Ano 3 • Número 128
R$ 2,00
Mídia prepara caminho para derrubar Lula
Nama
São Paulo • De 11 a 17 de agosto de 2005
Aproveitando-se da fragilidade do governo, a grande imprensa fomenta crise e cria clima para forçar impedimento do presidente
N
o ataque mais frontal ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, promovido pela grande mídia, a revista Veja tenta reeditar o processo de impeachment de Fernando Collor de Mello há 13 anos. Investindo em uma eventual mobilização da classe média, a revista do dia 10 de agosto traz na capa um Lula diminuto, sobre um fundo preto de luto, com seu nome grifado com os dois eles, em verde e amarelo, associando-o a Collor. A capa é o ápice de uma seqüência de edições com manchetes idênticas às da época. Se não houver adesão à idéia, “Veja entrou num caminho sem retorno”, de acordo com Venício Lima, da Universidade de Brasília. A tese
da busca desenfreada da mídia pelo impeachment de Lula já foi verbalizada por Delúbio Soares. À época, ele citou a revista Veja, o Estadão e a Folha de S.Paulo como os seus principais artífices. No cargo de vice-presidente de Finanças do Grupo Abril está um homem de confiança de FHC: o ex-presidente da Caixa Econômica Federal durante seu mandato, Emílio Carazzai. Reforma política – A consolidação democrática implica o livre acesso à informação e a plena liberdade de manifestação. Por isso o Brasil precisa de uma reforma política que combata a concentração da mídia e promova políticas públicas para a comunicação. Págs. 2 e 3
Jovens do mundo se inspiram na Venezuela bolivariana
Fábricas são viabilizadas por trabalhadores Após assumir o controle, há três anos, de cinco fábricas do setor de plásticos à beira da falência, trabalhadores conseguem recuperar a produção e manter seus empregos dentro de uma perspectiva de viabilidade econômica. Apesar dos obstáculos, como dívidas com o governo, a cada dia os trabalhadores estão mais dispostos a resistir. Em junho, comemoraram a suspensão de leilões e penhoras de faturamento por parte da Fazenda Federal e da Previdência Social. Pág. 5
Nova estratégia da luta zapatista no México O Exército Zapatista de Libertação Nacional (EZLN) começou a colocar em prática sua nova estratégia, anunciada em julho na Sexta Declaração da Selva Lancadona. Desde o início do mês de agosto, o subcomandante Marcos e outros rebeldes zapatistas estão fazendo reuniões com líderes de agremiações de esquerda e movimentos sociais mexicanos para formar uma frente nacional capaz de propor uma constituição popular. No primeiro encontro, o líder zapatista esclareceu: “Queremos unir nossas lutas com as dos trabalhadores e dos camponeses”. Pág. 10
em 1947, o festival não alterou muito sua pauta: no primeiro encontro os jovens repudiaram o imperialismo e o uso da bomba atômica pelos Estados Unidos; hoje fazem oposição à política belicista e intervencionista de George W. Bush. Pág. 9
Em Caracas, capital da Venezuela, 15 mil jovens de dezenas de países debatem alternativas ao neoliberalismo
Economia sem fôlego para retomada
João Zinclar
Mais de 15 mil jovens estão em Caracas para o 16º Festival Mundial da Juventude, que começou dia 8 e segue até o dia 15. “Vamos construir o socialismo do século 21”, disse o presidente venezuelano, Hugo Chávez, aos delegados de dezenas de países no discurso de abertura. Criado
No Pontal do Paranapanema (SP), mil famílias de trabalhadores rurais ocupam um dos maiores latifúndios da região
Mil famílias ocupam terra em São Paulo Pág. 4
Plano Blair contra direitos humanos Pág. 11
Teatro como agente de transformação A atriz paranaense Denise Stoklos, que faz de sua arte uma profissão de fé, diz que o teatro pode ser um instrumento de transformação da sociedade. Por meio do seu “teatro essencial”, apresenta ao público a realidade como ela é e promove uma ruptura com o teatro comercial, que propõe a preservação das injustiças. “Não são mais necessários fuzis e canhões. A tática agora é outra: quanto mais mudarmos o pequeno espaço onde estamos, mais mudaremos a sociedade”, defende a autora de textos que contestam um sistema que “legitima a inércia social”. Pág. 16
Os primeiros dados de julho indicam que a economia entrou numa gangorra, alternando alta relativa e desaquecimento, de um lado influenciada pelo avanço das exportações e da oferta de crédito ao consumidor, e, de outro, pelo fraco desempenho da renda e do emprego. Ao contrário do que sugere a equipe econômica, não há fôlego para a retomada sustentada. Os juros continuam nas nuvens e o aperto nos investimentos públicos se agravou no primeiro semestre. Pág. 7
E mais: INSS – Em greve há mais de dois meses, servidores têm defasagem salarial de 150%, desde o governo Fernando Henrique Cardoso. Pág. 4 FUMO – No RS, agricultores trabalham para converter lavouras de fumo em produção agroecológica. Pág. 6 PATENTES – Monsanto quer patentear criação de porcos e cobrar royalties pelos animais reproduzidos; Lei de Patentes do Brasil proíbe. Pág. 13