Ano 4 • Número 155
R$ 2,00 São Paulo • De 16 a 22 de fevereiro de 2006
Basf e Faber-Castell lucram com trabalho infantil em Minas Gerais E
xploração de mão-deobra infantil e transação ilegal. Essas práticas criminosas – que ferem o Estatuto da Criança e do Adolescente e diversas normas internacionais ratificadas pelo Brasil – estão por trás de produtos como a tinta Suvinil, da Basf, ou o giz de cera da Faber-Castell, tão requisitado nas listas de material escolar. Na reportagem assinada pelo jornalista Marques Casara, exclusiva para o Brasil de Fato, um retrato dos crimes nas minas de talco (pedra-sabão) do distrito de Mata dos Palmitos, em Ouro Preto (MG). “As corporações, que dizem manter rígido controle sobre suas cadeias produtivas, compram o talco de empresas que exploram o trabalho infantil e extraem o minério de forma clandestina”, conta Casara. Além da Basf e da Faber-Castell (ambas de origem alemã), outra transnacional, a Imperial Chemical Industries (ICI, de origem britânica), produtora das Tintas Coral, também foi denunciada. Pág. 3
Marques Casara
Transnacionais utilizam talco extraído ilegalmente e ferem o Estatuto da Criança e do Adolescente
Nas minas de talco do distrito de Mata dos Palmitos, em Ouro Preto (MG), crianças chegam a empilhar 12 toneladas de pedra por dia
No Haiti, democracia de fachada
Luta pelo passe livre mobiliza a juventude
René Préval, pode ter sido prejudicado por fraudes na apuração dos votos. Apesar das eleições, o Haiti segue sob controle mi-
litar e econômico de potências estrangeiras, principalmente os Estados Unidos. Pág. 9
AFP/AE
As ruas de Brasília (DF) e de Juiz de Fora (MG) são palco de agitação popular. Depois das cidades do Sul, a animação e a força das manifestações pelo passe livre para estudantes se estendem a novos horizontes. Organizado de forma mais democrática, o movimento ganha adesão cada vez maior. Pág. 6
Os haitianos votaram para presidente, no dia 7. O resultado, indefinido, gerou tensão no país. O favorito, o ex-presidente
Charges do profeta Maomé revelam tensão A grande mídia veiculou as manifestações de muçulmanos contra a publicação de charges com a figura de Maomé como um choque de civilizações. Na verdade, os protestos revelam a insustentável situação social dos povos dos países árabes, que estão entre os mais desiguais do mundo. Págs. 11 e 14
Parlamentares querem ser donos de emissoras
Os caminhos tortuosos das desapropriações
Proibidos pela Constituição de receber concessões de emissoras de radiodifusão, parlamentares propõem emenda constitucional que reverta a restrição – e legalize a situação de 51 deputados federais e 28 senadores proprietários de empresas dessa natureza. Pág. 4
Poucos são os juízes que têm o poder de decidir se uma terra será destinada à reforma agrária no Brasil. E, mesmo quando o dinheiro é liberado para a desapropriação, afunila-se ainda mais o caminho que leva à imissão do Incra na posse da área. Pág. 8
Os miseráveis Indústria ameaça camponeses critérios para avaliar a pobreza no Maranhão Limitar as políticas sociais a programas compensatórios focalizados e garantir a transformação dos pobres em consumidores. Essas são as duas medidas a que se restringe o combate à pobreza, segundo a ótica do Banco Mundial. O critério da instituição é simplório: pobre é aquele que vive com menos de dois dólares por dia. Outras dimensões, como acesso à educação e à saúde, não contam – assim como o banco ignora o combate aos geradores da concentração de renda e desigualdade social. Pág. 7
Pág. 5
Na Palestina, exploração e luta popular Pág. 10
Banco Mundial impõe projeto para Amazônia Pág. 13
Marcio Baraldi
O caos toma conta das ruas de Porto Príncipe, no Haiti, após indefinição dos resultados da eleição presidencial
E mais: SUDÃO – Enquanto milícias armadas impõem terror no país africano, governo dos Estados Unidos barra intervenção internacional.
Pág. 12
CINEMA – O diretor Vicente Ferraz fala da produção de um documentário sobre a revolução cubana, injustamente renegado.
Pág. 16