Ano 3 • Número 127
R$ 2,00 São Paulo • De 4 a 10 de agosto de 2005
O PT ainda tem salvação?
Na marra, Bush aprova o tratado com América Central Em votação marcada por falcatruas, o Congresso dos Estados Unidos aprovou o Acordo de Livre Comércio com a América Central e a República Dominicana (Cafta-DR). O presidente George W. Bush montou um esque-
ma de pressões e ameaças para deputados ratificarem o tratado. Para Anuradha Mittal, do Instituto Oakland, a interferência de Bush desgastou sua imagem na opinião pública. Pág. 9
Doações de empresas são investimentos
Novos ministros de Lula já são alvo de críticas
A prática paralela de doações de dinheiro não declarado para financiamento de campanhas políticas – o caixa dois – é tão nociva quanto a do caixa um, hoje permitida por lei. A lógica é a mesma, já que empresas capitalistas não fazem doações, mas investimentos. Visto como solução, o financiamento público não acabaria com o caixa dois, segundo Claudio Weber Abramo, diretor da Transparência Brasil, mas estimularia doações de pequeno porte de pessoas físicas. Pág. 3
A crise política contribuiu para o ministério de Lula caminhar ainda mais à direita. No Ministério das Cidades, o nome de Marcio Fortes encontra resistência dos movimentos sociais, que temem um recuo nas políticas urbanas devido ao histórico do PP, ao qual é ligado. Nas Comunicações, Hélio Costa (PMDB) já gerou polêmica com suas declarações acerca do Sistema Brasileiro de Televisão Digital e da Lei Geral de Comunicação de Massa, entre outros temas. Pág. 6
Repressão avança sobre a Europa
Rejeição francesa freia neoliberalismo
Pág. 11
Pág. 15
O mundo pode Kaingang cantam cair. A política para espantar de Palocci, não o esquecimento Pode estar se armando mais um golpe contra a maioria do povo brasileiro. É um movimento que tenta articular barões da indústria, banqueiros, economistas e políticos conservadores para preservar a política de arrocho e ampliar o corte de gastos públicos, liquidando com as chances de recuperação da economia. Pág. 7
Está sendo lançado o CD Vozes Kaingang na Aldeia Grande, fruto de um projeto de reunir cantos e ritmos tradicionais dos velhos kaingang para ajudar a preservar sua língua e sua cultura junto às novas gerações, já que este povo indígena perdeu muito de sua identidade na aculturação a que foi submetido. Pág. 16
Christiane Campos
Em Seul, movimentos sociais pedem a saída das tropas militares sul-coreanas do Iraque; a Coréia do Sul é o terceiro país com o maior número de soldados
Sem-terra em Eldorado do Sul (RS) ocupam e produzem em fazenda antes utilizada para tráfico internacional de drogas
Ruralistas defendem terra do tráfico A Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul), entidade representativa de fazendeiros, quer impedir o Incra de realizar a vistoria em uma propriedade que possui indícios Marcio Baraldi
O
pano de fundo da crise do PT – e, por extensão, do governo – são os desvios ideológicos de sua cúpula. É desta forma que o advogado e militante histórico Plinio Arruda Sampaio compreende esse momento crucial para o futuro da legenda. “Ao optar por ser uma máquina eleitoral, a partir de 1995, o PT não podia ter mais a democracia de base que possuía antigamente”, analisa Sampaio, em entrevista exclusiva ao Brasil de Fato. Ao se candidatar à presidência do partido, o advogado diz que faz uma aposta: “Dado o apoio e a esperança que o PT despertou, vale a pena fazer um investimento no partido”. Sua proposta é justamente desmontar essa estrutura partidária centralizada, contrapondo-a a um reencontro com a militância petista, a partir das consultas constantes aos núcleos de base. Mesmo assim, Sampaio não superdimensiona a importância do PT. “Nenhum partido é sagrado. Se amanhã, de fato, o PT não for corrigível, vamos ter de construir outro instrumento. O povo vai procurar isso”, diz. Págs. 4 e 5
Jung Yeon-Je/ AFP/ Folha Imagem
Para Plinio Arruda Sampaio, fundador do partido, a história de 25 anos da legenda autoriza uma aposta
de ligação com o tráfico internacional de drogas, na região metropolitana de Porto Alegre. Um inquérito policial aponta que a fazenda seria utilizada para lavagem de dinheiro. O argu-
mento dos latifundiários é uma medida provisória editada por FHC e mantida pelo presidente Lula que prorroga as vistorias em áreas ocupadas. Pág. 8
E mais: LIVRE-COMÉRCIO – Para evitar surpresas, manifestações tomaram Genebra (Suíça) durante a reunião da OMC, no fim de julho. Pág. 9 ENTREVISTA – O ativista Michel Collon denuncia estratégia dos EUA para fazer do Irã um novo Iraque. Pág. 10 SUDÃO – População protesta por suspeitar que as autoridades agiram contra Jahn Garang, vice-presidente do país, morto em acidente aéreo. Pág. 14