Ano 3 • Número 129
R$ 2,00 São Paulo • De 18 a 24 de agosto de 2005
Protestos em Brasília exigem mudanças Movimentos sociais fazem uma série de mobilizações contra rumos da economia e por reforma política João Zinclar
Oposição quer a sangria lenta do presidente Lula
Yoav Lemmer/ AFP/ Folha Imagem
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ilhares de pessoas foram às ruas de Brasília, entre os dias 15 e 17, para protestar contra os rumos do governo, reivindicar mudanças na política econômica, exigir apuração das denúncias de corrupção e punição dos culpados. Marchas organizadas por movimentos dos sem-terra, sem-teto, estudantes e partidos de esquerda levaram ao Palácio do Planalto sugestões de medidas concretas – como o financiamento público e exclusivo de campanhas eleitorais, proposto pela Coordenação dos Movimentos Sociais (CMS). “Precisamos de investimentos nas áreas sociais e em infra-estrutura”, acrescentou João Felício, presidente nacional da Central Única dos Trabalhadores (CUT). “O povo brasileiro começou a debater e a se pronunciar oficialmente sobre a crise”, afirmou João Paulo Rodrigues, da direção do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). Mas, ao receber representantes dos manifestantes, dia 16, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva não deu qualquer sinal de que haverá mudança. Págs. 2 e 3
Aos poucos, a tese do impeachment do presidente Lula perde força. Em reunião, seis partidos de oposição decidiram que não vão levar adiante essa possibilidade, pelo menos no momento. Enquanto isso, Lula se diz satisfeito com a economia. Melhor para os bancos, como o Bradesco, que teve lucro recorde. Pior para o povo, que fica sem um reajuste maior para o salário-mínimo. Pág. 4
Em Brasília, cerca de 20 mil sindicalistas, estudantes e integrantes de movimentos sociais protestam contra a corrupção e a desestabilização do governo
Mesmo evacuando Gaza, Sharon mantém ocupação O primeiro-ministro israelense, Ariel Sharon, ordenou a retirada das 21 colônias de Gaza, território palestino. A evacuação ocorreu de 14 a 17 de agosto, foi apoiada pela maioria da população, mas gerou protestos de judeus ortodoxos e da extrema-direita de Israel. Apesar de
apoiada pela comunidade internacional, a retirada não significa o fim da ocupação da Palestina, que dura desde 1967, já que Sharon autorizou a construção de novas colônias na Cisjordânia, reforçando a presença em território palestino. Pág. 11
Jovens constroem redes contra o imperialismo Os milhares de jovens que ocuparam Caracas no 16º Festival Mundial da Juventude vão criar redes para denunciar as ações dos Estados Unidos no mundo. A principal atividade do encontro foi o Tribunal Antiimperialista que ouviu as vítimas das políticas estadunidenses, como os atingidos pela bomba atômica lançada em Hiroshima. Pág. 9
O balanço do governo feito por candidatos à direção do PT contrários à ala majoritária nas próximas eleições é negativo, embora avaliem que houve aspectos positivos, como a política externa. Para Valter Pomar, da Articulação de Esquerda, a política econômica é criticável, mas mudá-la, agora, é perigoso. Ele acredita que o PT pode empurrar o governo para a esquerda. Para Raul Pont, da Democracia Socialista, o governo é refém da lógica neoliberal e perdeu a identidade petista. Págs. 7 e 8
CNBB defende Condenação participação do dos cubanos é povo na política anulada nos EUA Pág. 5
Pág. 10
E mais:
Fábio Mallart
Mudar a direção do PT vai mudar o governo?
Israelenses iniciam retirada dos moradores de colônias em Gaza, na Palestina
PERSEGUIÇÃO – Três trabalhadores sem-terra estão presos, em Itarema (CE), acusados por “motivações ideológicas”, diz a advogada. Pág. 5 ECONOMIA – Estados do Sul cobram a União compensação por perdas de receita com a Lei Kandir. Pág. 6 EXPLORAÇÃO – Em julho, dois cortadores de cana morreram enquanto trabalhavam em Guariba (SP). Pág. 13
Polícia Militar de São Paulo age com truculência em despejo de sem-teto na capital paulista