Ano 3 • Número 149
R$ 2,00 São Paulo • De 5 a 11 de janeiro de 2006 João Zinclar
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Resina, povoado na foz do Rio São Francisco, em Sergipe: modernização do campo empurrou os antigos camponeses meeiros para a pesca e a miséria
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Lula decepciona e pobreza continua
Às margens do Velho Chico, a água que nem chega à casa do povo será desviada para abastecer o agronegócio
Brasil padece por erros de seus governos O país perdeu a chance de construir, à época da Constituição de 1988, um sistema semelhante ao Estado de Bem-Estar Social, implementado por países europeus após a 2ª Guerra Mundial. Esse é o cerne da tese defendida pelo economista Eduardo Fagnani, da Universidade de Campinas, para quem, como resultado da escolha de seus governantes, o país só vive para pagar os juros de sua dívida. O que o Brasil paga de juros, em três dias, é o mesmo que gasta em um ano com reforma agrária. Pág. 8
Dívida externa: ilegal, injusta e impagável
Maringoni
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le confessa sua decepção, dois meses depois de passar 11 dias em jejum total, só tomando a água do Rio São Francisco. Frei Luiz Flávio Cappio, bispo da Diocese da Barra (BA), chamou a atenção do país, em outubro de 2005, contra a transposição do rio. O bispo interrompeu a greve de fome sob a promessa do presidente Lula, reiterada em encontro que tiveram no dia 15 de dezembro, de realizar um amplo debate sobre o projeto – o que não está acontecendo. Em entrevista exclusiva ao Brasil de Fato, frei Luiz diz que a transposição das águas do Velho Chico não levarão desenvolvimento para a população pobre do Semi-Árido. Nesta edição, um ensaio fotográfico de João Zinclar feito ao longo do rio comprova que, mesmo onde há abundância de água, são péssimas as condições econômicas e sociais dos ribeirinhos. Na região da foz, a população não tem água encanada nem energia elétrica. Págs. 3, 4 e 5
A dívida externa dos países do Terceiro Mundo é um instrumento de dominação política dos países ricos. Para o ativista francês Damien Millet, os governos dos países pobres devem parar de pagar os credores internacionais. Pág. 11
Relatora da ONU aponta repressão a movimentos Em visita ao Brasil, a relatora das Nações Unidas para Defensores de Direitos Humanos, Hina Jilani, criticou o crescente processo de criminalização dos militantes do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB). Pág. 6
Independência da Argélia, uma lição atual Pág. 12
Avança diálogo entre bascos e espanhóis Pág. 13
Chico César inaugura nova fase Pág. 16
Alienação dos estadunidenses fortalece Bush Os Estados Unidos estão cada vez mais próximos de se tornarem uma ditadura, pois seguem tomando medidas restritivas às liberdades civis, como a proibição de manifestações a menos de cinco quilômetros do presidente. A política fascista do governo Bush se mantém devido à alienação de seus cidadãos, que preferem ver esporte na televisão a discutir os rumos do país. Os autores de tal análise são dois estadunidenses, o advogado Jeffrey Frank e o geógrafo Richard Peet. Págs. 9 e 10
E mais: IMPERIALISMO – Escândalos envolvendo o governo dos Estados Unidos reforçam a sensação de esgotamento do prestígio de George W. Bush e aumentam o poder dos movimentos sociais. Pág. 14 LITERATURA – Novas escritoras rompem o esquema machista que marca a literatura brasileira. Pág. 15
Capital externo avança sobre o setor bancário Nos últimos 15 anos, a abertura do mercado financeiro nacional e a política de liquidação dos principais bancos estaduais estão promovendo uma desnacionalização do setor no Brasil. Nesse período, a participação de instituições estrangeiras no total de ativos bancários subiu de 6% para 27%. São R$ 107 bilhões, o equivalente a 18% do PIB brasileiro. O prometido investimento no mercado local nunca chega e, em geral, esse processo resulta no fechamento de agências e demissão de pessoal. Pág. 7