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Ano 3 • Número 150

R$ 2,00 São Paulo • De 12 a 18 de janeiro de 2006

Haiti: ONU exigia truculência de general

Reforma agrária só na publicidade do governo

Fome – No dia 6, a Organização das Nações Unidas denunciou que seis milhões de habitantes do leste da África podem morrer de inanição devido a uma severa seca, perda de plantações e diminuição dos rebanhos. De acordo com institutos de meteorologia, a tendência é a situação piorar ainda mais até abril João Zinclar

O

comandante da Missão das Nações Unidas para a Estabilização do Haiti (Minustah), Urano Teixeira da Matta Bacellar, sofria constantes pressões de empresários, grupos políticos e até da ONU para realizar ações mais duras na periferia da capital do país, Porto Príncipe. Encontrado morto no hotel onde morava, no dia 7, o general brasileiro se negava a agir com mais truculência. Na noite anterior a sua morte, Bacellar participou de uma tensa reunião sobre o assunto com representantes da Câmara do Comércio e Indústria do Haiti (CCIH) e com integrantes de um conhecido grupo da sociedade civil, supostamente organizado para desestabilizar o presidente Jean-Bertrand Aristide, deposto em fevereiro de 2004. Os interlocutores de Bacellar exigiam uma linha mais dura sob a justificativa de conter a violência. No entanto, organizações de direitos humanos afirmam que o verdadeiro motivo da pressão sobre o comandante da Minustah era a perseguição política aos grupos pró-Aristide. Págs. 2 e 9

FAO

Nações Unidas, empresários e grupo político local cobravam ações do militar na periferia da capital

Enquanto o governo faz propaganda com as metas de assentados, movimentos discordam dos avanços na reforma agrária e dizem que modelo agrícola segue privilegiando o agronegócio. As organizações contam com o apoio indireto do próprio Ipea, ligado ao Ministério do Planejamento, que em relatório afirma que “o realizado até agora ficou muito aquém das expectativas”. Pág. 3

Com Lula, mais indígenas são assassinados

Água continua privatizada na Bolívia Famílias de indígenas bolivianos sobrevivem sem uma gota d’água potável a menos de 100 metros de uma das bases da Águas de Illimaní, controlada pela transnacional Suez em El Alto. Reportagem exclusiva do Brasil de Fato mostra que, apesar dos protestos, os recursos hídricos continuam sob domínio privado na região da capital do país. Movimentos sociais cobram, agora, que Evo Morales cumpra a promessa – já feita por outros presidentes – de retomar o controle público da água em El Alto. Pág. 10

Esperteza – O governo federal aproveitou o apagar das luzes de 2005 para empenhar R$ 457,3 milhões do orçamento, destinados ao início das obras de transposição do Rio São Francisco. Assim, resta aos empreendedores do projeto conseguir cassar, no Supremo Tribunal Federal, duas liminares concedidas pela Justiça Federal da Bahia para poder começar a construção dos canais

Um milhão vêem Direitos de Resposta Pág. 4

Pobreza e preços altos, legado da privatização Pág. 7

Segurança alimentar sob ameaça Pág. 13

Maringoni

O número de indígenas assassinados no Brasil em 2005 é o mais alto dos últimos 11 anos. Pelas contas do Cimi, foram 38 mortes – o que faz com que os três anos do governo Lula apareçam como os mais violentos do período. A média anual de demarcação de terras indígenas também é a menor dos últimos quatro governos. Pág. 6

E mais: ENTREVISTA – O jornalista Gustavo Gindre alerta para os erros do Brasil em abandonar o projeto de desenvolver uma TV digital com tecnologia nacional. Pág. 5 DIVERSIDADE SEXUAL – Brasil é o campeão mundial em crimes de homofobia. A cada 48 horas, uma pessoa é assassinada por ser gay. Pág. 8


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