Ano 3 • Número 126
R$ 2,00 São Paulo • De 28 de julho a 3 de agosto de 2005
Em crise, esquerda busca novos rumos Daniel Casso
Dirigentes analisam o governo Lula e o PT e concordam que é preciso reconstruir um instrumento de luta política
No Rio Grande do Sul, trabalhadores sem-terra ocupam Fazenda Cabanha Dragão, acusada de lavagem de dinheiro do tráfico internacional de drogas
Telesul, a revolução está no ar A data não poderia ser mais propícia. No dia 24 de julho, quando se comemora o nascimento do libertador Simón Bolívar, os governos da Argentina, Cuba, Venezuela e Uruguai lançaram a Telesul – um novo canal de televisão que promete romper com o monopólio dos grupos
de comunicação no continente. Impulsionada por Hugo Chávez, a Telesul terá programas bilíngües (em português e espanhol) e abrirá espaço para os movimentos sociais da América Latina divulgarem suas lutas. No Brasil, o lançamento da Telesul foi acompanhado com festa e
Na Bolívia, o presidente contraria o povo
A instabilidade provocada pelas denúncias de corrupção é uma chance de ouro para a sociedade brasileira desencadear uma reforma das instituições de poder e eliminar as relações viciosas e promíscuas das estru-
turas de governo, uma fábrica de crises. O sucesso depende de amplo debate de propostas como ampliação da participação popular, fim do Senado e da reeleição. Pág. 8
Mídia mente e procura incriminar Abong
Quem ganha menos, paga mais impostos
Uma decisão irresponsável para o petróleo Pág. 13
Por uma cultura popular livre do mercado Pág. 16
Foi um foguetório em torno de uma reforma tributária que não mudou o caráter regressivo e excludente da política fiscal. Estudo do Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário mostra que os impostos sobre o consumo de alimentos representam 27% do custo final da alimentação. Mas quem ganha R$ 100 mil, gasta até 5% em comida; quem recebe R$ 300, gasta até 60% . Como a tributação é a mesma, quem ganha menos recolhe proporcionalmente mais impostos. Pág. 7
Rafael Bavaresco
IGREJA – A reafirmação da necessidade de transformações foi o encaminhamento do 11º Encontro das Comunidades Eclesiais de Base, que reuniu mais de 3 mil pessoas. Pág. 4
Boa oportunidade para fazer uma reforma política
Pág. 3
O novo presidente da Bolívia, Eduardo Rodríguez, tomou nos últimos dias duas decisões contrárias às reivindicações de seu povo. Anunciou que não romperá o contrato com a transnacional francesa Águas de Illimani, pedindo a retomada das negociações para uma retirada consensual da concessionária, e autorizou o país a participar oficialmente das negociações do Tratado de Livre Comércio Andino, que está sendo discutido entre os EUA e os países da região. Pág. 10
E mais:
samba da escola Vila Isabel. Na Bolívia, jornalistas aplaudiram a iniciativa, com entusiasmo. Um sinal de que a iniciativa incomoda é que os deputados dos EUA já aprovaram algumas ações contra a Telesul, mesmo controlando a mídia na Venezuela. Pág. 9
A
crise do governo e do Partido dos Trabalhadores (PT) abrem uma oportunidade: a reconstrução da esquerda brasileira. Sobre isso, dez dirigentes políticos, de diversas correntes da esquerda, concordam. Em entrevista ao Brasil de Fato, dizem que têm que tomar para si essa responsabilidade. Mas discordam sobre os caminhos da reconstrução. Os entrevistados da esquerda do PT consideram que se deve lutar dentro do partido, sobretudo para definir uma nova direção. Acreditam que o PT pode ser transformado e voltar a ser um instrumento de luta. Outros dirigentes, no entanto, afirmam que se deve abandonar o PT, cujo ciclo estaria esgotado. Em um ponto, a concordância é geral: a política econômica é um desastre para os pobres. E beneficia os investidores internacionais, que ignoram solenemente a crise política porque confiam às cegas na política econômica conduzida por Palocci-Meirelles. Págs. 2, 3 e 4
SAÚDE E TRABALHO – Além de mal remunerados, agricultores das lavouras de fumo no Brasil são expostos a condições insalubres, que chegam a provocar mortes. Pág. 6 CHILE – Deputados apontam em relatório que país perdeu, com as privatizações de estatais durante a ditadura de Augusto Pinochet, cerca de 2,5 bilhões de dólares. Pág. 10
Em São Luís do Maranhão, movimentos sociais cobram, dia 25 de julho, Dia do Agricultor, mudanças na política econômica do governo Lula