Ano 4 • Número 152
R$ 2,00 São Paulo • De 26 de janeiro a 1º de fevereiro de 2006 Cláudio Silva/Agência Brasil de Fato
MIlhares de ativistas e manifestantes participam da marcha de abertura do 6º Fórum Social Mundial na capital venezuelana, e reafirmam a luta contra o imperialismo e o neoliberalismo
Fórum Social Mundial reflete avanço da esquerda na América Latina Chegada ao poder de governos progressistas estimula a politização do FSM e a integração dos movimentos sociais
M
PSDB insiste em entregar a saúde ao setor privado
sistas na região levará para o encontro a discussão da relação entre movimentos sociais e política institucional. “Esse Fórum é mais político do que o de Porto Alegre” avalia Lander, destacando o fato de o FSM se realizar na
Venezuela. Para os venezuelanos, o contato com milhares de ativistas que se opõem à agenda imperialista impulsiona o processo vivido no país. MALI – O 6º FSM não se limitou a Caracas. Pela primeira
Leonardo Melgarejo
ilhares de pessoas tomaram as ruas de Caracas, dia 24 de janeiro, na marcha que abriu o mais politizado dos Fóruns. Para o sociólogo venezuelano Edgardo Lander, o aumento de governos progres-
Emperra a CPI que investiga as privatizações Tudo indica que a oportunidade surgida com a CPI criada pela Câmara dos Deputados para investigar as privatizações ocorridas no Brasil durante os governos Collor (1990-1992), Itamar (1992-1994) e Fernando Henrique (1995-2002) será desperdiçada, e com ela, a chance de rediscutir o desmonte do setor público. A CPI parece não estar sendo estimulada nem pelo próprio governo, com medo de que a crise ganhe fôlego justamente agora que ela começa passar. Págs. 2 e 7
Sepé Tiaraju – Milhares de pessoas vão se reunir, em São Gabriel (RS), entre os dias 4 a 7 de fevereiro, para lembrar a luta do povo guarani e resgatar a mística do líder indígena, morto em 1756. Pág. 3
E mais: ENTREVISTA – Altemir Tortorelli, da Fetraf-RS, critica o legalismo da Contag e diz que não haverá mudanças sem enfrentamentos na rua. Pág. 13 ARTE NA BAIXADA – A população de Vila Gilda, comunidade que vive nos mangues de Santos (SP), participa de iniciativa a partir da qual crianças e adolescentes são estimulados a se desenvolver por meio de oficinas culturais. Pág. 16
Santiago
Pág. 6
esteja sob domínio de um grupo muito pequeno. Enfrentamos um sistema colonial que priva as nações pobres do direito de escolher nosso modo de vida”, afirmou o economista Samir Amin. Págs. 9, 10 e 11
Com Evo, Bolívia quer mudar
Falta de vagas, atendimento precário. Os hospitais e ambulatórios administrados por organizações sociais, na cidade de São Paulo, têm os mesmos problemas de toda a rede pública. Comprova-se, de novo, a ineficácia da privatização dos serviços de saúde, advogada pela administração do PSDB na cidade e no Estado de São Paulo. Proliferam críticas à gestão tucana por fugir de suas responsabilidades e defender um Estado mínimo. Pág. 4
Extrativistas são expulsos da Amazônia
vez, o evento foi organizado de forma policêntrica. Na africana Bamako, capital de Mali, o encontro terminou dia 23 e reafirmou a autonomia dos países subdesenvolvidos. “É injusto que 75% da população mundial
“Hoje é um dia de festa , porque ontem foi o último dia de medo na Bolívia”. Assim o escritor uruguaio Eduardo Galeano saudou a posse de Evo Morales Ayma como presidente da Bolívia, diante de 100 mil pessoas, dia 22 de janeiro, em La Paz. Ele é o primeiro presidente aymará
em 180 anos de vida republicana no mais indígena dos países sul-americanos, e sua vitória foi vista como um claro clamor por mudanças. A eleição de Evo foi bem recebida em todo o mundo, com a provável exceção dos Estados Unidos. Pág. 12
A ingerência do Banco Mundial na educação
Embraer: EUA vetam vendas para a Venzuela
Dossiê elaborado pela ONG Ação Educativa denuncia a influência negativa que projetos financiados pela instituição em educação tem sobre as políticas de Estado no Brasil e na América Latina. A estratégia é simples: tratar o bem público como um serviço privado a ser adquirido. Pág. 5
Os EUA não deixam por um minuto sequer de mostrar sua face imperialista. Desta vez, proibiu a brasileira Embraer de vender aviões para a Venezuela. Luiz Alberto Moniz Bandeira, professor titular da UnB, diz que o veto é para impedir o fortalecimento do governo Hugo Chávez. Pág. 3
A integração da América do Sul em marcha Os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva (Brasil), Hugo Chávez (Venezuela) e Néstor Kirchner (Argentina) se reuniram em Brasília, no dia 19 de janeiro, para debater o aprofundamento na integração sul-americana. Na ocasião, uma agenda de propostas de acordos nas áreas econômica, social e política foi discutida, abrangendo desde assuntos energéticos até o setor de comunicação televisiva. Na declaração final do encontro, os presidentes saudaram a eleição de Evo Morales na Bolívia. Pág. 8