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Ano 3 • Número 151

R$ 2,00 São Paulo • De 19 a 25 de janeiro de 2006

FÓRUM SOCIAL MUNDIAL

Na Venezuela, a inspiração bolivariana Valter Campanato/ABr.

Cerca de 100 mil pessoas devem avaliar o crescimento das tendências antineoliberais na América Latina

Luta pelo passe livre – Cerca de mil estudantes protestaram, no dia 13, contra o aumento do preço da tarifa de ônibus em Brasília (DF). O valor, que até o final de 2005 era R$ 2,50, subiu para R$ 3, uma elevação de 20%. O Movimento pelo Passe Livre, organizador da manifestação, já anuncia novo protesto para o dia 20, reivindicando redução no preço das passagem e gratuidade para os estudantes

Povo brasileiro pode reaver Vale do Rio Doce

O governo gastou R$ 129 bilhões com o pagamento de juros da dívida, entre novembro de 2004 e o mesmo mês de 2005. Se fossem usados em programas sociais, esses mesmos recursos seriam suficientes, com folga, para comprar cestas básicas de R$ 300, por dois anos, para os 190 milhões de brasileiros. Po-

rém, mesmo usando o dinheiro dos impostos para os credores, o governo não conseguiu reduzir a dívida que, pelo contrário, subiu para R$ 929 bilhões, em novembro de 2005. Enquanto alardeia que pagou a dívida de 15,5 bilhões de dólares com o FMI, o governo esconde o prejuízo causado pe-

los juros altos e pela tomada de novos empréstimos. “O Brasil antecipou o pagamento de uma dívida com juros de 4% ao ano e acelerou a contratação de outra, aumentando seu endividamento em títulos externos, a um custo de 10% ao ano”, afirma Maria Lúcia Fattorelli, da Unafisco. Págs. 8 e 14

Divulgação

Decisão da Justiça Federal abre brecha para reestatizar a Vale do Rio Doce. Em outubro de 2005, a desembargadora Selene Maria de Almeida decidiu que o mérito das ações que pedem a nulidade da privatização, ocorrida em 1997, terá que ser julgado. Assim, o Movimento Reage Brasil rearticula-se denunciando as ilegalidades da privatização. Pág. 3

Lula prioriza gastos com dívida

Governo infla números da reforma agrária

Em São Paulo, a árdua luta por um teto

CIA monitora forças sociais sul-americanas O relatório anual da Agência Central de Inteligência dos Estados Unidos (CIA) de 2005 tem um tom preocupante para os povos da América do Sul. A CIA equipara atores sociais como o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e trabalhadores cocaleiros bolivianos a organizações consideradas “terroristas”. Pág. 9

Bolívia põe ProUni oferece limites em ação vagas em cursos da Petrobras Em visita ao Brasil, o prereprovados sidente boliviano Evo Morales Págs. 2 e 7

Pág. 3

Walden Bello: o papel sujo do Brasil na OMC

Eleição no Chile – A esquerda se dividiu no apoio à presidente eleita, Michelle Bachelet (à direita). Para Tomás Hirsch, do Partido Humanista, Michelle vai “administrar o neoliberalismo” Pág. 11

E mais: AMAZÔNIA – Projeto de Lei de Gestão de Florestas Públicas é ato de coragem do governo. Desagrada latifundiários, madeireiros, grileiros, ambientalistas e sem-terra. Pág. 6 RAP – O músico Happin` Hood fala do papel da cultura como forma de protesto e da importância da música rap nesse contexto. Pág. 16

Militância em formação – Pelo 19º ano consecutivo na PUC, Curso de Verão capacita integrantes de movimentos socias de todo o país Pág. 4

Pág. 10 Márcio Baraldi

Luciney Martins

O ano de 2006 começou com graves violações do direito à moradia. No dia 11, a Justiça de Taboão da Serra determinou o despejo imediato das cerca de 800 famílias do acampamento Chico Mendes. No dia 5, a polícia invadiu, sem ordem judicial, o acampamento Carlos Lamarca, em Osasco, ferindo dez pessoas e prendendo cinco. Pág. 5

M

ovimentos sociais de todo o mundo vão ao Fórum Social Mundial, que começa dia 24, em Caracas, Venezuela, ver a aplicação prática de temas debatidos nas edições anteriores do evento – reforma agrária, cooperativismo, comunicação comunitária e luta antiimperialista estão sendo incorporados à revolução bolivariana. A sexta edição do encontro terá entre seus principais pontos o crescimento do número de governos com plataformas antineoliberais. “A experiência latino-americana vai ser o tema mais quente do evento”, destaca o sociólogo Cândido Grzybowski, do Comitê Internacional do Fórum Social Mundial. Diferentemente dos anos anteriores, o Fórum Social Mundial de 2006 será policêntrico. O primeiro encontro acontece na cidade de Bamako, Mali, na África, de 19 a 23, quando o continente terá, pela primeira vez, a oportunidade de unir as demandas do povo mais gravemente atingido pela globalização neoliberal. Dessa vez, as diversas lutas do continente estarão juntas. Págs. 12 e 13

defendeu a nacionalização dos hidrocarburetos e disse ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva que a companhia petrolífera brasileira “não será dona dos recursos naturais” bolivianos. “Precisamos criar uma economia estável e digna para nosso povo”, defendeu Morales. Pág. 11


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