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Ano 3 • Número 138

R$ 2,00 São Paulo • De 20 a 26 de outubro de 2005

EUA e europeus blefam na OMC O

ministro Antônio Palocci costura a rendição do G-20, e do Brasil, na Organização Mundial do Comércio (OMC), ao buscar apoio para reduzir de 35% para 10,5% as tarifas brasileiras sobre os produtos industriais importados – um desastre para o parque fabril nacional e a geração de empregos. Ótimo para os países ricos, que querem abertura dos mercados para os seus produtos, de preferência, sem contrapartidas. Assim, Palocci já acenou com o fim da exigência de decreto presidencial para permitir acesso de bancos estrangeiros ao país, e a abertura do setor de resseguros. De seu lado, EUA e União Européia (UE) propõem cortes de 60% nos subsídios agrícolas. Pura trapaça: ambos registraram na OMC valores muito acima do que, de fato, desembolsam. A UE pode conceder até 67,2 bilhões de euros, mas subsidia 24 bilhões. Portanto, a redução não passaria de 5%. Já os EUA estão autorizados a subsidiar 19 bilhões de dólares, mas pagam 11,4 bilhões. Corte de meros 5% em relação aos 18,140 bilhões de dólares gastos na safra 2004/2005. Págs. 7 e 11

Michael Kamber/NYT/AE

Promessa de cortar subsídios é falsa, mas Palocci está disposto a abrir o mercado em troca de quase nada

Eleições livres – Simpatizantes do candidato presidencial George Weah, ex-jogador de futebol, festejam pelas ruas de Monróvia (Libéria) a vitória de 11 de outubro

Mídia racista ignora a África real

Petróleo: governo leiloa futuro do país

Encontro Internacional ÁfricaBrasil – Igualdade Racial: um Desafio Para a Mídia, realizado em São Paulo. Eles discutiram a omissão e o racismo da im-

prensa ao tratar temas ligados aos negros e à África, trocaram experiências e estabeleceram medidas de cooperação. Págs. 13 e 14

Tasso Marcelo/AE

Até o dia 18, a União arrecadou R$ 1,08 bilhão na sétima rodada de leilões de bacias petrolíferas. É menos de 1% do que o país pagou com juros da dívida este ano, em troca de um recurso estratégico. A medida escancara a falta de projeto de nação do governo Lula. Enquanto isso, o preço do petróleo dispara e as exportações decorrentes dos leilões acabarão com a reserva brasileira do insumo. Pág. 5

Mais de 600 educadores, professores e profissionais de comunicação do Brasil e de nove países da África fizeram história entre os dias 14 e 16, durante o

Relator da ONU constata descaso com indígenas Ativistas de direitos humanos e lideranças indígenas denunciaram o Estado brasileiro ao relator da Organização das Nações Unidas Doudou Diène, que iniciou uma viagem pelo Brasil. Dia 17, o cacique do povo Krahô-Kanela relatou o sofrimento de 96 pessoas que, há dois anos, vivem confinadas em uma casa de 100 metros quadrados, em Gurupi (TO); 80% delas estão infectadas por verminose. Pág. 3

Fraudes no referendo sobre Carta do Iraque

Globalização solidária na América Latina

O referendo da Constituição iraquiana, realizado dia 15, está sob suspeita de fraude. O diretor da Comissão Eleitoral ordenou a recontagem dos votos apurados, pois desconfiou dos resultados que indicavam vitória esmagadora da aprovação da Carta. Dia 13, funcionários estadunidenses se reuniram com lideranças contrárias ao documento que, após o encontro, mudaram radicalmente sua posição. Pág. 11

Processo irreversível, na opinião do cientista político Atílio Boron, a globalização não precisa obedecer à lógica mercantilista. É possível, segundo ele, uma alternativa solidária que preserve o ambiente e os direitos sociais. Um exemplo é a proposta de comércio internacional do presidente venezuelano Hugo Chávez, com quem os países da América Latina deveriam estreitar laços, diz Boron. Pág. 10

E mais: PT – Em vez de clarear a situação, resultado das eleições internas do partido segue dividindo a esquerda. Pág. 5 CHINA – Em entrevista ao Brasil de Fato, o pesquisador Gao Xian explica o que considera “a primeira etapa do socialimo chinês”. Pág. 12

No Rio de Janeiro, sindicalistas repudiam a sétima rodada de licitação dos blocos de petróleo

Sem-terrinha querem escola no campo Pág. 3

Começa jornada Povo mineiro por comunicação discute projeto democrática para o Brasil Pág. 4

Pág. 3

Violas afinadas com as raízes da cultura popular

Pobres votam “sim” no referendo

Arte e resistência estiveram em sintonia no palco do 3º Encontro Nacional dos Violeiros, realizado em Ribeirão Preto (SP), dias 14 e 15. Cerca de 3 mil pessoas participaram da festa, que foi animada por mais de 70 violeiros de todo o país. Além de preservar a cultura popular, o encontro defendeu o direito à terra e repudiou o agronegócio. Pág. 16

Os brasileiros estão divididos entre o “sim” e o “não” no referendo que vai decidir sobre a proibição da venda de armas e munição no país, dia 23. Pesquisa mostra que, do lado do “não”, estão os mais ricos. Os pobres, maiores vítimas das armas de fogo no Brasil, pedem o “sim”. Todo ano, quase 40 mil brasileiros são assassinados com armas de fogo. A maioria vive em favelas. Pág. 8


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