura militar. Segundo as Avós, o jovem Sebastián José foi adotado quando bebê por civis ligados às Forças Armadas. Seus pais desapareceram em dezembro de 1977, quando sua mãe estava grávida de cinco meses. Pág. 11

Pelas estreitas ruas do Centro de São Paulo, a alegria do colorido cordão de carnaval BiBiTanTã

E mais: PETROBRAS – Com a eleição do Evo Morales a Presidência do país, a estatal brasileira será obrigada a rever modelo de exploração dos hidrocarbonetos na Bolívia. Pág. 11 FRANÇA – Governo aprovou projeto de lei sobre imigração que prevê escolher os estrangeiros de acordo com sua capacidade. Pág. 16

Marcio Baraldi

Pág. 16

Pág. 6

Estados ignoram lei de proteção a crianças Considerados “prontos-socorros” do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), os Conselhos Tutelares – obrigatórios em cada município brasileiro – são as únicas instâncias que encaminham denúncias de violação de direitos. Porém, 19 dos 27 Estados do país não têm todas as cidades contempladas com um Conselho, segundo levantamento da Agência de Notícias dos Direitos da Infância (Andi). Piauí, Bahia e Maranhão lideram a lista dos desprovidos desse mecanismo de proteção infanto-juvenil. Pág. 4


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