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Ano 3 • Número 131

R$ 2,00 São Paulo • De 1º a 7 de setembro de 2005

No dia 7, um Grito pelas ruas do país E

m meio à crise, movimentos sociais anunciam a manifestação do Grito dos Excluídos, em 7 de setembro, com uma novidade. Além dos tradicionais protestos contra a exclusão e pela mudança da política econômica, as organizações vão defender a criação de mecanismos de democracia direta para o povo participar na definição dos rumos do país. “Temos de reagir, mesmo que a política esteja irremediavelmente contaminada pela corrupção”, diz dom Demétrio Valentini. Os movimentos vão divulgar também o manifesto “Em defesa do povo brasileiro”, convocando a sociedade a se mobilizar. Elite – Enquanto isso, os conservadores aproveitam os deslizes do governo Lula e do PT para tripudiar. “A gente vai se ver livre desta raça por 30 anos”, disse o senador Jorge Bornhausen (PFL-SC). Quem respondeu foi Emir Sader: “Bornhausen é uma das pessoas mais repulsivas da burguesia brasileira, que revela agora todo o seu racismo e seu ódio ao povo brasileiro”. Págs. 2, 3 e 5

Anderson Barbosa

Diante da crise, movimentos sociais propõem a organização do povo e a criação de mecanismos de democracia direta

Desde 16 de agosto, 79 famílias sem-teto vivem acampadas nas ruas da capital paulista, após despejo violento feito pela Polícia Militar de São Paulo

Lula precisa mudar, diz Niemeyer

Empresas lucram mais e pagam menos impostos

dade de acabar seu mandato de modo digno. A avaliação é do arquiteto e militante comunista Oscar Niemeyer, de 97 anos. Em entrevista exclusiva ao Brasil de Fato, diz que não perdeu

a esperança. “Se eu fosse jovem, em vez de fazer arquitetura, gostaria de estar na rua protestando contra este mundo de merda em que vivemos”, afirma. Pág. 8

Jean Ayssi/ AFP/ Folha Imagem

Todos reclamam da alta carga tributária no país – chega a 36% do PIB. O assalariado tem razão, já que trabalha um terço do ano só para pagar impostos e, na hora de declarar imposto de renda, seus abatimentos são pífios. Outras são as regras do fisco para as empresas. No primeiro semestre, os lucros das empresas aumentaram a uma taxa quatro vezes maior do que os impostos e as contribuições que recolheram. Pág. 7

O governo de Luiz Inácio Lula da Silva é ruim. Agora, com a crise que o assola, ele tem que cumprir as promessas que fez, como distribuição de renda. É sua última oportuni-

Venezuela propõe agenda social para o continente O governo venezuelano emplacou na pauta da Organização dos Estados Americanos (OEA) uma proposta diretamente relacionada com o interesse dos 100 milhões de miseráveis do continente. À revelia dos Estados Unidos, delegados de 34 países discutiram a proposta da Carta Social na Reunião Ministerial da OEA, em Caracas, que estabelece metas aos países membros, como a redução da desigualdade social e dos índices de pobreza. Pág. 9

A política colonizada pelo mercado

Primeira escola latino-americana de agroecologia

“A política econômica é técnica, e não política. Isso mostra um fortalecimento do Estado”, disse o ministro da Fazenda, Antônio Palocci, durante entrevista coletiva em que respondia às acusações de corrupção. Para o economista Paulo Nogueira Batista Júnior, essa visão do ministro evidencia um estelionato eleitoral: “Não foi isso que disseram aos eleitores em 2002”. Pág. 4

Camponeses de toda a América Latina vão poder trocar conhecimentos sobre sementes e técnicas agrícolas. A rede vai ser organizada pela Escola Latino-Americana de Agroecologia, inaugurada dia 27 de agosto, em Lapa (PR). Pioneira, a instituição é resultado de parceria entre os governos da Venezuela e do Estado do Paraná, Via Campesina Internacional e Universidade Federal do Paraná (UFPR). Pág. 15

TELEFONIA – Os preços cobrados pelas operadoras comprometem 32% do orçamento familiar. Uma CPI pode investigar a privatização do setor. Pág. 6 EQUADOR – Na luta contra transnacionais do petróleo e pela defesa dos recursos naturais do país, comunidades obtêm vitória parcial. Pág. 10

Constituição do Tuberculose tem Iraque acirra cura, mas mata conflito étnico milhões na África Pág. 11

No Maranhão, comunidade luta contra a Vale Os moradores da Ilha dos Cachorros (MA) estão resistindo à implantação de um pólo siderúrgico gigantesco na Ilha de São Luís. Parceria entre Companhia Vale do Rio Doce, governo do Estado, prefeitura de São Luís e transnacionais, o projeto pretende transformar a região em zona industrial, desalojando cerca de 15 mil pessoas e causando danos ambientais. Pág. 13

Pág. 12

Super-Receita, uma rasteira na Previdência Pág. 14

Marcio Baraldi

E mais:

Na França, filhos de imigrantes prestam homenagem às vítimas de incêndio em albergue, em Paris

Conservatória atrai saudosos da serenata

Em Brasília, organizações sociais reivindicam a inclusão das creches no Fundo de Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb), em discussão no Congresso

A serenata, o canto sob o sereno, resiste bravamente ao tempo em Conservatória (RJ). Todo fim de semana, seresteiros e seresteiras caminham lentamente pelas ruas, cantando canções de amor. No dia 27 de agosto, milhares de visitantes lotaram os hotéis e pousadas do lugar para prestigiar o Encontro de Seresteiros, a união entre os músicos de fora e os locais. Pág. 16


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